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Viviane Paes

O Som (inaudível) da Liberdade


O Som (inaudível) da Liberdade - Gente de Opinião

Mais de um milhão de crianças e jovens desaparecem todos os anos em todo o mundo, e cerca de 10% deles nunca são encontrados, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Duzentas mil pessoas desaparecem por ano no Brasil. Dessas, 40 mil são crianças e adolescentes. De janeiro de 2020 a junho de 2021, foram registrados pelo Disque 100, exatos 301 casos de tráfico de pessoas. Destes, 50,1% são crianças e adolescentes e outros 24,9% mulheres. A divulgação dos dados faz parte das ações do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) do governo federal.

Esse crime, ainda desacreditado por muitos, possui até uma data específica para não ser esquecido: 30 de julho - Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas.

“O tráfico de pessoas ocorre quando há ameaça, engano ou abuso em uma situação de vulnerabilidade da vítima, com a finalidade de exploração em trabalho análogo ao de escravo, servidão, exploração sexual, adoção ilegal ou remoção de órgãos”, explicou a secretária nacional de proteção global do MMFDH, Mariana Neris, no ano passado.

Em todo o mundo, de acordo com o último Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mulheres e meninas continuam sendo as principais vítimas do tráfico de pessoas (65%). A finalidade de exploração sexual, que envolve principalmente vítimas femininas (92%), representa 50% dos casos.

Nada de Barbie ou Oppenheimer

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou no ano passado, que o tráfico de pessoas movimenta anualmente 32 mil milhões de dólares em todo o mundo, sendo que 85% desse valor provêm da exploração sexual. A ONU também estima que este crime faça 2,5 milhões de vítimas por ano em todo o mundo, sendo que uma em cada três vítimas é uma criança. 

 

A partir daqui compartilho minha indignação, reprimida sobre muitos assuntos nos últimos meses para evitar conflitos desnecessários! Em setembro de 2023, o filme independente “Sound of Liberdad”, O som da Liberdade. Ele conseguiu disputar espaço com filmes produzidos para concorrer ao Oscar e festivais do cinema mundiais: Oppenheimer, Barbie, Indiana Jones e até a esperada Missão Impossível – Acerto de Contas.

Os produtores, diretores, atores e principalmente a crítica especializada poderia adivinhar era que um filmes cristão rebaixado pela Disney apareceria junto a longas do ano, no topo das bilheterias!

 

Escrito e dirigido por Alejandro Monteverde (de Little Boy e Bella), Som da Liberdade conta a história real de Tim Ballard, um ex-agente especial do Departamento de Segurança Interna do governo americano (também conhecido como Homeland, que ganhou até uma série. Tim larga o posto para "fazer justiça com as próprias mãos" e tentar acabar com o tráfico sexual de pessoas, depois que não conseguiu resgatar por meios oficiais, uma menina de 12 anos, cujo irmão – 10 anos, foi libertado em uma operação. O casal de irmãos mexicanos é levado para Honduras para uma fictícia sessão de fotos, organizada por uma ex-miss, uma das principais aliciadoras retratada no filme...

 

O filme seria distribuído por uma pela subsidiária latino-americana da 20th Century Fox, mas quando o estúdio foi adquirido pela Disney, à casa do Mickey Mouse decidiu engavetar o projeto. O filme que estava pronto em 2018 ficou cinco anos escondido até que um de seus produtores, Eduardo Verástegui (que tem um papel no filme, por sinal) conseguiu readquirir os direitos do longa e o ofereceu à Angel Studios, pequena distribuidora de produções cristãs, como The Chosen, que o aceitou.

Com um orçamento modesto de US$14 milhões, o Som da Liberdade, arrecadou nos primeiros meses de lançamento US$211,6 mi. 

 

Segundo dados da Comscore, a produção vendeu 1 milhão de ingressos no Brasil e bateu mais de R$ 17 milhões de bilheteria em 10 dias — nos Estados Unidos, deixou os cinemas com US$ 200 milhões de faturamento.

 

Marketing estratégico e irreal?!

Segundo dados da Comscore, empresa americana especializada em análise de mídia, a produção vendeu 1 milhão de ingressos no Brasil e bateu mais de R$ 17 milhões de bilheteria em 10 dias.

 

E, e nesse momento que começam as polêmicas envolvendo o filme, além da contestação da dramatização exagerada no enredo, porque uma as estratégias mais incríveis de marketing dele foi a distribuição de uma determinada quantidade de ingressos gratuitos em todo o mundo!

 Eu desacreditava essa ação até meu filho me ligar em uma quarta-feira, dizendo que iria chegar só à noite em casa porque iria assistir o Sound of Liberdad. Explicou que um amigo tinha recebido um link que dava acesso ao perfil de uma rede social dedicada a divulgação do projeto. Ele e mais três amigos conseguiram adquirir os ingressos e um bônus de R$ 100,00 cada um, para gastar com alimentação: pipoca, refrigerante, doces e outros alimentos disponível na lanchonete do cinema do Porto Velho Shopping.

Por segurança e por ser mãe desconfiada e jornalista acessei na hora o perfil do filme! Uma explicação forte divulgava a ação, que reproduzo:

Os interessados podem adquirir ingressos para outras pessoas e ajudar com o "primeiro passo para divulgar o tráfico de crianças", tema de "Som da Liberdade". Assim, quem aderir ao programa e comprar ingressos na plataforma, pode "permitir que outras pessoas assistam gratuitamente e se juntem a um movimento histórico para promover histórias que amplificam a luz".

Além da contestação de que se trate de uma história real, Som da Liberdade é apontado por muitas publicações como um veículo para teóricos da conspiração e apoiadores da QAnon. uma teoria da conspiração de extrema-direita que alega existir uma elite global, formada por adoradores de Satanás, canibais e pedófilos, que sequestra crianças para beber seu sangue.

A participação do ator Jim Caviezel, um cristão que participa ativamente de eventos da igreja pelo mundo também gerou muitas especulações, afinal ele vive à margem dos eventos e filmes de Hollywood depois da repercussão do “Paixão de Cristo” e até de clássicos como o “Conde de Monte Cristo”.

Esqueçam todas as especulações, notícias e principalmente conflitos políticos e assistam ao Som da Liberdade. Ele faz parte daquelas produções que você precisa “ver com os próprios olhos”, e principalmente sentir o tema delicado, real e assustador do qual ele trata. O tráfico humano, a escravidão sexual de adultos e crianças acontece diariamente, toda hora, como divulgam no longa...

Valeu muito para mim!

 

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/julho/criancas-adolescentes-e-mulheres-sao-75-das-vitimas-do-trafico-de-pessoas-apontam-dados-do-disque-100

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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