Terça-feira, 22 de janeiro de 2013 - 14h19
Por: Beto Ramos
- Acorda menino, vai lavar este rosto, teu olho tá cheio de remela!
- Desata este mosquiteiro e guarda esta lamparina!
- Mas, mãe...
- Cuida, levanta e vai comprar quatro pães massa grossa.
E aquele cheiro da casa da gente impregnando a saudade.
O menino levanta, olha aquela rua cheia de barro, com casas sem pintura.
Caminha lentamente.
Abre a porta, desce o batente.
Cachorros latem atrás de uma carroça.
Atracado na beira do rio Madeira, o Augusto Montenegro.
Vai o menino com os pés no chão.
No pensamento, a vontade de dar uma azulada lá pra beira do Igarapé Grande.
Com os cabelos sem pentear, o menino vai coçando a cabeça, talvez tenha recebido a visita dos bois do Carrasquinho.
Sentados em bancos na beira da calçada, dois homens comentam que o Gervásio jogou bem demais pelo Madureira.
- Este Gervásio vai longe!
Assim, o menino segue seu caminho para comprar os pães massa grossa.
A Maria Bico de Brasa passa toda faceira.
Logo em seguida também passa, a senhora que abria o guarda chuva no Lacerda na hora do filme Spartacus, achando que os trovões e raios eram do vera.
Ele consegue soletrar Magistral em algo caído no chão, na beira da rua.
Passam dois garotos e gritam que no fim de semana irão furar no circo.
Distante, ele ouve o trem passar.
Café com pão, café com pão, café com pão massa grossa.
E sorrindo ele responde: - Se eu me apressar peia não, peia não!
Ele não sabia que logo o trem calaria o seu apito para sempre.
Mal ele sabia, que na ladeira Comendador Centeno, o prédio da antiga Prefeitura ficaria abandonado, sendo jogados a devaneios fantasiosos de promessas não cumpridas.
Vem o menino.
Caminhando ao encontro do futuro.
Ao fechar os olhos, ele acordou de sua realidade, e não viu o pão em suas mãos.
Noé, Raposo, Parra, Garcia.
Tudo era apenas um sonho.
O passado há muito tempo havia ficado para trás.
Mas, o menino sentia o cheiro do café, do pão quentinho.
O menino transformou-se em sonho.
Basinho, cadê você?
Onde posso encontrar um Marau?
Meu velho poeta, vamos caminhar por nossas ruas, vamos rever os velhos álbuns, mexer nos guardados da nossa história e gritar que ainda somos meninos.
Vem o menino dentro de todos nós.
Com olhos cheios de remela.
Pés no chão.
Ainda com cheiro da fumaça da lamparina.
O menino da esperança nos trás este brilho nos olhos.
O menino escreve deste jeito, pois apenas é um menino.
Pedro Struthos,
Amém, amém!
Vamos reclamar para quem?
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