Quarta-feira, 26 de outubro de 2011 - 15h19
Por: Beto Ramos
Chegam os pássaros de arribada com seus bicos afiados tentando pousar em palmeiras imperiais.
Trazem nos seus vôos rasantes, o cinza das derrubadas que assustam os açaizeiros, abacaba, patoá, buritizeiro e pupunheiras.
Tentam manter o dedo polegar em riste, quando plantam na entrada da estrada de ferro belas palmeiras imperias, que são belas, mas não poderiam ocupar o lugar dos nossos açaizeiros.
No quintal de minha casa, maracanãs pousam todas as manhãs, fazendo uma festa nos cachos de açaí, que ficam coloridos e cheios de vida.
Açaizeiros de touceira, que envergam e não quebram.
Chegam os pássaros de arribada com suas asas do progresso e modificam leitos de rios.
Com suas sombras assustadoras, retira do seu lugar, o ribeirinho que muitas vezes não pode voar.
Chegam os pássaros de arribada, trazendo gaiolas imaginárias para nos aprisionar longe do que é floresta.
Chegam os pássaros de arribada com suas palavras que muitas vezes nos ofendem.
Estes pássaros possuem o barulho de gralhas de outro lugar.
Chegam os pássaros de arribada e buscam comprar nas bancas do Mercado Central, a identidade de um povo, pedaços de cultura ou litros de história.
Imaginam eles que estaríamos à venda.
Muitos destes pássaros não sabem o que existe embaixo do asfalto do nosso centro histórico.
Chegam pássaros de arribada para desdenhar do nosso carnaval.
O nosso carnaval para mim é lindo, onde já sai de mulher, na bateria de escolas de samba, na Banda do Vai Quem Quer, Mistura Fina e aonde vou levar minha neta para aprender os valores culturais de nossa história.
Coisa mais linda minha mãe, quando saia de baiana no carnaval.
Sem falar do meu tio Zezeca, um dos fundadores da hoje Escola de Samba Asfaltão, todo pintado de negro, como baliza, abrindo o desfile de blocos na até então provinciana Porto Velho.
Chegam os pássaros de arribada desejando nos obrigar a engolir o que eles regurgitam.
E eles regurgitam algumas palavras torpes, atitudes duvidosas.
O quintal de nossa casa jamais poderia existir com muros dividindo a nossa história e a nossa cultura.
- Você precisa ver os açaizeiros lá do nosso sítio!
- É a coisa mais linda, na beira do igarapé.
- Vou te levar lá menino para fotografar.
- É a coisa mais linda.
Palavras de um amigo.
Neste sítio o paisagismo foi por conta da natureza.
As palmeiras imperiais ficam na moldura de uma imagem modificada por alguns pássaros de arribada.
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