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Beto Ramos

Diz a lenda – Cine Brasil


Diz a lenda – Cine Brasil - Gente de Opinião

Abri as portas de um Cine Brasil de nossas vidas.

Como num filme mudo, encontrei o Sr. Henrique Valente, que vinha lá do Porto Velho Hotel, também reclamando que tudo mudou.

Alguns que olham, ainda podem ver “A Varanda Tropical”.

Mas, são poucos.

Jorge Bichara estava na esquina do Edifício Monte Líbano.

E dizia: - Nós fomos os primeiros a construir um prédio totalmente em alvenaria.

O engenheiro José Otino de Freitas mostrava para Emídio Alves Feitosa o Deus Mercúrio, que é o Deus do Comércio, que fica observando o centro histórico nas esquinas das Ruas José de Alencar e Barão do Rio Branco.

Abrindo as portas de um Cine Brasil de nossas vidas, não poderíamos ficar mudos como os filmes antigos.

Alguns homens também passavam, e reclamavam dos afrescos pintados na Matriz do Sagrado Coração de Jesus por Padre Ângelo Cerri.

Eram: o engenheiro Francisco Erse, o mestre de obras José Ribeiro de Souza e o pedreiro Crisóstomo Nina.

E muitos baixam a cabeça para rezar sem pedir a Deus para conservar o filme mudo de nossas vidas.

Na exaltação em forma de poesia que o poeta da cidade Ernesto Melo faz a Porto Velho toda sexta-feira, Pedro Renda, lembrava que o prédio antigo do Mercado Modelo possuía uma art-decort, claro que na sua concepção.

Também lembrava da primeira Câmara de Vereadores de Porto Velho, ali na Rua Comendador Ceteno, mas, insistia em dizer que era na Ladeira da Prefeitura.

Alguns, vestidos de branco, comentavam sobre o baile de gala no Clube Internacional.

No Cine Brasil de nossas vidas, sempre fica em cartaz o que desejarmos falar sobre Porto Velho.

Mas naquela época não faltava água.

Eram duzentos mil litros nas Caixas D’água.

Agora são tombadas pelo patrimônio histórico.

Sempre bebi água do Rio Madeira nas sombras das Caixas D’água.

- Não estou vendo o Cine Brasil!

- Silêncio eles desejam que o filme seja mudo!

- Como silêncio se quando nascemos na Maternidade Darcy Vargas choramos e fizemos barulho?

Muitos nasceram na Avenida Carlos Gomes com Rua Rui Barbosa.

Também estudaram na Escola Barão do Rio Branco, Samaritana, Domingos Sávio.

E as normalistas da Escola Carmela Dutra.

Ali, os primeiros professores lecionaram de graça.

Alguém casou ou namorou uma normalista.

O Pedro Renda também lembrou do Dom Bosco.

Dom Bosco é uma das edificações mais antigas de Porto Velho.

Estamos todos olhando para cima.

Edifício, arranha-céu, prédio.

Vou rezar na igrejinha de Santo Antônio.

O sino que tocava a cada quinze minutos no hoje prédio do relógio, vai nos avisar que começa uma nova seção no Cine Brasil de nossas vidas.

Vamos fazer barulho, pois eles desejam que o filme seja mudo.

Quero assistir aos filmes das casas do Mocambo, Triângulo, Caiari, Areal.

Não poderíamos deixar que modificassem o primeiro conjunto de casas do nosso Brasil.

Eu gosto de casa com girau, batente, cheia de mata junta e quem sabe com algumas goteiras para animar o dia.

Mas, chegou o progresso.

No filme mudo de nossas vidas, não vamos deixar o progresso ser a figura principal.

Ele, o progresso já levou embora o Cine Brasil.

Onde moravam nossos avós e nossos pais?

Existe esta preocupação com a manutenção de pedaços da história?

Vejo a casa de minha avó diante de mim.

Com assoalho bem alto e com cerca de estacas.

Mas, só existe na lembrança.

Nem fotografia restou.

Hoje, abri as portas do Cine Brasil de nossas vidas.

Diz a lenda.

 

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Fonte: Beto Ramos - betoramospvh@hotmail.com
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