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Viviane Paes

Um doce para a “Fada Madrinha” das Trans... Por Viviane Paes


Para o mundo que quero descer... Nas duas últimas semanas parece que tudo que vive às margens da dita sociedade brasileira emergiu de Norte a Sul, de Centro-Oeste a Sudeste!

Mulheres que morreram em procedimentos clandestinos; quatro vítimas de assassinato – duas por maridos, uma por ex-marido e outra por bandidos. A última, policial e homossexual provocou discussões nas mídias sociais da falta de defesa de tal grupo, tal entidade, tal partido... Um bebê de quatro anos violentado numa creche em Porto Velho por um menor de 14 anos; uma adolescente deficiente visual, de 14 anos, que sofria abuso do vizinho desde os sete... E isso resumindo por alto as manchetes, pois é claro que não foi só isso. Nunca é!

Para fechar a semana fatídica – sem pormenorizar o tiroteio no Canadá, a PF deflagrou na última quinta-feira a operação “Fada Madrinha”, onde transexuais aliciadas pela internet com promessas de cirurgias e participação em concursos de beleza no exterior acabavam vítimas de escravidão sexual, foram resgatadas em Franca (SP).

Você pode estar se perguntando: “essa operação me afeta em quê, se não tenho nenhum parente trans ou conhecido nessa situação?!”.

Sério tem pessoas que conseguem bater no peito e dizer: “Eu não tenho nenhum parente homossexual, nem amigo, nem conhecido!”. Eu aconselharia esse alienígena a usar óculos e calçar as sandálias da humildade. Impossível!

Eles elas, elas eles, os dois gêneros num só, um terceiro, um quarto saíram do armário faz bastante tempo. Claro que nem todos tem o sucesso midiático do cantor Pablo Vittar, do ator Paulo Gustavo, dos estilistas Clodovil (falecido) e Ronaldo Esper, da Roberta Close que casou e mora na Suíça há mais de 20 anos, casada e feliz!

Nem todos tem o dinheiro do campeão olímpico Bruce Jenner, ex-padrasto das Kardashians, pai de cinco filhos, hoje Catlin Jenner para fazer uma transição física e mental com acompanhamento dos melhores profissionais. Fato! A Catlin vive em Calabassas (EUA) e sua classe social mascara o preconceito. Assisti, sim, ao reality show dela e as lições de moral que levou dos grupos de LGBTs. Afinal ele (a) se escondeu no armário durante décadas e de uma hora pra outra lhe deram o status de representante. Não colou!

Voltando para o Brasil. A menção do título doce para a Fada Madrinha é uma expressão utilizada pelos LGBTs. Ela não é adulação e uma sentença de morte.

Os transgêneros que caem nas unhas de gel das falsas fadas madrinhas – trans também, milionárias, à custa da desgraça de outras (os), são iludidas desde as mais novinhas as mais experientes com promessas de cirurgias plásticas no corpo e no rosto, apliques, perucas, roupas e principalmente fama através de concursos de misses na Itália. Sonho...

Qual a diferença dos trans para as mulheres de tráfico internacional para fins sexuais?! Nenhuma. Todas são pessoas e se tornam escravas, prostituídas, drogadas e as primeiras mutiladas. Isso mesmo! Quando um trans não consegue pagar sua eterna dívida com a organização da fada madrinha é desfigurada. E isso além da dor física destrói sua estima já dilacerada pelo preconceito que sofrem!

A operação da PF já apontou o que descrevi acima. As vítimas denunciaram que recebiam próteses “recicladas” de outras. Estamos falando de próteses de silicone de peito e bumbum, tá! Imaginem isso... Quantas morrem durante e depois desses procedimentos clandestinos que não entram nas estatísticas!

“Elas estão sofrendo o que escolheram”... Fala mais que batida por uns ditos religiosos ou não religiosos e homofóbicos de carteirinha. Como uma amiga gosta de falar: a pessoa tem a opção de ser BOA ou RUIM. Ela quer ser BOA?! Jamais prefere ser RUIM até não poder mais.

Isso vale para aqueles “sem noção de humanidade” que ousam dizer em voz alta: “muitas mulheres vítimas de estupro estavam provocando com suas roupas minúsculas”. OK. Então como funciona no caso do vizinho que abusou durante sete anos de uma deficiente visual?! Ou de pais que abusam de filhas e filhos?!

Eu tive um primo por parte de pai que viveu na Europa durante anos e era homossexual. Seu nome era Divino. Segundo comentam na família desde criança teve feições femininas, cabelo liso brilhante, corpo magro. Na adolescência seu jeito afeminado despertou preconceitos no interior de Goiás. Ele sumiu da convivência familiar. Quando ouviram falar dele de novo, já tinha outro nome. Vinha de São Paulo doente para receber tratamento final do vírus HIV. Isso há uns 25 anos. Não o conheci.

Não é por acaso que os agentes da Polícia Federal também atuaram, em Goiânia durante a operação Fada Madrinha. Uma das maiores quadrilhas de tráfico humano de trans opera na região. Dizem que a mais “poderosa” das fadas madrinhas mora na capital goiana vivendo em condomínio de luxo, onde residem duplas sertanejas e outros artistas que escolheram a cidade pela localização privilegiada do centro do país. A toda poderosa das fadas madrinhas tem fazendas e até hotéis, onde hospeda – não de graça, as trans durante o processo clandestino de aplicação de silicone industrial e outros procedimentos de risco.

Quando cheguei a Porto Velho, no final da década de 80, vi pela primeira vez um homossexual. Ele era filho de uma vizinha. Tinha cabelos compridos demais para um rapaz, corpo esguio, uma protuberância na parte superior do corpo que não combinava com a marca azulada da barba que teimava em nascer. Ele era gentil, sorridente e atendia no comercio de seus pais, apesar dos olhares disfarçados dos clientes e vizinhos. Ele também morreria pouco tempo depois.

Eu não sei o que assusta mais. A não aceitação da família, amigos e da sociedade ou a escravidão por pessoas que passaram pelas mesmas situações que o trans enfrenta. Imaginar que alguém seja tão desumano ao ponto de explorar o sonho do outro, de levar para outro país e obriga-lo a comprar um pedaço de calçada para se prostituir. Cobrar pela comida, pela roupa, pelas próteses de segunda mão que agridem diariamente seu corpo e por último quando ele (a) não tem mais valor comercial dar-lhe um doce... Um quitute amargo vindo das mãos de agressores contratados para tortura-los e mata-los...O mesmo acontece com seres humanos, mulheres, em também sei!

Aí quando eu ouço – e agradeço a Deus por não ser surda, gente que não é gente nem animal, porque e falar mal dos bichinhos, dizer “essas pessoas estão tendo o que procuraram”... dá vontade de fazer a “Docinho” que habita em mim surgir e transformar-me no Justiceiro e mandar para o inferno essa galera BOA demais para pisar no mesmo chão que os demais!

 O problema da maioria dos juízes das mídias sociais e da vida em geral, e que eles não conseguem se colocar no lugar dos outros, caso fizessem isso com certeza não aguentariam o sofrimento e nem a realidade alheia...

Que tal!? Mandando entregar um doce para as “fadas madrinhas” que escaparam dessa operação, que é a expressão utilizada também para denunciar à polícia os malfeitores...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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