Quinta-feira, 19 de março de 2015 - 14h32
Por: Beto Ramos
Acordamos cedo.
Lavamos o rosto no giral ainda iluminado pela luz da lamparina.
Precisávamos passar na fábrica de telha próxima a Catedral, pois o velho já estava lá.
- Vambora menino, anda depressa!
- Tu aprendeu as contas de diminuir e somar?
- Acho que aprendi!
- Se tu não aprendeu vai levar uma peia de cipó de cuieira!
- Precisamos pegar as trouxas de roupas para lavar lá nos Milagres!
- Tem que pegar o leite de camburão e o quibe!
- Domingo vou ver a Furiosa, se não tiver roupa pra lavar.
Estas lembranças são guardadas na memória como porta sempre aberta.
A velha senhora caminhava rápido com o porronca no canto da boca.
O cabelo assanhado... Os olhos ainda com remelas... O nariz escorrendo... Eu tentava andar depressa.
- O preguinho que segura à alça da sandália soltou... Espera por mim!
- Caminha rápido, precisamos passar para pegar as roupas das meninas do Randevu!
Aquela infância passou muito rápido.
A vida acompanhada do tempo tentou apagar algumas lembranças.
Fechando os olhos seria impossível não lembrar as verdades que formaram a personalidade.
Ali nos Inocentes, adormece a velha senhora com seus ombros cansados de carregar suas trouxas da sobrevivência.
Acordei cedo.
Lavei o rosto no banheiro muderno, como diria seu Abílio.
Senti o cheiro da fumaça da lamparina.
Caminhei em frente à Catedral... O velho já não estava por ali.
Mas, ainda senti aquela voz nos ouvidos!
- Vambora menino, caminha rápido que o Milagre fica longe.
Instintivamente respondi: - Calma que a barriga tá fazendo barulho, acho que foi o leite de camburão ou o capitão de feijão.
Apenas minha imaginação... Confusa como estas palavras.
Ainda senti aquela brisa bem diferente de cidade provinciana.
Os Milagres eram tão longe.
Hoje é fácil descobrir que o milagre foi compreender que precisávamos passar por aqueles caminhos.
Nem mais nem menos.
Talvez compre uma lamparina.
Aquela velha senhora poderia existir em nossas memórias.
Ela pode existir nas lembranças de alguém que caminha nas ladeiras modificadas do nosso Centro Velho, que o velho tanto conheceu.
A velha senhora também passou por ali.
Quem não passou nestes lugares foram alguns burocratas que nunca viram uma trouxa de roupa e nem mesmo sabem o que foi tomar leite de camburão.
Estes burocratas com certeza não assistiram nenhum filme no Cine Resky.
E fazem vista grossa ao saberem que o Caiari foi o primeiro conjunto de casas do nosso Brasil.
A velha senhora adormece lá nos Inocentes.
Mas, Com certeza já começou a assombrar com suas trouxas estes que não conheceram a nossa querida cidade de Porto Velho provinciana.
- Vambora menino, que precisamos refazer os caminhos do nosso Centro Histórico e da nossa história.
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