Sexta-feira, 29 de junho de 2012 - 18h07
O pastor Aluizio Vidal sempre esteve à frente de movimentos estudantis, mas
nunca imaginou ingressar na política. Chegou a pensar em se filiar ao PT, mas
acabou desistindo da ideia. Optou em se dedicar ao trabalho religioso. A
surpresa aconteceu nas eleições de 2010, quando decidiu disputar uma cadeira ao
Senado. Fez mais de 40 mil votos e foi surpresa na Capital: mais de 25 mil. “Até
eu fiquei surpreso”, conta.
Natural de Dourados, Mato Grosso, pastor Aluizio Vidal é casado, tem duas filhas
e chegou a Rondônia no início da década de 90, após se formar em psicologia. Pé
no chão e realista com os problemas da cidade, ele disse que as necessidades do
município não serão resolvidas em apenas quatro anos. “Dizer que está preparado
para administrar Porto Velho é péssimo. Mas existem pessoas que estão preparadas
para liderar preparados. O que me inspirar é motivar liderança”.
Diário - Como foi seu ingresso na política?
Aluizio - Sempre militei em movimento estudantil e depois passei a atuar na vida
vida religiosa. Procurei o Partido dos Trabalhadores para me filiar, mas fiz a
opção de ingressar na religião. Me filiei em 2005 e disputei o cargo de deputado
estadual nas eleições de 2006, sendo o mais votado do PSOL. Nas eleições de
2010, disputei o cargo de senador e fiquei impressionado com a aceitação do
eleitorado. Foram mais de 25 mil votos na Capital. Uma surpresa.
Diário: Qual o segredo da votação naquele ano?
Aluizio: Ao segmento evangélico. Fui votado em todos os municípios do Estado.
Nossa campanha foi a mais barata. Gastamos apenas R$ 5 mil.
Diário: Qual o segredo? Você está filiado em um partido de esquerda e ser pastor
evangélico?
Aluizio: Temos dentro do segmento evangélico posturas políticas diferentes.
Grupo pragmático e clientelista. Um grupo discute a responsabilidade social e
outro a ética na política. Existe um grupo de pastores que se reúne com
frequência para discutir os problemas da cidade.
Diário: O que inspira ser candidato?
Aluizio: Faz parte de um amadurecimento e discussão dentro do próprio partido. O
que me inspira, e eu acredito muito, que uma liderança política não é líder
sozinha Podemos trabalhar na inspiração de liderança de popular. Dizer que está
preparado para administrar Porto Velho é péssimo. Mas existem pessoas que estão
preparadas para liderar. O que me inspira é motivar liderança.
Diário: Quais as propostas para Porto Velho?
Aluizio: Primeiro precisamos trabalhar um governo popular, onde as lideranças da
cidade possam participar do processo administrativo. Por outro lado, é preciso
transparência administrativa. A cidade, por exemplo, precisa saber do valor do
contrato de coleta de lixo com a Marquise. Precisamos criar fatos políticos
motivadores, por exemplo: educação. Não dar para ter tempo integral nas escolas
públicas. Ninguém vai fazer isso em apenas quatro anos. Precisamos criar fatos
políticos, começar a fazer o processo de valorização do professor e reciclagem
acadêmicos.
Diário: Na saúde?
Aluizio: Porto Velho precisa investir na saúde preventiva e não curativa. Vamos
receber brevemente duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). A questão
hospitalar está melhorando. O nosso desespero no futuro não será hospitalar e
sim investir na prevenção da saúde. A prefeitura precisa insistir politicamente
no saneamento básico.
Diário: Infraestrutura, fale um pouco.
Aluizio: Porto Velho não vai passar agora por grandes projetos. Vamos fazer o
arroz com feijão, ou seja, o básico. A prioridade, e temos que ser realista, é
saneamento básico. A questão da água virou um caos. Nesse momento o combate as
alagações será prioridade, além do serviço de rede de esgoto e drenagem da água.
Não temos centro de convivência e praças.
Diário: O lençol freático está contaminado. O que fazer agora?
Aluizio: É necessária uma avaliação profunda e técnica sobre o assunto. O plano
piloto precisa vir a publico e o projeto precisa ser discutido com a sociedade.
A quantidade de invasões continua.
Diário: O trânsito se tornou um caos, como resolver o problema?
Aluizio: Dentro do nosso projeto não temos condições de melhorar Porto Velho sem
passar pelo trânsito. Temos problema de educação mais que infraestrutura. A
solução desse problema vai passar pela educação de trânsito. A mudança
estrutural não será o foco nesse momento. Vai acontecer com o tempo. Muitas ruas
ainda não estão sendo utilizadas para desafogar o trânsito nas horas de pico. A
rua Afonso Pena, por exemplo, pode ser auxiliar da avenida Carlos Gomes. Hoje
está um caos transitar pela Carlos Gomes.
Diário: O orçamento de Porto Velho está em queda. Como conduzir isso no futuro
pós-usinas?
Aluizio: O PT conseguiu bom resultado com o orçamento participativo no Rio
Grande do Sul. Não pretendemos implantar grandes obras e sim executar o
essencial. O pós-usinas nos preocupa muito. Temos que enfatizar a pequena
produção e pequena industrial. É preciso oferecer mais benefício fiscal para
atrair empresas, o que vai proporcionar a geração de emprego. É natural que as
cidades façam isenções de impostos para trazer novas indústria. É um desafio
para estimular.
Diário: O PSOL comanda uma chapa puro sangue. E as alianças?
Aluizio: Participamos de encontros e no âmbito nacional existe uma recomendação
para aliança com o PSTU e PCB. O meu vice é o professor Francisco Marto de
Azevedo, também filiado ao PSOL e com experiência.
Diário: Vocês chegaram a conversar com o PSB?
Aluizio: O Mauro [deputado federal Mauro Nazif e pré-candidato a prefeito] nos
chamou para conversar, mas a própria proposta de aliança junto com outros
partidos não avançou.
Diário: Porto Velho daqui a 10 anos?
Aluizio: Uma cidade mais bonita, prática e funcional. Onde as pessoas tenham
paixão e orgulho por Porto Velho. Minhas filhas não querem ir embora daqui.
Recebi um convite recentemente para deixar o município e morar em Campo Grande.
Minha família foi contra. Volto a dizer que alguns fatos políticos têm que
chamar o crescimento de Porto Velho.
Diário: Obras prioridades para 2013?
Aluizio: A rodoviária municipal não tem como ficar do jeito que está. No local,
precisa construir um parque ou criar uma rotatória para fluir o trânsito. É
claro que a sociedade precisa ser ouvida.
Diário: Transporte de massa?
Aluizio: Passa pela quebra do monopólio das empresas. A qualidade do ônibus que
circula precisa melhorar. Não tem sentido utilizar um carro e transitar 12
quilômetros para ir até a faculdade. Se o ônibus melhorar, o trânsito vai
desafogar e haverá um número menor de acidente.
Diário - Que experiência acharia importante trazer a Porto Velho?
Aluizio – No cenário administrativo temos muito a apreender com as cidades de
Curitiba, Campos Grande e Porto Alegre. Porto Velho precisa da autoestima de Rio
Branco.
Autor: Marcelo Freire/Carlos Sperança
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