Sexta-feira, 27 de julho de 2018 - 11h35
Do modismo da gratidão, expostas aos montes nos posts das redes sociais, blogues, jornais e programas de TV parei no meio do meu estudo semanal... Sim! Este Ser em constante evolução medita – contemplando a grandeza do silêncio e do nada, e ainda busca aprender constantemente como ser – verbo – um Ser – adjetivo, * menos pior * pois, melhor 100% jamais será quem habita esse plano. *Corretor ortográfico amaldiçoado: eu sei que é gramaticalmente errado, estou tentando fazer um trecho meio poético na frase, posso?! Gracias.
Mais ou menos assim nossa gratidão, afinal, somos humanos!
Retornando ao tema desta semana, segundo o Santo Tomás de Aquino o agradecimento passa por três níveis. Em sua suma teológica ele nos ensina que esta realidade humana, a do agradecimento, é algo de muito complexo. “Isto deriva também de uma limitação que o ser humano tem em sua linguagem. Tantas vezes já ouvimos ou até falamos a expressão "Estou sem palavras para me expressar", utilizada nas mais variadas situações, de tantas formas e até automaticamente, mas, tudo como resultado desta verdadeira realidade: sentimos que não conseguimos colocar para fora o que sentimos através de nossas palavras”.
A gratidão segundo Santo Tomás é dividida em três grupos: Reconhecer o benefício que se recebe; 2 - Louvar e dar graças; 3 - Retribuir de acordo com as possibilidades.
Aqui no Brasil, no caso de nossa língua portuguesa, nossa palavra “obrigada” se dirige ao terceiro grupo, lembrando que Santo Tomás explica que existe uma condição de um grupo estar contido no outro. Existe uma ordem. O terceiro grupo engloba os outros dois e o segundo grupo engloba o primeiro.
Ou seja, o quanto são realmente gratos esse monte de pessoas que posta gratidão nas redes sociais sê muitos não dizem um bom dia para o motorista e o cobrador do coletivo; ao garçom, a pessoa do serviço geral que mantem seu ambiente de trabalho limpo; aos nossos pais pelo alimento, o vestir e a educação; ao salário que alguns têm o privilégio de receber todos os meses enquanto outros amarguram no desemprego; ao caixa do supermercado pelo atendimento gentil... Parece que todos são obrigados a fazer o fazem então agradecer ainda é um pouco demais, né!
É o filósofo, como o chamava Aristóteles, Tomás de Aquino, o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do Tomismo. Sua influencia no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna vem de suas ideias: arte, leis, metafísica e teoria política. Ao contrário de muitas correntes da igreja católica da época, ele abraçou os pensamentos de Aristóteles e tentou sintetizar a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo. Daí resultou a Suma Teológica, o tomismo citado acima.
Quando Santo Tomás explica os três passos da gratidão, destaca que esta, ao menos de forma intencional, deve superar o favor que recebeu. No entanto, ele também ensina há dívidas por natureza que não são possíveis de serem saldadas seja de um homem em relação ao outro e, sobretudo em relação a Deus.
Para sanar dúvidas desse processo ele cita o salmo 115, “Como poderei retribuir ao Senhor por tudo o que Ele me tem dado?". Nessas situações de dívida impagável para a sensibilidade de quem é justo, o homem agradecido sente-se embaraçado e faz tudo o que está ao seu alcance, tendendo a considerar-se em condição sempre insuficiente e por causa dessa insuficiência de quem sabe não dispor de moeda forte, nasce o recurso a Deus. Assim surge a expressão "Deus lhe pague", que, naturalmente, deixa subentendido que um pobre homem/mulher, como eu, não pode fazê-lo...
Levei exatos 43 anos, cinco meses e 12 horas para entender o bem estar que sempre sinto quando alguém me diz isso: Deus lhe pague! Não que esta seja uma expressão nova na minha vida. Venho de família com base católica dos dois lados, tanto de Goiás quanto de Minas Gerais.
Lembro com felicidade a vinda das minhas tias maternas de Montes Claros (MG) para Goiânia e que elas agradeciam sempre a estadia em nossa casa com essa frase: “Deus lhes paguem imensamente por essa estadia”.
Na casa da minha avó paterna, mãe Silvéria, esse dizer era usual. Minha avó que vocês já devem ter cansando de ouvir citar, sempre foi além desse cumprimento. Ela agradecia com Deus lhe pague, o Deus lhe pague recebido quando servia café da manhã aos garis que limpavam a rua de sua casa... Agora entendi que ela agradecia a oportunidade de fazer o bem! Lindo demais.
Na fase atual que vivo, acrescentei ao Deus lhe pague, “porque só Ele mesmo, nesse momento eu não tenho condições financeiras de retribuir”... Estarei blasfemando?! No meu coração a intenção não é essa.
Engraçado que hoje em dia essa é uma frase tão rara, entre essa geração Y, ABCD que quando utilizo ou alguém responde ficamos até desconcertados, e isso é maravilhoso, pois somente quem entende o contexto sabe o que está desejando ao outro! O melhor possível nessa vida, muitas graças e bênçãos que pode vir representadas como saúde, prosperidade, amor, paz, salário digno...
Então digamos que Deus lhes pague eternamente pela paciência, respeito e tempo que dedicam à leitura dos meus modestos artigos!
Deus lhe pague eternamente amigo Luiz Carlos, o Luka, editor-geral do Gente de Opinião, por ler, corrigir quando necessário e publicar meus artigos/desabafos.
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