Sexta-feira, 28 de maio de 2021 - 10h36
Desde março do ano passado quando faleceu a primeira vítima
da Covid-19, em Rondônia, eu tenho escrito algo sobre os que partiram as
famílias órfãs; destacamos os profissionais que fez muito mais do que estava
previsto: amaram e acolheram os doentes em seus últimos momentos (porque até
isso essa pandemia retirou de nós, o direito a acompanhar o último suspiro dos
que amamos); nomeei as vítimas no caso dos policiais civis e militares que
atuavam na linha de frente do enfrentamento junto com enfermeiros, auxiliares,
fonoaudiólogos e também o pessoal dos serviços gerais que garantem a limpeza e
os trabalhadores da cozinha dos restaurantes de campanha que servem muito mais
que alimento para os que podem comer: servem positividade, pois se tornou
impossível viver sem empatia ao próximo...
Então, dia 20 desse mês recebi o áudio surpreendente de um
policial civil que me auxiliou na construção do artigo “Anjos e Heróis contra a
Covid-19 Policiais civis” que um mês depois também seria vítima da doença
avisando: “você têm homenageados os mortos da Covid, e de mim amiga você não
vai escrever não! Eu estava com 99% do pulmão comprometido e hoje, 40 dias
depois de UTI, estou com 100% de vida!”.
Você está certíssimo, APC Nilton: vamos falar dos que
sobreviveram, isso não é desrespeitoso aos que partiram, nem aos que estão
sofrendo nesse segundo pela perda de um querido!
Vida e
sobrevida
Nos últimos 14 meses de pandemia, 227 mil 663 rondonienses
foram contaminados pelo coronavírus. Destes 215 mil e 732 são sobreviventes!
Nesse total estão pacientes que foram contaminados e realizaram o tratamento em
casa, os que passaram por Upas; os que foram internados nas enfermarias dos
hospitais de campanha; nos hospitais particulares e nos privados dos 52
municípios rondonienses, e os internados em UTIs, também em outros estados.
O condutor de transporte escolar, Édio Gomes, o Dió, como é
conhecido, é um desses sobreviventes que jamais terá uma vida normal pós-pandemia.
Ele é uma pessoa que acredita que nada acontece sem que Deus permita, por isso
ao vê-lo por aí sempre brincando numa conversa você esquece que nos últimos
dois meses ele perdeu sua amada “mamãe, a dona Hilda”, como não tinha vergonha
de dizer mesmo sendo um homem de quase 50 anos.
Dió teve duas, das cinco irmãs internadas ao mesmo tempo em
que sua mãe estava entubada na UTI. Quando já sofria o luto da perda da
genitora e ajudava nos cuidados com as irmãs também foi contaminado.
Dió ficou mais 20 dias em enfermarias de dois hospitais de
campanha, de Porto Velho. Foi desses casos ditos como intermediário de
gravidade, que não precisa de oxigênio durante o tratamento, no entanto até
hoje faz tratamento em sua residência. Ficou com 50% do pulmão comprometido e
toma medicamentos para controlar uma infecção.
“Não posso falar muito e nem fazer nenhum esforço como
lavar o carro que fico cansado, com falta de ar e o pulmão fica como se fosse
estourar”, explica Dió. Apesar de tudo o que ocorreu ele só tem gratidão pela
vida, pela família: esposa, filhos, irmãos, pai e principalmente aos muitos
amigos que realizaram orações e os que contribuíram para que o processo de
internação. O condutor de transporte escolar ficou dois dias na UPA da zona sul
aguardando uma vaga para internação. Nessa época, a fila de espera por um leito
nos hospitais de campanha e outros de enfrentamento da Covid-19, era de 60
pessoas.
No momento, ele tem sobrevivido como todos os trabalhadores
do transporte escolar do Brasil, que não foram beneficiados com o auxílio
emergencial do governo federal e não tiveram apoio alguns dos governos
estaduais e municipais. Toda uma categoria, o que significa centenas de
famílias sofrendo as dificuldades impostas pela falta de salário e a dignidade
em conseguir se manter sem o apoio de amigos ou familiares.
Recuperando
para voltar para casa
O agente da polícia civil, Nilton Cavalcante é uma das poucas pessoas que sabe exatamente quando foi infectado pelo coronavírus. “Eu fui fazer um serviço externo de busca de suspeitos e entramos numa casa que tinha três rapazes muito parecidos. Pegamos um e quando entramos na viatura percebemos que não era o que procurávamos. Antes de sair ele espirou em cima de mim. Quando perguntei o que ele tinha a resposta me preocupou. Ele falou que estava cuidando de uma tia que tinha contraído a Covid. Três dias depois em casa comecei a ter calafrios e disse para a minha esposa Sylvia que estava com Covid. Fiz o exame e já iniciei o tratamento. Uns dias depois com a oxigenação do sangue muito baixa fui para um hospital e lá devido à gravidade da situação, minha esposa já organizou transferência para um hospital em outro estado. Foi uma corrida contra o tempo. A UTI móvel levou nove horas daqui para São Paulo e tivemos que parar em Goiânia para reabastecer porque, oxigênio que tinha acabado. Eu estava muito ruim, mas consciente ainda”.
Nilton ficaria intubado durante 40 dias. Foi extubado três
vezes e passou 10 vezes pela manobra PRONA – aquela em que o paciente fica de
barriga pra baixo para ajudar a melhorar a função dos pulmões dos doentes com
insuficiência respiratória da unidade de terapia intensiva. Esse feito o tornou
uma referência no hospital Albert Einstein. Nunca até então, um paciente passou
por esse tratamento tantas vezes e sobreviveu.
Dia 6 de junho, Nilton irá desembarcar em solo rondoniense.
Está fazendo fisioterapia duas vezes ao dia para restabelecer as funções
normais do seu corpo, reaprendendo a andar e até respirar! Esse já era um dia
muito especial na sua vida familiar. Foi quando conheceu a esposa Sylvia Helena
Almeida de Barros, na promotoria da infância. Os dois trabalhando. Amor à
primeira vista que os uniria para sempre em momentos de alegria, conquistas, tristeza
e provações como foi o da pandemia.
“Vou completar 13 anos de um casamento que é benção em
minha vida desde o início. Temos um relacionamento que os amigos dizem que não
somos marido e mulher, somos cumplices! E, nesse período todo que estive em
coma, tive momentos em que delirei e esqueci até o nome da minha companheira.
Ela esteve internada comigo também nesses 40 dias. Sylvia emagreceu mais de 15
quilos, porque não tinha como sair de perto de mim nem para comer. Só tenho
gratidão por ela e por todos os parentes, os amigos, os conhecidos que se
mobilizaram para ajudar a custear as despesas de minha internação aqui”,
agradeceu emocionado em um áudio, Nilton.
Só posso dizer: Sejam bem vindos à vida, Dió e Nilton!
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