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Viviane Paes

Você prefere motoristas de aplicativos e táxi vacinados ou não contra a Covid19?!


Você prefere motoristas de aplicativos e táxi vacinados ou não contra a Covid19?!   - Gente de Opinião

Em dezembro de 2020, a inglesa Margareth Keenan, de 90 anos se tornou a primeira pessoa a receber a vacina contra a Covid-19 fora dos estudos clínicos.

De lá para cá, outras 13 bilhões de doses foram administradas em todo o mundo, incluindo os reforços e os imunizantes atualizados, que protegem contra as variantes mais recentes. “A vacina, apesar de todas as controvérsias marcou a diferença entre morrer e sobreviver para muitas pessoas”, resume a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Desde que as doses começaram a ser aplicadas na maioria da população, as taxas de internações e mortes decorrentes das complicações relacionadas ao coronavírus caíram consideravelmente. Dados divulgados nessa segunda semana de dezembro de 2022 pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde - Conass demonstram:

Pico da onda de março/abril de 2021: média de 75 mil casos e 3 mil mortes por dia.

Pico da onda de janeiro/fevereiro de 2022: média de 189 mil casos e 950 mortes por dia.

A partir do momento que os imunizantes contra o coronavírus foram liberados pelo mundo, muitas empresas tornaram obrigatória a vacinação dos funcionários. Uma delas foi à americana UBER, pioneira no desenvolvimento de aplicativo de mobilidade urbana em 2010. Mas, essa obrigatoriedade de comprovar que os motoristas de aplicativos estão devidamente imunizados contra o coronavírus não acontece no Brasil, sabiam?! Sentiram certo desconforto e insegurança com essa informação? Eu sim, na prática.

 

 Relembrando o caos

Você lembra como foi à semana que antecedeu o Natal de 2021? E o de 2020?! Eu me lembro da ausência da movimentação natural desse período, das compras nos supermercados lotados, da agitação dentro e fora das lojas no centro da cidade, ou dentro do shopping... Daquela lista extensa do cardápio festivo em que sempre falta algo de última hora. Lembraram que nada disso ocorreu nos dois primeiros anos da pandemia da Covid-19?!

Pois é, já peço desculpas por quebrar o clima festivo desse final de ano de 2022, abordando um assunto delicado, mas ainda necessário para o momento em que vivemos! Compartilharei alguns dados que descobri durante a pesquisa para desenvolver esse tema, que surgiu após uma corrida corriqueira a uma unidade de saúde para tomar a terceira dose da vacina de imunização do coronavírus. Como de costume, a jornalista que sou me impede de fazer diferente. Vamos lá!

Na última década surgiram centenas de aplicativos de serviços de mobilidade urbana pelo mundo e também no Brasil, onde atualmente estão trabalhando 1,5 milhão de pessoas com transporte de passageiros e entregas de mercadoria. Segundo pesquisa divulgada pelo IPEA – Instituto e Pesquisa Aplicada, em maio de 2022, a maioria (61,2%) é de motoristas de aplicativo ou taxistas, 20,9% fazem entrega de mercadorias em motocicletas e 14,4% são moto taxistas.

Vou destacar os 61,20%, 945 mil motoristas de aplicativo e taxistas que atuam nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, onde não existe a obrigatoriedade em lei do condutor profissional comprovar que foi imunizado contra a Covid-19. Existe uma recomendação em algumas dessas empresas de aplicativo de transporte de passageiros à imunização até a segunda dose de qualquer uma das cinco vacinas disponíveis.

Sempre compartilho um vídeo de apresentação da temática da semana, em minhas redes sociais sobre o assunto que irá para o meu Podcast, o VivicaCast e fui chamada atenção para a parte delicada desse assunto: o direito que todos temos de não aceitar qualquer uma das vacinas oferecidas pelo motivo mais que divulgado de que não houve tempo hábil para testagem delas.  Ou seja, os efeitos colaterais e reações futuras são desconhecidos dos pesquisadores, que lutaram durante meses trancafiados em laboratório, longe de familiares e amigos que adoeciam e morriam vítimas da Covid-19...

Concordo totalmente que todo tem o direito de decidir se queremos ou não arriscar nossas vidas com uma medicação que não foi testada dentro do tempo mínimo exigido! E, já que estamos falando do senso comum ético e legal, não deveríamos discutir também o direito dos passageiros de aplicativos de mobilidade urbana e de táxi de optarem por utilizar esse serviço estando conscientes de que o motorista indicado pelo aplicativo está imunizado ou não contra o coronavírus?

Seria invasivo demais vermos impresso nos veículos o certificado de vacina da Covid19, emitido no portal do SUS, dessa categoria? Eu teria menos insegurança escolhendo um prestador desse tipo de serviço que estivesse devidamente imunizado, igual eu estou! Você, não?!

Caso da vida real

Faltando uma semana para o Natal, como volta a ser comum nesse período, aumenta a movimentação em todas as cidades dos consumidores fazendo as compras natalinas nos comércios, diferente da demanda dos dois primeiros anos da pandemia da Covid19, quando sofremos com o distanciamento social e lockdown.  

Atualmente 88% da população brasileira adulta estão imunizadas com a primeira dose da vacina anti-Covid e apenas 81% com a segunda dose. Consequentemente os casos de contágio pelo coronavírus continuam ocorrendo em todo País e crescendo de forma preocupante também os números de óbitos.

Em Porto Velho, capital de Rondônia, berço do Complexo Hidrelétrico das Usinas do Rio Madeira, onde resido não está sendo diferente, infelizmente! Nas primeiras semanas de dezembro ocorreu um crescimento no número de leitos ocupados por doentes pela Covid19 na rede pública e privada de saúde em mais de 70%.

No último sábado, 17 de dezembro, o governo do estado de Rondônia, através da Agevisa – Agência Estadual de Vigilância em Saúde divulgou que 106 leitos estavam ocupados com casos de Covid; 98 pacientes em unidades estaduais, 06 em unidades municipais e 02 pacientes em hospitais particulares. Nesse dia uma pessoa perdeu vida em consequência do coronavírus. A maioria dos contágios e óbitos é de pessoas que não haviam completado a cobertura vacinal. A maioria não passou da segunda dose.

Como brasileira que sou estava também incluída nessa listagem e fui completar a cobertura vacinal. Selecionei o segundo aplicativo de mobilidade mais utilizado na cidade, uma franquia nacional. Estava com meu filho e uma vizinha e logo de cara fomos surpreendidos com um motorista sem máscara, mas com os vidros das portas do veículo abertas. Quando ele viu o destino que iríamos, um posto de saúde na zona leste, perguntou se iríamos vacinar contra a Covid19. Diante de nossa afirmativa, a conversa se tornou um monólogo bem estranho!

O senhor dos seus 50 anos compartilhou orgulhosamente: “tinha parado na segunda dose da imunização da pandemia, porque tinha sofrido mais com os sintomas pós-vacina do que com a Covid-19”. Não resisti e perguntei se ele já havia contraído a doença e ele disse que não sabia, nunca tinha feito exame algum. Muitos da sua família tinham sido contaminados pelo coronavírus, alguns conhecidos vindos a óbito, no entanto ele achava – não tinha certeza que não tinha, pois tomava muitas garrafadas de ervas desde o início da pandemia fortalecendo o sistema imunológico!

Sim, é isso mesmo que vocês leram e eu aceitei sem criticar o argumento, afinal ele era no momento detentor da minha e das vidas dos demais naquele veículo. Quando chegamos ao nosso local de destino, suspiramos os três como se fossemos instrumentos de uma orquestra... Muito bizarra, a situação, concordam? Ou, melhor discordem à vontade, afinal sou apenas a sistematizadora desse momento!

 

O que podemos fazer como usuários de aplicativos e táxi?

Então vamos lá, relembrando alguns números preocupantes: 1,5 milhão de trabalhadores em aplicativos de passageiros e entregas de mercadorias no Brasil, sendo que 61% atuam em aplicativos de mobilidade urbana que trabalham sem a obrigatoriedade de comprovar se tomaram uma única dose de vacina contra a Covid-19, ou completaram a cobertura vacinal...

Lembrem também que lá nos Estados Unidos, o governo tornou obrigatória a vacinação de todos os trabalhadores desde as microempresas até as gigantes como a Microsoft e a Uber. Grande parte dos países europeus não impôs a vacinação anti-Covid, por exemplo, nosso vizinho Portugal onde a imunização ainda é voluntária.

O assunto é delicado realmente, mas não é tão difícil de resolver ou remediar, concorda? O que quero colocar em discussão é o direito do passageiro e cliente desse meio de transporte de decidirem se irão utilizar ou não esse serviço quando o motorista não quiser, ou não puder comprovar que está imunizado ao menos parcialmente contra a Covid19. Resumindo: transparência nessa situação, da mesma maneira como os estudantes, professores, médicos, enfermeiros, motoristas de transporte coletivo; trabalhadores nas usinas do Rio Madeira; funcionários públicos e dezenas de outros profissionais foram “obrigados” a estarem imunizados para desempenharem suas funções e receberem seus salários sem colocar em risco á saúde das demais pessoas...

Sem perseguição alguma a essa ou aquela categoria de trabalhadores, pois tenho amigos, vizinhos e até parentes em outros estados que estão de forma exclusiva ou temporária nos aplicativos de mobilidade. Entretanto, devemos convocar alguns políticos de estimação eleitos no último pleito e nos anteriores à pandemia para buscar uma solução democrática e legal para esse problema!

Para não deixar algo meio solto nessa questão, além da situação vivenciada que compartilhei tem as informações básicas de formas de contágio do coronavírus: por gotículas de saliva, por contato em superfícies contaminadas, a proliferação em ambientes fechados parando por aí, pois muitos outros se encaixam nesse meio de transporte que foi adotado por centenas de pessoas no dia a dia pela praticidade, pelo valor, pelo tempo entre outras vantagens. Mas, não devemos fingir que não vemos as desvantagens e principalmente os riscos também!

Enfim... Hohoho Feliz Natal com muita saúde para todos!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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