Sexta-feira, 27 de maio de 2011 - 16h36
Por: Beto Ramos
Hoje, acordei cheio de saudosismo.
Olhei a mesa na minha frente e lagrimei os olhos.
Lembrei-me dos cheiros e sabores da casa de minha avó.
Cedinho com o Sol nascendo o cheiro de café invadia a casa.
O café era torrado ali mesmo.
Neste exato momento, sinto o cheiro daquele café que somente vovó sabia fazer.
Mas, o sabor daquele café que vinha no bule, foi pro andar de cima com minha avó.
E tinha bolo de macaxeira.
Pé de moleque.
Tapioca e beiju.
Cuscuz feito na tampa da panela!
Tinha banana frita.
Algumas vezes, na época da pindaíba, tinha chibé.
Curau.
Mingau de banana com tapioca.
Milho cozido.
Havia também bodó com canela e açúcar por cima.
Tinha leite de camburão.
Sozinho, observo a mesa e sinto um grande medo que velhas identidades estejam em declínio.
A cozinha da casa de minha avó possuía uma grande mesa.
No centro desta mesa ficavam sempre a farinheira e uma fruteira que sempre era abastecida com banana prata.
Nossas lembranças não poderiam jamais ser afetadas por esta tal globalização.
Minha identidade é o passado que sempre tento manter no presente.
Havia também doce de leite.
Quando o leite coalhava, minha avó colocava para cozinhar até virar um doce saboroso.
Já vi muita gente fazer.
Igual jamais.
Quando minha avó deu sinais de despedida desta vida, após um terrível derrame, sempre pensei em manter suas histórias, cheiros e sabores.
As histórias qualquer dia desses vou contar.
Quando ela me via, sempre dizia para que eu não esquecesse a velhinha.
E eu dava café escondido, de minha mãe, para ela.
O médico havia proibido.
Sorrindo sempre me dizia:
- Não existe coisa melhor que um cafezinho!
Na minha casa pode faltar tudo, menos café!
Como sinto vontade de sair e ir à casa de minha avó.
Hoje, vou ser avô!
Meu neto além de vascaíno vai ter que conhecer as histórias de minha avó.
Espero tomar café junto com ele.
Vai ter bolo de macaxeira, cuscuz, pé de moleque, tapioca e beiju.
Vai ter que tomar mingau de banana com tapioca.
Vou até tentar fazer doce de leite.
Mas, o leite não pode ser em caixinha, deste que vende no mercadinho.
Precisa ser daqueles que o leiteiro deixava na porta de casa bem cedinho.
Bem, agora vou tomar meu café.
Sozinho.
Mas acompanhado por muitas lembranças que jamais deixarei se perder com esta modernidade que me assusta.
E você lembrou-se de sua avó?
Sempre vai existir uma história a ser contada.
Diz a lenda
Fonte: Beto Ramos - betoramospvh@hotmail.com
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