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Beto Ramos

Diz a lenda – Canoa sem rio


Diz a lenda – Canoa sem rio - Gente de Opinião

Por: Beto Ramos
 

O samba veio primeiro

depois, chegaram às injustiças.

A canoa não poderia navegar sem o rio.

O conflito traz a poesia.

Rima nenhuma poderia combinar com o samba que não cantas.

O samba veio das ruas, com cheiro de cachaça inebriado pelo perfume da liberdade.

O samba veio primeiro e não poderia rimar com insensatez.

O samba veio primeiro nos blocos de sujo, com a alma limpa.

O samba, de menino levado, cresceu.

Mas, traquino que é, estará sempre nas ruas incomodando quem se incomoda com a beleza do samba.

O samba veio primeiro sem dono e com rumo certo.

Agora querem impor preço ao perfume da liberdade.

E a liberdade, não poderia pertencer a quem acha que o samba é seu.

O samba veio primeiro cantando a mulher amada, rimando com a nossa cidade, navegando nas águas cristalinas dos rios de nossas vidas.

O samba veio primeiro na alma do mestre de bateria.

Percorre nossas veias com o frenético som dos instrumentos como as batidas do coração.

O samba é Pura Raça!

É Tsunami diante dos banzeiros das incoerências.

O samba é cheio de paz quando fica embaixo da sombra da Castanheira.

A luz daquele farol ilumina o caminho dos sambistas.

O samba veio primeiro, e renasce no rumo leste das nossas vidas.

O samba é Caiari!

O samba veio primeiro, o que veio depois foi à inconveniente mania de colocar pires nas mãos dos nossos grandes sambistas.

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é.

É ruim da cabeça ou chegou bem atrasado no samba da nossa cidade.

O samba veio primeiro e alguns irão passar, pois canoa não navega sem o rio.

Tem fumaça branca se formando no céu cinzento da nossa cultura.

 

Diz a lenda

 

 

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