Sábado, 16 de novembro de 2024 - 08h05
Iniciei há três semanas em meu podcast: o VivicaCast – Sistematizando à Vida, uma série de leituras do livro “Memória da Energia Elétrica em Rondônia”, resultado de um projeto que produzi de 2003 a 2005 – no período em que atuava como coordenadora regional de Comunicação da antiga Eletronorte/Eletrobrás. São textos que estou narrando, sem seguir a ordem cronológica da obra para adaptar melhor à plataforma digital.
A ideia para essa série surgiu do caos vivido por moradores de São Paulo, na segunda quinzena de outubro deste ano, quando um temporal deixou parte dessa metrópole e cidades vizinhas sem energia elétrica! Assisti e li as matérias diárias nos veículos de comunicação da comunidade atingida diretamente pelo alagamento, as perdas de casa, dos móveis, dos veículos; das vidas interrompidas, dos comerciantes que não sabiam como iriam administrar os prejuízos em meio a falta de energia elétrica que demorou mais de 15 dias para ser restabelecida pela Enel – Concessionária responsável pelo abastecimento da região. Ela é a Segunda maior distribuidora de energia elétrica do Brasil em número de consumidores, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)., A Enel é uma empresa privada italiana que tem o governo da Itália como um dos seus principais acionistas.
Primeiro episódio: Moradores queimam prefeitura
e Ceron por falta de energia
A situação lá, absurda pelos tempos atuais , me trouxe a recordação dos muitos períodos em que nós, rondonienses, convivemos com a falta da energia elétrica na década de 1980 – período de construção da primeira usina hidrelétrica da região, a UHE Samuel, pela construtora Norberto Odebrecht – atual NovoNor. Na capital, Porto Velho, ainda contávamos com a energia gerada pela usina térmica Rio Madeira, agora o interior amargava total falta do produto. A maior parte da população e dos comércios usavam a energia gerada por motores à diesel. Então, em 1984, um grupo de moradores do município de Cacoal não aguentou a instabilidade do sistema elétrico (a energia distribuída pela Ceron – Centrais Elétricas de Rondônia, atual Energisa mal abastecia por algumas horas da noite) e queimaram a sede da prefeitura e da Ceron. Esse foi episódio inicial com depoimento de uma moradora, que também era funcionária da prefeitura de Cacoal!
Guajará-Mirim e seus 34 consumidores de energia Elétrica
Uma das partes mais relevantes desse projeto foi a coleta de depoimentos dos moradores de grande parte dos 52 municípios rondonienses, um pedido do gerente regional da Eletronorte, na época, Fernando Manoel Fernandes da Fonseca, um paraense apaixonado por Rondônia, esposo de uma porto-velhense de família tradicional, a comerciante, psicóloga de formação e filantropa: Júlia Arcanjo, filha de dona Maria Mendonça e sr. Miguel Arcanjo, tradicional já falecido empresário rondoniense.
Essa diretriz juntamente com a colaboração de historiadores de Porto Velho e Guajará-Mirim, primeiras cidades surgidas com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, resultou em um material que atendeu a uma carência de material de pesquisa dos estudantes, apontada pela diretora, no período, da Biblioteca Francisco Meireles, Glória Valadares – a Glorinha!
Graças a essa parceria pudemos registrar no livro fatos curiosos como o registro dos 34 consumidores de energia elétrica da cidade de Guajará-Mirim, em 1929! Comerciantes, a Maçonaria, alguns moradores e o telégrafo.
Autor da Ferrovia do Diabo escreve sobre energia
Nessa segunda semana de outubro escolhi meio ao acaso a colaboração do famoso autor do épico “A Ferrovia do Diabo”, o também jornalista: Manoel Rodrigues Ferreira que escreveu um texto abordando os aspectos da energia elétrica na época da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Não havia estrutura física dos geradores responsáveis pelo abastecimento das casas dos trabalhadores ditos de categoria desse empreendimento gigantesco: engenheiros, arquitetos e médicos apenas os registros de Danna Merril, em preto e branco, da fábrica de gelo que abastecia os moradores do então vilarejo de Porto Velho – estação inicial e Guajará-Mirim, estação final da ferrovia, além da lavanderia que funcionava também com energia elétrica e era operada por trabalhadores do “baixo” escalão, geralmente os negros de Barbados.
Cada capítulo do “Memória da Energia Elétrica de Rondônia”, lançado nos 25 anos de atuação da Eletronorte no Estado e também nas festividades dos 500 anos do Brasil, em 2006 traz curiosidades e depoimentos incríveis dos moradores e historiadores. Foram distribuídos 200 exemplares de edição especial em capa dura para as bibliotecas dos 52 municípios rondonienses, sede da Eletronorte em Brasília, autoridades municipais e estaduais, Museu da Energia Elétrica do Brasil e Eletrobrás. A segunda etapa do projeto incluía o livro em formato digital e em PDF, mas não foi efetivada.
Aproveito para convidá-los a conhecer mais dessa obra por aqui, nos artigos do Portal de Notícias do “Gente de Opinião” e a ouvi-los no meu podcast: VivicaCast – Sistematizando à Vida no Spotify, Spreaker, Prime Music, Iheart Radio e no Deezer :
https://www.deezer.com/br/show/1001403611?deferredFl=1
Aguardo vocês.
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