Quarta-feira, 4 de agosto de 2021 - 15h32
Praticar esportes é superar o limite de seu próprio
corpo diariamente. Competir é superar a si mesmo e os adversários. Fazer tudo
isso sendo portador de alguma deficiência de nascença ou adquirida ao longo da
vida é algo maravilhoso que demonstra até onde o ser humano pode ir!
E isto que vem a minha mente todas as vezes que
assisto as Paralímpiadas, e acredito que todos pensam o mesmo. Fico ansiosa
para assistir ao desempenho daqueles que convivem diariamente com deficiências
que o impedem ainda de ser vistos e respeitados como pessoas normais que são!
Com certeza minha admiração por para-desportistas
surgiu da oportunidade de conviver com alguns desses esportistas no ambiente de
trabalho, no setor elétrico. Um desses é o Edson Cavalcante Pinheiro, do
Atletismo Paralímpico de Alto Rendimento. Ele é acreano de nascimento, rondoniense de
criação e foi em Porto Velho que iniciou sua carreira no Tênis de Mesa e no Atletismo,
na categoria T-38. Por não receber patrocínios no Estado ficou impossível continuar
residindo aqui. Mudou-se para São José dos Campos (SP), em 2011, depois de ter
competido representando o Distrito Federal, para fazer parte da equipe de
atletas do Instituto Athlon.
Edson Cavalcante que conquistou medalha de Bronze,
nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, nos 100 metros rasos foi um, dos 253
convocados da Delegação Brasileira de Paradesportismo que irão disputar os
Jogos Paralímpicos de Tóquio, de 24 de agosto a 15 de setembro deste ano.
Podemos esperar momentos de muita emoção e mais superação desses guerreiros que
não deixaram de treinar nesses meses de pandemia.
Paralímpiadas,
o começo
A inclusão dos portadores de alguma deficiência
física ou mental nos jogos olímpicos nasceu em 1948, quando Ludwig
Guttman organizou uma competição esportiva que envolvia veteranos da Segunda
Guerra Mundial com lesão na medula espinhal. O evento foi realizado em Stoke
Mandeville, na Inglaterra. Quatro anos mais tarde, competidores da Holanda
uniram-se aos jogos e assim nasceu um movimento internacional que fez com que
jogos no estilo olímpico, para atletas deficientes, fossem organizados pela
primeira vez em Roma, em 1960.
O primeiro esporte adaptado praticado no Brasil foi o
basquete em cadeira de rodas. Enquanto realizavam tratamento médico nos Estados
Unidos, brasileiros com deficiência conheceram a modalidade e a trouxeram para
o país. Em 1958, foi fundado o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro, por
iniciativa de Robson Sampaio de Almeida e pela ação do técnico Aldo Miccolis –
dois pioneiros do Movimento no Brasil.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) foi fundado no
dia 9 de fevereiro de 1995, em sua primeira sede, em Niterói, no Rio de
Janeiro. Seu primeiro presidente foi João Batista Carvalho e Silva, que se
manteve à frente da entidade até 2001. Durante sua gestão, investiu esforços na
ampliação visibilidade ao esporte paralímpico. Trabalhou em conjunto ao então
Ministro Extraordinário do Esporte, Pelé, que acompanhou a delegação brasileira
nos Jogos Paralímpicos de Atlanta 1996.
Centro de Treinamento
Paralímpico Brasileiro
Somente em 2016, os paradesportistas brasileiros
ganhariam o primeiro Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Uma
construção diretamente relacionada ao Brasil sediar as primeiras competições
olímpicas. A obra foi orçada em cerca de R$ 260 milhões, fez parte do Plano
Brasil Medalhas, do Governo Federal, que investiu R$ 1 bilhão adicional ao
orçamento do esporte brasileiro entre 2013 e 2016.
As
conquistas brasileiras no Paradesportismo
Rio
2016: recorde de medalhas
A delegação verde e amarela contou com o maior número
de atletas já enviados para Jogos, 278. Também atingiu o maior número de pódios
da história da nação, ao conquistar 72 medalhas, sendo 14 ouros, 29 pratas e 29
bronzes.
Londres
2012
Em 2012, os 182 atletas da delegação do
Comitê Paralímpico brasileiro trouxeram 43 medalhas, mas superaram as
conquistas de ouro. Liderados pelo nadador Daniel Dias, o Brasil ficou com a
sétima colocação no quadro geral com 21 medalhas de ouros, 14 pratas e oito
bronzes.
Pequim
2008
Nesta
edição, a Rússia e o Brasil terminaram pela primeira vez na história entre os
dez primeiros no quadro de medalhas.
O
Brasil em 1° lugar com 47 medalhas: 16 Ouros, 14 Prata e 17 Bronzes. Em 2º lugar,
Estados Unidos e 3º México!
Reconhecimento
ainda é modesto
Sem preconceitos ou
discriminação, nas Olimpíadas de 2008 os atletas conquistaram 15 medalhas: 03
de Ouro, 04 de Prata e 08 de Bronze obtendo o 23º lugar. Aqui não quero desmerecer os esforços de
nenhum ou de outro, no entanto, sejamos realistas ainda somos um País, muito
preconceituoso!
Quantos atletas portadores de
deficiência são estrelas de propagandas nacionais?! E não vale citar a CEF que
é patrocinadora oficial do Comitê Paraolímpico Brasileiro. Vou além - pensem
rápido no nome de um paraatleta vencedor de uma das 47 medalhas das competições
de Pequim! Conseguiu ao menos um, que não seja parente de algum conhecido seu?!
Já em 2012, o nadador Daniel Dias
conseguiu conquistar a atenção da mídia nacional, internacional e
principalmente dos brasileiros. Ele é detentor do recorde mundial nas provas de 100m e 200m livre, 100m costa e
200m medley e o recordista nos Jogos Parapan-americanos com oito medalhas de
ouro. Nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016 ele conseguiria novos recordes:
nove medalhas (13 de ouro, sete de prata e três
de bronze) e tornou-se o maior medalhista homem da natação em Paralímpiadas,
com 24 medalhas no total. Suas performances renderam ainda três Prêmios Laurens
– O Oscar do Esporte, na categoria Melhor Atleta Paraolímpico: 2008, 2012 e
2016.
Paralímpiadas
de Tóquio
O Brasil será representado em 20 das 22 modalidades que
compõem o programa dos Jogos de Tóquio. As ausências são basquete em cadeira de
rodas e rúgbi em cadeira de rodas. A modalidade com o maior número de atletas
será o atletismo com 64 representantes e 18 atletas-guia.
O nortista Edson Cavalcante Pinheiro, de
42 anos competirá nas provas dos 100 e 400 metros rasos, na Classe T38 – dos
atletas que nasceram com paralisia cerebral. Ele possui uma medalha de ouro, nos Jogos
Parapan-americano 2019, no Peru nos 100 metros rasos e 4º no Mundial em Dubai,
também nos 100 metros rasos e a medalha de bronze, nos Jogos Paralímpicos Rio
2016.
Nos últimos 20 meses de pandemia
da Covid-19, Edson e os demais paradesportistas brasileiros não interromperam
os treinos. Adaptações foram feitas para que a dura rotina diária de
treinamentos não fosse quebrada, então a partir de 24 de agosto vamos
prestigiar e torcer por todos eles!
Vamos
lá depois da leitura deste artigo acessem o site do CPB – Comitê Paraolímpico
Brasileiro e conheça mais sobre estes verdadeiros guerreiros: www.cpb.org.br e descubra quantos deles
representam nosso País, seu Estado e sua cidade!
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