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Viviane Paes

O maior temor de bons pais, hoje...


O maior temor de bons pais, hoje... - Gente de Opinião

No dia 20 de abril de 1999, dois estudantes do terceiro ano, da Columbine High School, de 17 e 18 anos, entraram na biblioteca da instituição, às 11h29 e protagonizaram um dos maiores terrores vividos por uma comunidade. Eles torturavam psicologicamente outros estudantes que estavam no local, os prenderam e atiraram em todos, transmitindo a cena ao vivo. Apenas um dos estudantes que estava na biblioteca foi liberado pelos criminosos e sobreviveu ao ataque. Em seguida, os dois atiradores retornaram para a cafeteria da escola, onde beberam água, descansaram e conversaram tranquilamente antes de voltar à biblioteca e matar 10 colegas, um professor e ferir mais 23 pessoas. Cercados pela polícia, os assassinos se suicidaram...

Perto de fazer 24 anos (no próximo dia 20/04) esse que foi o primeiro massacre em escolas do mundo deixou um legado doentio entre centenas de jovens, alguns diagnosticados com transtornos mentais, outros não, que em comum consideram esse ato vil um exemplo a ser seguido e até superado!

Pais, filhos, estudantes, professores de diversas nacionalidades estão assistindo perplexos casos quase diários de atentados em escolas e agora também em creches. Todos temerosos porque circula livremente nas redes sociais e aplicativos de mensagens, avisos de que estão organizando um grande “evento comemorativo” do massacre de Columbine!

Verdade ou mentira?! Fake News, ou mais uma tentativa de instalar o caos entre a sociedade?! Fato, nos Estados Unidos ocorreram somente no primeiro trimestre de 2023, assustadores 131 tiroteios em massa. De janeiro a março, 195 pessoas morreram nos ataques americanos e outras 503 ficaram feridas. A maioria dos ataques em escolas com sistemas de seguranças instalados, segurança armada e profissional da educação treinada para proteger crianças, adolescentes e a própria vida...

E aqui no Brasil...

Por aqui, infelizmente, desde 27 de março deste ano quando um adolescente de 13 anos invadiu uma escola no estado de São Paulo, matou uma professora e feriu cinco outras pessoas, fazendo referência a um dos autores do massacre de Suzano (SP), em 2019, que usava uma máscara com desenho de caveira, os ataques só têm aumentado.

Na cidade de Suzano, sete pessoas, sendo cinco alunos e duas funcionárias da Escola Estadual Raul Brasil foram vítimas de um adulto de 25 anos e um adolescente de 17 anos, ambos os ex-alunos da instituição. A dita inspiração para o ataque covarde havia sido o massacre de Columbine, idolatrado como meta por centenas adolescentes, jovens adultos e cada vez mais crianças!

Os motivos injustificáveis pela razão vão desde bullying – a prática sistemática e repetitiva de atos de violência física e psicológica, tais como intimidação, humilhação, xingamentos e agressão física, de uma pessoa ou grupo contra um indivíduo.

Transtornos mentais, o uso de medicação, ausência de estrutura familiar, falta ou excesso de amor paterno, acobertamento de atos amorais físicos emocionais por responsáveis, uso excessivo de jogos de videogames com violência explícita e principalmente uso de armas... Infinitos motivos são apontados, no entanto, nenhum deles consegue convencer especialistas do tema e a sociedade organizada.

Não julgueis para não seres julgados

Todas as vezes que essas tragédias ocorrem famílias, vizinhos, colegas de trabalho apontam o dedo para os outros dizendo que a ausência da educação antiga, que a falta de controle dos pais no uso de aparelho celular e o contato cada vez mais cedo das crianças com o mundo virtual é a causa! Todos esquecendo que quando apontamos o dedo indicador para alguém temos mais quatro dedos voltados para nós mesmos!

Então, a culpa é dos diversos segmentos da sociedade, principalmente à que deveria ser responsável pela educação em sala de aula desses jovens, afinal pagamos impostos para isso!  E as instituições em sua sábia defesa dizem que a culpa é dos pais que a cada ano enviam crianças sem educação alguma para escola, que são proibidos pelos pais de cobrar comportamentos sociais adequados dos alunos e muitas vezes quando são agredidos fisicamente por eles, os pais são coniventes com as atitudes dos filhos...

 As autoridades constituídas sabem bem fazer o jogo da culpabilidade: não é o Município que trata disso é o Estado, que passa essa bola para União. O governo federal rapidamente em situações como essa irá pegar a bola da vez e liberar fundos emergenciais – muitas vezes sem licitação alguma para criação de programas que evitem novos atentados às escolas.

Apenas dois dias após, o ataque a uma creche em Blumenau (SC), (05/abril) que deixou quatro crianças mortas, o governo federal anunciou a liberação de R$ 150 milhões, através do Ministério da Justiça para serem investidos nos órgãos de Segurança Pública dos estados para atuar nas escolas públicas, com ações preventivas de patrulhamento, além de monitoramento e investigação de possíveis crimes, incluindo na internet.

 

Você pai, mãe ou responsável legal por uma criança ou adolescente em idade escolar, matriculado na rede pública de ensino ficou tranquilo com essa iniciativa?! Eu não!

 

Aparentemente, as estratégias de evitar novos ataques nas escolas não incluem os colégios particulares! Como se nunca tivesse ocorrido tragédia igual em nenhuma instituição de ensino privado no Brasil! Infelizmente esses atos tão infames quanto os ataques de terroristas acontecem, sim, nesses locais de privilegiados economicamente. Em 2017, em Goiânia, o filho de 14 anos de dois policiais militares usou a arma de trabalho da mãe em sala de aula de uma escola particular matando dois colegas e ferindo outros quatro alunos! O motivo apontado para isso foi à brincadeira de mau gosto dos colegas que o chamavam de fedorento, por ele não usar perfume desodorante...

 

Não descartando a questão social como causa desses ataques armados, os proprietários dos colégios pagam impostos, iguais aos pais cujos filhos estudam nelas e essas ditas “patricinhas e plaboys” também sofrem e praticam bullying, padecem doenças, sofrem também violência física e verbal em casa, são induzidos a crimes e também autores de atos de violência que repercutem e são comemorados na tal deepweb! Essa zona da internet que não pode ser detectada facilmente pelos tradicionais motores de busca, garantindo a privacidade e anonimato para os seus navegantes. Formada por um conjunto de sites, fóruns e comunidades que costumam debater temas de caráter ilegal e imoral.

 

Tão terrível quando esse espaço criado para o mal é ver em redes sociais oficiais os massacres que destroem famílias inteiras serem reverenciados, no tal efeito contágio. Nos Estados Unidos, aonde tudo começou, especialistas alertaram que a cada ataque em escola divulgado com imagens e nomes dos autores, três a mais ocorreram em seguida. Estamos vivenciando isso no Brasil. Essa semana perdi a conta de notícias sobre ataques impedidos em escolas da capital, Porto Velho e em algum dos demais 51 municípios rondonienses. Idem em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Santa Catarina...

 

Não foi à toa que não mencionei em nenhum momento o nome dos autores desses assassinatos em creches, escolas e colégios. Jamais concordei com a divulgação de suas imagens, porque sempre foi óbvio que a intenção desesperada é chamar atenção da mídia, da sociedade dos próprios familiares para eles! Felizmente os veículos de comunicação brasileira assumiram o compromisso de não divulga-los também!


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O maior medo dos pais de hoje

No ano passado assisti ao filme: Hora do Desespero, um suspense protagonizado pela atriz australiana, Naomi Watts que narra a aflição de uma mãe ao descobrir que a escola de seu filho é invadida por um grupo armado que toma os adolescentes como reféns. A cada vinte minutos você sofrerá com a incerteza do futuro do filho da protagonista que começa a duvidar se ele é uma das vítimas ou autor do ataque!

Cenas mostrando atitudes e comportamentos suspeitos, conversas que a mãe relembra que teve com o filho, enquanto luta para vencer dezenas de obstáculos para chegar à escola. Sem spolier direi apenas que o final é uma lição, um alerta, uma conversa mental que muitos de nós pais temos receio de ter com nossos filhos porque o resultado pode não ser o que esperamos!

 

Todos anseiam ser elogiados pela conduta e educação que conseguimos dar aos nossos herdeiros, levando indivíduos moralmente corretos que irão contribuir com o futuro do país, do mundo e não alguém que interrompeu a vida de um bebê inocente em uma creche, de um adolescente com sonhos para o futuro ou de um profissional com a carreira consolidada aguardando a sonhada e merecida aposentadoria...

 

Tenho fé que tenho feito minha parte, mas não consigo julgar esses pais dos autores dos atentados, que estão sofrendo juntamente com os pais das vítimas, que tiveram suas vidas encerradas porque uma criança, ou um adolescente acreditou que ao entrar em uma escola esfaqueando ou atirando aleatoriamente ou não, cumprindo um desafio surreal iria pertencer a um determinado grupo ou seita!

 

Quando eu tinha seis anos me agrediram com um soco na barriga em um colégio público em Goiânia, fui ameaçada e sofri inúmeros bullying em uma escola pública em Porto Velho, na primeira semana de aula, quando tinha nove anos, em nenhum momento apesar da raiva natural, pensei em revidar fisicamente. Eu não tinha exemplo ou influências alguma me direcionando para isso e não era da minha índole também! O que fiz foi me tornar diariamente a melhor versão de mim mesma – com incentivo de meus pais, e com o passar dos anos, estudando, trabalhando na profissão que eu escolhi ouvi de pessoas daqueles grupos frases como: “Você é uma inspiração! Quando a vejo na televisão ou leio uma matéria no jornal, mostro para minha filha e digo: ela estudou comigo! Sempre foi a melhor!”.

 

Vamos voltar a divulgar e mostrar bons exemplos diariamente para nossos filhos, não deixando espaço para que mentes ardilosas a ocupem! Eu acredito nisso, e você?!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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