Quinta-feira, 4 de abril de 2024 - 08h00
A
piada catastrofista de que o Brasil cercado seria prisão e coberto seria circo piorou
com as tragédias mais recentes. Prisão ou circo, agora tudo é catástrofe. Por
seca, inundação, ventos, desmonte ou insuficiência dos serviços públicos, todas
as regiões do país sofrem. Por trás de tudo, a crença ingênua ou omissa de que
tudo se resolve por magia leva a mais tragédias.
Uma
é o desvio de verbas que deveriam estar reservadas para a prevenção e acabam gastas
sem critério nas épocas de bonança, favorecendo esquemas político-eleitorais.
Quando o castigo pela imprevidência vem, na forma de fenômenos climáticos
extremos, as bolhas polarizadas apontam o dedo acusador uma para a outra, o que
no fim das contas torna todos culpados por tudo.
Quando
a percepção da tragédia vira jogo de empurra, a objetividade perde. Em casos de
guerra, crise ou tragédias as comunidades deveriam se unir. Enquanto a resposta
aos problemas for aguardar a magia funcionar ou criticar adversários os
resultados ficarão sempre abaixo das necessidades.
Um
olhar do mundo sobre o Brasil notou que em 2023 as regiões Nordeste e Sul foram
as mais afetadas e os estados campeões de decretos de emergência ou calamidade
foram o Rio Grande do Sul e a Bahia, de acordo com o Ministério da Integração e
Desenvolvimento Regional. A seca na Amazônia não aparece nesse mapa, embora a
região não tenha sofrido menos.
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Na história
As
primeiras eleições gerais no estado de Rondônia, com a escolha de vereadores,
prefeitos, vices, deputados estaduais e federais e senadores, ocorreram em
1982. A escolha do prefeito da capital, Porto Velho, só aconteceria em 1985,
com o ex-deputado federal Jeronimo Garcia de Santana (MDB). Também a eleição de
governador pelo voto direto seria adiada para 1986, obtendo sucesso o então
prefeito da capital, Jeronimo Santana (MDB). Com isto se acabaram as nomeações
de prefeitos e governadores em Rondônia, o que perdurava desde os idos do
território.
Novas lideranças
Nas
primeiras eleições gerais em 1982, despontariam novas lideranças políticas
regionais em Rondônia sepultando as antigas. Prefeitos do porte de Roberto Jotão
Geraldo em Ji-Paraná, Vitório Abraão em Vilhena, deputados estaduais que no
futuro se tornariam governadores e ministro, casos de Oswaldo Piana Filho (Porto
Velho) e José Bianco (Ji-Paraná), e Amir Lando (MDB) que foi Ministro da
Previdência, deputados federais da estatura de Chiquilito Erse, Olavo Pires,
Assis Canuto e Francisco Sales. Entre os senadores eleitos em 1982, estavam Odacir
Soares (Porto Velho), Claudionor Roriz (Ji-Paraná) e Reynaldo Galvao Modesto
(Ouro Preto).
Nomes destacados
Das eleições de 82 nasceriam lideranças que se
destacariam nos anos seguintes. Caso do deputado estadual Ângelo Angelim (MDB-Vilhena)
que acabou governador nomeado sucedendo o mito Teixeirão na era da Nova República,
unindo MDB/PFL, Oswaldo Piana e José Bianco pelo voto direto. Desta geração
despontariam ainda em 1986, os senadores como Ronaldo Aragão (Cacoal) e Olavo
Pires (Porto Velho). Foram anos também de muita rapinagem da classe política
rondoniense, o que decretaria em anos seguintes a falência do Beron, da Ceron,
da Caerd, etc. Tem gente enrolada até hoje com a justiça.
Eleições 2024
Em
2024 teremos apenas eleições municipais, 42 anos depois daquela primeira e
tendo como pano de fundo as eleições quase gerais de 2026, com a escolha dos governadores,
senadores, deputados estaduais e federais. Poucas lideranças políticas da
eleição de 82, ainda estão firmes e fortes, como José Bianco (Ji-Paraná), Amir
Lando (Porto Velho), Tomás Correia (Jaru), Ernandes Amorim (Ariquemes), Vitório
Abraão (Vilhena), Assis Canuto (Ji-Paraná), entre outros nomes ilustres
esquecidos injustamente por este colunista relapso e desmemoriado.
Últimos e primeiros
Em
Rondônia se aplica aquele adágio popular que “os últimos serão os primeiros”.
Vejam só: o deputado estadual Ângelo Angelim foi o menos votado em 82 e acabou
governador nomeado em 85. Nem era para ser deputado, pois o eleito foi Joaquim
Azevedo (Cacoal), que na recontagem de votos, perdeu alguns sufrágios e acabou sem
o cargo. Joaquim quase teve um enfarte, tinha viajado logo depois das eleições
para São Paulo, quando recebeu a notícia. O que dizer, do vereador José Guedes,
em Porto Velho, o vereador menos votado e salvo numa recontagem de votos, por
um voto identificado da sua esposa, que se torrou então vereador e posteriormente
prefeito nomeado de Porto Velho?
Via Direta
*** Numa coluna dedicada a história
política de Rondônia, também pode ser lembrado, o quanto havia de perseguição
política por aqui desde os idos do território. Na alternância de poder, muitos
eram perseguidos e “desterrados” *** Lembrando que ser transferido para Costa Marques,
na época, era considerado desterro, por se tratar de uma localidade longínqua
do centro do poder. *** O professor e
depois deputado estadual Jerzy Badocha foi um dos “privilegiados” pela transferência
para o então distante Vale do Guaporé *** Tomás Correia, brilhante deputado
e prefeito nem tanto, quase ficou fora da eleição de 1982, perseguido por Teixeirão
teve que ser desterrado e ficar um tempo em Roraima.
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