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Viviane Paes

Maioridade no setor elétrico


Viviane Vieira na UHE Tucuruí - Gente de Opinião
Viviane Vieira na UHE Tucuruí

Vi na imprensa local e redes sociais, a divulgação da 5ª edição da Energia para Correr, promovida pela Santo Antônio Energia que comemora os 10 anos de operação da usina hidrelétrica Santo Antônio. Comecei a fazer umas contas mentais: 14 anos de construção da usina – iniciada em 2008. Meu filho tinha três anos quando iniciei oficialmente minha vida de “barrageira”, denominação dos trabalhadores das barragens das usinas hidrelétricas brasileiras.

Minha filha completa 27 anos nesse mês e ela tinha quatro, no momento em que assinei meu primeiro contrato de estágio na Eletrobrás/Eletronorte, responsável pela construção e operação da usina hidrelétrica Samuel. A conta chegou fácil há 23 anos! Sendo 17 anos atuando exclusivamente no setor elétrico, os outros seis anos revezando com a carreira de escritora e a de micro empreendedora individual, em tempos de pandemia...

Passei uma semana fazendo um caminho inverso nas lembranças desses 23 anos. No perfil de uma rede social profissional essa atuação fica até comum, comparada com os mais de 300 milhões de profissionais que a integram. No entanto, quando se afunila para os setores energia elétrica e da comunicação corporativa, essa atuação de mais de duas décadas começa a ter relevância e para mim ela é única, claro!

 

UHE Belo Monte

Voltei para Rondônia, em novembro de 2016 depois de quatro anos morando e trabalhando no Pará, mais especificamente na cidade Altamira que faz parte da área de abrangência da usina hidrelétrica Belo Monte. Atuei alguns meses no Consórcio Belo Monte, através da indicação de um ex-gerente do Consórcio Santo Antônio Civil (formado pelas construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez), Sérgio Adeira. Depois fui para uma terceirizada responsável pela comunicação com a comunidade impactada pelas obras da usina, nos programa de compensações ambientais.

Meu marido permaneceu trabalhando no consórcio, o que significava saída às quatro da manhã para um dos sítios mais longes da usina, o Pimental, distante duas horas de Altamira, pela Transamazônica, na fase inicial do empreendimento. Quando ele estava no sítio Belo Monte, esse percurso era reduzido para uma hora. Isso enquanto a vila residencial das famílias dos mais de 18 mil trabalhadores da usina era construída, na mesma região. Já residíamos na vila residencial São Joaquim, na cidade, depois de quase um ano morando em uma casa alugada.

 

Trabalhei pela primeira vez com o jornalismo comunitário participando de reuniões com a comunidade na área urbana para discutir sobre o saneamento básico na área central de Altamira. Registro dos encontros com os moradores realocados das áreas de riscos para os novos bairros construídos com toda infraestrutura de saneamento e água tratada, asfalto, e casas confortáveis de dois e três quartos de alvenaria. Realizei algumas viagens pelo magnífico Rio Xingu acompanhando as equipes responsáveis pelas visitas e/ou atividades com as comunidades ribeirinhas ao longo do Xingu...

UHE Samuel

Em agosto de 2008 deixei de trabalhar na sede da Eletronorte em Rondônia, localizada na Avenida Major Amarante, próxima da antiga Assembleia Legislativa de Rondônia e do lado do 5º Batalhão da Polícia Militar de Rondônia, após nove anos e oito meses de muito aprendizado! Iniciei como estagiária do segundo período do curso de Letras-Espanhol da Universidade Federal de Rondônia – Unir, e saí como coordenadora local da Comunicação Corporativa. Iniciei com 24 anos, com uma filha de quatro anos e saí quando ela estava com 14 e eu 34 anos.

 

Com a equipe de comunicação da Eletronorte, na sede em Brasília, aprendi como funcionava a assessoria de comunicação de uma grande empresa, uma estatal, através de muitos cursos presenciais e remotos. Impossível não nomear pessoas que me ensinaram e possibilitaram meu crescimento profissional: Fernando Fonseca, gerente da regional Eletronorte, por ter permitido que eu conciliasse a universidade, com o trabalho na Regional e também na TV Norte, afiliada da Rede TV, na época. E, tenho como provar que nunca fui “fantasma” em nenhum desses locais! Pago pelos excessos físicos e mentais cometidos durante três anos em jornada tripla, sem finais de semana para descansar, pois estava na Eletronorte cobrindo o horário que não estava durante a semana: uma LER/DORT nas mãos.

 

Muita gratidão, Valdenir Martins por você ter puxado minha orelha quando foi necessário e sempre ter me apoiado nos horários loucos e corrigido meus textos; Cipriana Smith pelos conselhos de empoderamento; Joana da Silva, por ter sempre palavras de amor e conselhos espirituais; Haynes e Edvânia por me lembrarem de que eu não devia levar tudo tão a sério; Chiquinha pelo cafezinho, lanches e todos os cuidados a mais quando eu estava enfrentando uma gravidez de risco. Miquias Figueiredo pelas aulas de direção segura a mais, depois que eu tirei minha CNH, comprei meu primeiro automóvel e ele ficou estacionado no pátio da Regional, porque eu tinha medo de dirigir!

Obrigada Orlando Francisco por abrir minha mente quanto à relevância da política na vida de forma sensata e divertida, me apresentar “companheiros” do partido em Porto Velho e principalmente aceitado que sou apolítica!

Gratidão, a minha madrinha de vida Júlia Arcanjo por ter falado ao esposo Fernando Fonseca que eu era a pessoa ideal para trabalhar com ele na Eletronorte, quando eu só tinha cinco anos de experiência como jornalista sem formação profissional, apenas o registro da DRT e carteira assinada como repórter.

Obrigada Alexandre Aciolly, ex-gerente de comunicação da Eletronorte e excelente jornalista com expertise no setor elétrico por ter me encarregado muitas vezes de missões impossíveis que me fizeram amadurecer!

 

Gratidão infinita Isabel Ferreira, Bel, minha última gerente de Comunicação, formada em relações públicas e jornalismo por ter permitido que eu voasse com minhas próprias asas na Regional e sempre me socorrer quando eu não sabia o que fazer ou como fazer alguma atividade. Muito obrigada por ter entendido e principalmente aceitado junto com o gerente regional, Edgard Temporim que estava na hora da minha saída. E, assim uma promessa feita ao engenheiro Fernando antes de seu falecimento foi cumprida: “ a doutora Vivi só vai sair quando ela quiser, Edgard”.

 

UHE Santo Antônio

                                      

Eu tinha aceitado o desafio de trabalhar no CSAC – Consórcio Santo Antônio Civil, que havia iniciado há três semanas as obras em Santo Antônio e tinha que ser liberada imediatamente. Na terça-feira eu era a Vivi, da Eletronorte e na sexta-feira eu era a Viviane, consultora de comunicação do CSAC, responsável por um dos maiores empreendimentos do PAC do governo Federal, o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira.

Eu imaginava o chão de uma usina hidrelétrica de uma maneira bem romântica, confesso! E é claro foi bem diferente. Meu primeiro mês no empreendimento foi nos Recursos Humanos do consórcio, localizado na Avenida Amazonas, onde recebíamos centenas de pessoas de segunda-feira a sábado para iniciar o processo de contratação. Nesse local eles assistiam palestras sobre segurança do trabalho, saúde, utilização do transporte coletivo, meio ambiente, fonoaudiologia, e no final assinavam o contrato de trabalho, recebiam os uniformes, os equipamentos de segurança e no dia seguinte estavam nas paradas de ônibus aguardando o coletivo que os levaria ao canteiro de obras da usina, as margens do Rio Madeira.

Fui contratada para auxiliar Rosi Gomes, profissional responsável pela comunicação inicial do empreendimento, ainda na época dos estudos dos impactos ambientais. Rosi já havia desenvolvido todo o material de comunicação do Capacitar, programa de qualificação de mão de obra implantado pela construtora Norberto Odebrecht pela primeira vez, junto com o gerente geral do CSAC, Antônio Cardilli.

Na fase da contratação da mão de obra qualificada exclusivamente para trabalhar no empreendimento, haviam projetado uma estrutura física convidativa que “falasse” com o trabalhador recém-contratado, na maioria sem nenhuma experiência em carteira assinada! No local acontecia entrega de documentos, exames e saída para usina para os testes práticos de determinadas funções. O RH do CSAC passou a ser referência e serviu de modelo para muitas outras instituições e empresas de Porto Velho incorporar a comunicação visual em seus ambientes.

Fizemos de tudo um muito nessa estrutura. Meu gestor Sergio Adeira, era  e é muito criativo e um líder que deixa seus liderados a vontade para desenvolver as atividades.  Adaptei a linguagem e o aspecto visual das palestras apresentadas em Power point diariamente, auxiliando e orientando os palestrantes da maneira mais prática de repassar o conteúdo ao novo trabalhador.

Elaborei folders de orientação para os primeiros mil e depois cinco mil trabalhadores diretos da usina e escrevi roteiro de vídeos e documentários para registrar o início de todo esse imponente empreendimento. Pela primeira vez na minha carreira realmente desenvolvi a comunicação interna de base. Foi uma experiência inesquecível e única que possibilitou minha ida para Belo Monte e a saída do ninho familiar e de Rondônia pela primeira vez, na fase adulta e casada!  Muito orgulho dessa trajetória!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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