Quinta-feira, 22 de setembro de 2022 - 08h12
O
pensador israelense Reza Aslan supõe que se a religião for a experiência particular
de conexão espiritual não faz sentido misturá-la com política, mas não
respeitar a mistura de religião com política seria antidemocrático. Política é
uma arena para a discussão de ideias e não a imposição de visões do mundo,
religiosas ou não, pela força. Quando isso acontece, a democracia sofre e a
seita agressora se desmoraliza.
A
designação de um cardeal para a Amazônia pelo papa Francisco poderia ser
considerada manifestação política da Igreja Católica, como as de seitas
fundamentalistas apoiando candidatos nas eleições? A rigor, sempre haverá alas
que advogam o predomínio da espiritualidade sobre o fator político, mas também
correntes que não concebem ação espiritual cega para o sofrimento humano. Nas
religiões em geral, via de regra, a ação política do indivíduo, crente ou não, é
um direito.
A
única prática vista com desconfiança e reprovação é a malícia embutida na
submissão da fé, das estruturas religiosas e a venda de rebanhos de crentes a
interesses eleitorais. Nesse sentido, um cardeal para a Amazônia é apenas uma providência
administrativa. As manifestações de cunho espiritual ou político são legítimas quando
não se rendem a “barras de ouro, de rio ou saia”, motivações da perdição dos
homens, de acordo com Mário de Andrade em “Macunaíma, o herói sem nenhum
caráter”.
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Em Rondônia
A
eleição em Rondônia chega à reta final com os candidatos priorizando os redutos
em regiões decisivas. São os casos de Porto Velho, Vale do Jamari, polarizada
por Ariquemes e a Região Central, que tem como centro de irradiação o município
de Ji-Paraná. Lembrando que Porto Velho, a capital, conta com mais eleitores do
que os municípios de Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena juntos e vai daí a
instalações dos QGs por aqui. Para governador com Marcos Rocha na frente, seguido
de Marcos Rogério, ao Senado, atenção para a corrida de recuperação do Senador
Acir Gurgacz (PDT) que resgatou seus direitos e está emplacando posições importantes
nos redutos adversários.
A peregrinação
Com
a necessidade de afirmação em alguns redutos do Sudeste –está perdendo no Rio de
Janeiro – o ex-presidente Lula está priorizando sua campanha nos grandes
centros e delegando sua campanha nos redutos bolsonaristas para seu vice Geraldo
Alckmin visando ampliar o diálogo com o agronegócio, principal fonte de apoio
do seu adversário Jair Bolsonaro. Assim sendo, Alckmin iniciou uma visita de
dois dias as tocas bolsonaristas, como Rondônia, Goiás, MT etc. Bolsonaro também
viceja no Acre e Roraima, enquanto leva a pior nos estados do Amazonas e do
Pará, na região Norte.
As nominatas
Estudando
as nominatas de candidatos à Câmara dos Deputados neste final de semana
constatei que poucos nomes têm condições de enfrentar os representantes governistas
em pé de igualdade. A chapa do União Brasil é poderosa e favorita, no papel,
para eleger a maior parte dos deputados. No âmbito bolsonarista ainda tem as
nominatas do MDB, PSC e Republicanos bem constituídas. Fora deste âmbito, Mauro
Nazif (PSB) aparece com mais chances. Também é possível que o PT emplaque pelo
menos um parlamentar, já que se trata do partido do presidente Lula, favorito na
peleja nacional.
O dever de casa
É
fundamental para os candidatos ao governo do estado e ao Senado fazer o dever
de casa nesta campanha, ou seja, vencer bem em seus redutos e ainda bicar
alguma coisa nas tocas dos adversários. Neste sentido, o governador Marcos
Rocha (União Brasil-_Porto Velho) e o senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná)
estão cumprindo bem este papel. A grande decepção por enquanto é Leo Moraes
(Podemos-Porto Velho), favorito para a disputa na capital, que despencou com a
aliança com Expedito. Ao Senado esperava-se bem mais de Jayme Bagatolli - até a
ponteira - mas o que se vê é o
bolsonarista perdendo terreno até no Cone Sul.
Taca-lhe o pau!
Os
últimos dias serão de muita pauleira em cima do governador Marcos Rocha (União
Brasil-Porto Velho). Os adversários querem emparelhar a parada e todos vão
centrar suas atenções para derrubar o mandatário do poleiro. A novidade agora é
que também o linguarudo Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná) vai provar do próprio
veneno, ou seja, receber muitas bordoadas dos adversários. Paralelamente,
existem algumas expectativas. 1- Quais
candidatos serão beneficiados pelo efeito manada ao governo e ao Senado? 2- Com
Lula ameaçando ganhar em primeiro turno, Daniel Pereira poderá chegar a reta
final melhor na foto nas intenções de votos? 3- Uma onda Acir colocando o
senador novamente no páreo depois da extinção da punibilidade e seus direitos
resgatados.
Via Direta
*** Sem dó e piedade seguem as
invasões e terras indígenas, parques e reservas federais em Rondônia. Em boa
parte dos casos tem políticos e figurões influentes nas paradas *** Com isto temos
danos ambientais irreparáveis nos ecossistemas, poluição dos rios,
desmatamentos, queimadas etc *** Temos mais
um pleito repleto de militares e pastores evangélicos se arriscando na política.
A fragmentação dos votos nos dois segmentos será enorme e os atuais deputados
destas representações padecendo para se reeleger *** O PSB está
entusiasmado com o crescimento nesta reta final do deputado federal Mauro Nazif
a reeleição e do professor universitário Vinicius Miguel *** Animados, eles aceleram o passo com reuniões e caminhadas pelas
principais avenidas da capital rondoniense *** Vilhena está fervilhando com
eleições gerais e logo em seguida o pleito do prefeito tampão.
A disputa pelas cadeiras a Câmara dos Deputados em Rondônia vai ficar bem congestionada em 2026
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