Segunda-feira, 3 de outubro de 2022 - 10h22
Usei a imagem da poetisa goiana, Coral Coralina, para
ilustrar esse artigo porque ela mesma se autodenominava: “a velha, da casa
velha da ponte”. Ela teve seu primeiro livro de poesias publicado em 1965,
quando tinha quase 67 anos, apesar de escrever desde os 14. Cora Coralina
sofreu algum tipo de preconceito pela idade? Não. Ao contrário suas
experiências de vida foram transformadas em lindos poemas e ela é considerada
uma das mais importantes escritoras brasileiras.
Mas, o que ela tem a ver com etarismo, o idadismo e o
aismo, mesmo? Ela é o exemplo de que a idade não deveria ser um empecilho para
o desempenho profissional de uma pessoa, ou mesmo o isolamento social e
familiar dos nossos idosos.
O etarismo também chamado
ageísmo é a
discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Esse preconceito se manifesta através de diferentes
maneiras de abordagem ao idoso, como piadas, infantilização e atitudes de
exclusão. Aquela expressão que falamos na brincadeira ou não: “você não tem
idade para isso mais, fulano!”.
O
idadismo tem o mesmo sentido é a expressão mais utilizada pela OMS – Organização Mundial da Saúde que
em um relatório sobre o tema, nesse ano especificou:
O idadismo surge quando a
idade é usada para categorizar e dividir as pessoas por atributos que causam
danos, desvantagens ou injustiças, e minam a solidariedade Inter geracional. O
idadismo prejudica a nossa saúde e o bem-estar e constitui um grande obstáculo
à formulação de políticas e ações eficazes em envelhecimento saudável, como foi
reconhecido pelos Estados-Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) na
Estratégia Global e No Plano de Ação sobre Envelhecimento e Saúde, e na Década
do Envelhecimento Saudável (2021-2030).
Criei um
Podcast, o Vivicast: Sistematizando a VIDA, no último final de semana e o
primeiro tema abordado foi esse, do preconceito da idade, por ser 1º de outubro
– Dia Internacional do Idoso. Compartilhando uma experiência que tive durante
uma entrevista de emprego, onde surgiu a pergunta: qual a sua idade –
desnecessária, pois ela estava no currículo vitae, eu entendi bem o que estava
em jogo. Uma mulher de 47 anos concorrendo a uma vaga de analista de conteúdo,
função ligada à comunicação digital, ocupada por jovens de no máximo 25 anos...
Nesse
caso vem à questão geracional citada no relatório da OMS. Este implícito que eu
da geração X, dos indivíduos nascidos entre meados da década de 1960 e o início
da década de 1980, ou seja, durante os anos que se seguiram ao baby boom do
pós-guerra, não esteja inserido nesse mundo digital da geração Y. Essa
também chamada geração do milênio, geração da internet, ou milênicos é um
conceito em Sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da
década de 1980 até, aproximadamente, o final do século.
Entretanto,
essa que vos escreve tem dois filhos da geração Y, da primeira fase, uma de 27
anos e um de 17 anos, totalmente millenium, mesmo que não aceite essa denominação.
Vamos dizer que o corpo de 17 abriga a alma de um centenário!
Quando
comecei a trabalhar no jornal “O Estadão do Norte”, aos 19 anos tive o
privilégio de ingressar já no jornalismo informatizado, com uma redação na nova
era digital da Comunicação. Saí da máquina elétrica para um PC e para
manuseá-lo fomos capacitados numa parceria do jornal com o SENAC/RO.
Entonces... Eu tive um pezinho à frente sempre.
Casei com
um profissional da TI, da área de segurança em redes, outro ponto favorável que
não vai expresso no currículo. Atuei 10 anos em uma estatal informatizada onde
recebia cursos de capacitação em todas as áreas desde a gestão, a comunicação,
a internet das coisas...
Tudo isso
me torna uma especialista de conteúdo? Não, certamente! No entanto, eu sou
filha única, criada para buscar minhas, afinal minha mãe uma mineira me ensinou
que nada cai do céu. “Pra oportunidade cair do céu, você precisa ao menos
rezar, né!”.
Nos dois
anos da Pandemia para não pirar resolvi aprender algo e a comunicação digital
foi uma escolha bem óbvia pela profissão que desempenho há quase 30 anos. Criei
Reels, editei vídeos no Capcut, Inshot - a experiência de jornalista
de televisão ajudou bastante; participei dos tais desafios do instagram para
entender o motivo de um vídeo alcançar os milhões em horas e outros estagnarem
nas 20 visualizações...
A
experiência me motivou a gravar o episódio para o Vivicast e ao divulga-lo tive
um retorno inesperado, o compartilhamento de experiências semelhantes, muitas
piores do que ocorreu comigo!
São
pessoas concursadas ou em empresas privadas sofrendo etarismo sem o menor apoio
ou proteção de gestores. Até porque na maioria dos relatos, os próprios chefes
discriminam e os colocam em atividades isoladas pela idade!
E, você
leitor, em qualquer canto do País tem passado por isso também? Ou, quem sabe
sem ter intenção utilizou uma expressão que a maioria usa sem saber o quanto
ela é ofensiva, aos que estão chegando aos 50 anos e acima dessa idade?!
Compartilha nos comentários, por favor!
O que pode ser feito?
Acredito
que todos devemos fazer a nossa parte! Evitarmos as expressões no trabalho, em
casa e com nossos familiares que sabemos ser ofensivas!
O
relatório elaborado pela OMS, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos, pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações
Unidas e pelo Fundo de População das Nações Unidas, foi destinado os
formuladores de políticas, profissionais, pesquisadores, agências de
desenvolvimento e membros do setor privado e da sociedade civil.
Após
definir a natureza do idadismo, eles resumiram as melhores evidências sobre a
escala, os efeitos e os determinantes dele, e as estratégias mais eficazes para
reduzi-lo. Agora caberá aos governantes de cada País, a implantação dessas
estratégias e programas para combater mais esse preconceito contra o ser
humano.
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