Sábado, 26 de novembro de 2011 - 08h07
Por: Beto Ramos
Dia vinte e cinco de novembro, é o dia do combate da violência contra mulheres.
Ainda tenho sonhos com a minha velha infância.
Uma infância que ainda existe dentro do meu coração.
Lembro-me que certa vez, minha mãe comentou que grávida de mim, dormia dentro de uma rede junto com meu pai.
Duas redes, uma rasgada, e a boa sobrepondo a rasgada para que dormissem os dois naquele pequeno espaço.
Mas, ficam em nós marcas que nos acompanharão por todas as nossas vidas.
Vejo diante de mim, caírem lágrimas dos olhos de minha mãe.
Porque relembrar de assuntos tão difíceis de guardar do lado esquerdo do peito?
A resposta é aquela com que pautaremos as nossas vidas hoje em dia.
Aquelas lágrimas de minha mãe fizeram de mim, um bom filho, um bom pai, e amanhã quem sabe ser um bom avô.
Tantas vezes saímos na chuva pela noite, com a madrugada fria em busca de ajuda, em lugares que nos fecharam as portas.
Ainda choro, hoje, quando as minhas lembranças me levam a uma rua cheia de lama, com o carro se afastando e nossa cachorra correndo atrás do automóvel, até ficar pequenininha e desaparecer na escuridão.
Dia vinte cinco de novembro, é um dia para se exorcizar o que doía em mim.
Algumas marcas em minha mãe, ainda são vistas dentro dos seus olhos, que possuem o brilho dos meus olhos.
Quando minha mãe lembra da rede, é como se a esperança ainda estivesse naquele dia, para toda uma vida.
Mudamos tantas vezes de casas.
Precisamos refazer amigos em novas ruas.
Moramos de favor, por culpa do vício e da violência por trás de uma personagem criada ao lado de minha mãe.
Brigas sem motivos.
Loucuras tantas vezes perdoadas, mas, insistentemente repetidas até o dia de uma separação de amigos que de casal, tornaram-se inimigos por algum tempo.
Eu precisava falar disso.
Este vinte e cinco de novembro faz de minha mãe um exemplo diante da violência praticada em tantos lares sem que as pessoas saibam.
Meu pai sempre foi um herói para mim.
Mas, também sempre foi o grito no silêncio que minha mãe carregou por tanto tempo.
Mas, não foi o fim de tantas histórias.
A felicidade chegou.
Minha mãe voltou a sorrir.
Eu nunca esqueci.
Minhas irmãs estão junto a mim.
Minha mãe casou-se novamente.
Como a cabeça dos outros é terra que ninguém anda, só ela pode falar da sua felicidade.
Como na história do Ziraldo, de menino maluquinho, tornei-me um cara cheio de versos, que busca ser bacana, mas, que ainda guarda coisas no sótão de sua alma.
Jurei um dia para mim mesmo, que pautaria minha vida longe destas lembranças que tanto machucam a mim, minha mãe e minhas irmãs.
É apenas um desabafo.
Mas, quantos não desejariam neste momento desabafar num dia vinte e cinco de novembro, que precisa ser lembrado todos os dias.
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