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Carlos Sperança

Em Rondônia se aplica aquele adágio popular que “os últimos serão os primeiros”


Em Rondônia se aplica aquele adágio popular que “os últimos serão os primeiros” - Gente de Opinião

Catástrofe exige união

A piada catastrofista de que o Brasil cercado seria prisão e coberto seria circo piorou com as tragédias mais recentes. Prisão ou circo, agora tudo é catástrofe. Por seca, inundação, ventos, desmonte ou insuficiência dos serviços públicos, todas as regiões do país sofrem. Por trás de tudo, a crença ingênua ou omissa de que tudo se resolve por magia leva a mais tragédias.

Uma é o desvio de verbas que deveriam estar reservadas para a prevenção e acabam gastas sem critério nas épocas de bonança, favorecendo esquemas político-eleitorais. Quando o castigo pela imprevidência vem, na forma de fenômenos climáticos extremos, as bolhas polarizadas apontam o dedo acusador uma para a outra, o que no fim das contas torna todos culpados por tudo.

Quando a percepção da tragédia vira jogo de empurra, a objetividade perde. Em casos de guerra, crise ou tragédias as comunidades deveriam se unir. Enquanto a resposta aos problemas for aguardar a magia funcionar ou criticar adversários os resultados ficarão sempre abaixo das necessidades.

Um olhar do mundo sobre o Brasil notou que em 2023 as regiões Nordeste e Sul foram as mais afetadas e os estados campeões de decretos de emergência ou calamidade foram o Rio Grande do Sul e a Bahia, de acordo com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. A seca na Amazônia não aparece nesse mapa, embora a região não tenha sofrido menos.  

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Na história

As primeiras eleições gerais no estado de Rondônia, com a escolha de vereadores, prefeitos, vices, deputados estaduais e federais e senadores, ocorreram em 1982. A escolha do prefeito da capital, Porto Velho, só aconteceria em 1985, com o ex-deputado federal Jeronimo Garcia de Santana (MDB). Também a eleição de governador pelo voto direto seria adiada para 1986, obtendo sucesso o então prefeito da capital, Jeronimo Santana (MDB). Com isto se acabaram as nomeações de prefeitos e governadores em Rondônia, o que perdurava desde os idos do território.

Novas lideranças

Nas primeiras eleições gerais em 1982, despontariam novas lideranças políticas regionais em Rondônia sepultando as antigas. Prefeitos do porte de Roberto Jotão Geraldo em Ji-Paraná, Vitório Abraão em Vilhena, deputados estaduais que no futuro se tornariam governadores e ministro, casos de Oswaldo Piana Filho (Porto Velho) e José Bianco (Ji-Paraná), e Amir Lando (MDB) que foi Ministro da Previdência, deputados federais da estatura de Chiquilito Erse, Olavo Pires, Assis Canuto e Francisco Sales. Entre os senadores eleitos em 1982, estavam Odacir Soares (Porto Velho), Claudionor Roriz (Ji-Paraná) e Reynaldo Galvao Modesto (Ouro Preto).

Nomes destacados

 Das eleições de 82 nasceriam lideranças que se destacariam nos anos seguintes. Caso do deputado estadual Ângelo Angelim (MDB-Vilhena) que acabou governador nomeado sucedendo o mito Teixeirão na era da Nova República, unindo MDB/PFL, Oswaldo Piana e José Bianco pelo voto direto. Desta geração despontariam ainda em 1986, os senadores como Ronaldo Aragão (Cacoal) e Olavo Pires (Porto Velho). Foram anos também de muita rapinagem da classe política rondoniense, o que decretaria em anos seguintes a falência do Beron, da Ceron, da Caerd, etc. Tem gente enrolada até hoje com a justiça.

Eleições 2024

Em 2024 teremos apenas eleições municipais, 42 anos depois daquela primeira e tendo como pano de fundo as eleições quase gerais de 2026, com a escolha dos governadores, senadores, deputados estaduais e federais. Poucas lideranças políticas da eleição de 82, ainda estão firmes e fortes, como José Bianco (Ji-Paraná), Amir Lando (Porto Velho), Tomás Correia (Jaru), Ernandes Amorim (Ariquemes), Vitório Abraão (Vilhena), Assis Canuto (Ji-Paraná), entre outros nomes ilustres esquecidos injustamente por este colunista relapso e desmemoriado.

Últimos e primeiros

Em Rondônia se aplica aquele adágio popular que “os últimos serão os primeiros”. Vejam só: o deputado estadual Ângelo Angelim foi o menos votado em 82 e acabou governador nomeado em 85. Nem era para ser deputado, pois o eleito foi Joaquim Azevedo (Cacoal), que na recontagem de votos, perdeu alguns sufrágios e acabou sem o cargo. Joaquim quase teve um enfarte, tinha viajado logo depois das eleições para São Paulo, quando recebeu a notícia. O que dizer, do vereador José Guedes, em Porto Velho, o vereador menos votado e salvo numa recontagem de votos, por um voto identificado da sua esposa, que se torrou então vereador e posteriormente prefeito nomeado de Porto Velho?

Via Direta

*** Numa coluna dedicada a história política de Rondônia, também pode ser lembrado, o quanto havia de perseguição política por aqui desde os idos do território. Na alternância de poder, muitos eram perseguidos e “desterrados” *** Lembrando que ser transferido para Costa Marques, na época, era considerado desterro, por se tratar de uma localidade longínqua do centro do poder. *** O professor e depois deputado estadual Jerzy Badocha foi um dos “privilegiados” pela transferência para o então distante Vale do Guaporé *** Tomás Correia, brilhante deputado e prefeito nem tanto, quase ficou fora da eleição de 1982, perseguido por Teixeirão teve que ser desterrado e ficar um tempo em Roraima. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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