Quinta-feira, 7 de janeiro de 2010 - 23h24
Desde a primeira eleição ao Senado em Rondônia, em 1982, quando, com o apoio do então governador Jorge Teixeira, foram eleitos Odacir Soares, Claudionor Roriz e Reinaldo Galvão Modesto (todos do PDS), não se vê uma disputa tão acirrada pelas cadeiras da Câmara alta, como esta de 2010. E alguns quesitos da disputa vão tornar o pleito mais intenso, já que o segundo voto de cada candidato é um verdadeiro mistério para todos e dificilmente decifrável pelas pesquisas de campo.
Com isso, a possibilidade de surpresas, como a de 2002, quando o segundo voto recaiu em massa para eleger a atual senadora Fátima Cleide, não pode ser descartada, a favor ou até mesmo contra a parlamentar e aos outros concorrentes.
Neste pleito de outubro, além dos dois atuais parlamentares que concorrem à reeleição - Fátima Cleide (PT) e Valdir Raupp (PMDB) - o governador Ivo Cassol (PP) já anunciou sua disposição de entrar na briga por uma das vagas, embolando mais o jogo. A disputa pode ficar ainda mais dramática, se o atual prefeito de Ji-Paraná José Bianco (DEM), ex-governador, resolver entrar nas paradas, como corre nos bastidores políticos regionais.
No meio de tudo isso, o governador Ivo Cassol tenta convencer o ex-senador Expedito Júnior (PSDB) para uma dobradinha ao Senado. Na hipótese de Ivo e Cahulla escaparem da degola da cassação no TSE, a base aliada terá seu candidato natural à reeleição o vice-governador. Sendo assim, restará ao senador cassado entrar na dobradinha idealizada pelo atual governador.
O congestionamento de caciques na disputa já inibe a concorrência. As outras legendas ainda estudam a possibilidade de lançar outros nomes, o que deverá ser confirmado ou não, nas convenções de julho.
Acompanhe um breve perfil dos possíveis pré-candidatos:
FÁTIMA CLEIDE (PT) – Fenômeno eleitoral de 2002, com base eleitoral na capital, é a senadora mais votada de todos os tempos. Na onda petista de Lula, beneficiada com o segundo voto de quase todos os candidatos, a dirigente sindical foi catapultada como um foguete para o topo. Oscilou durante o mandato e nos últimos meses voltou a ganhar prestígio. Tem a seu favor Lula, o PAC, a bolsa-família, a força do PT na capital e em alguns pólos regionais. Tem contra si um naco das lideranças evangélicas trabalhando contra seu nome, contrariadas com seu apoio aos direitos dos homossexuais no Congresso Nacional.
VALDIR RAUPP (PMDB) - Ex-prefeito, ex-governador, segundo senador mais votado em 2002 (perdeu a primeira posição para Fátima Cleide), tem base eleitoral em Rolim de Moura e conta como a maior façanha política na sua trajetória, a grande virada sobre o prefeito da capital Chiquilito Erse em 1994. Tornou-se um político de prestígio nacional, como o ex-ministro Amir Lando, e faz de tudo para evitar os mesmos erros que levaram Lando ao despenhadeiro nas eleições passadas. Com Cassol favorito e Fátima no retrovisor, Raupp pode ver sua situação ficar mais difícil, se concorrentes pesos-pesados como Bianco e Expedito entrarem na disputa.
IVO CASSOL (PP) – Ex-prefeito de Rolim de Moura, o atual governador Ivo Cassol detém as maiores façanhas eleitorais do estado (escapou de um processo de impeachment, foi reeleito em primeiro turno 2006 e influenciou a eleição de pelo menos 16 deputados estaduais da atual legislatura). É considerado antecipadamente, como o coelho do pleito, um nome a ser batido. Convém lembrar, ao mesmo tempo, que grandes favoritos já tombaram na eleição ao Senado e por esta razão o atual mandatário já orienta sua militância do seu arco de alianças para não menosprezar os adversários, mesmo com a condição de franco favorito.
JOSÉ BIANCO (DEM) – Com domicílio eleitoral em Ji-Paraná, Bianco já foi o deputado estadual mais votado de Rondônia, o senador mais votado do estado e tem como grande resultado na sua carreira a histórica virada sobre o governador Valdir Raupp no pleito de 1998. Prefeito de Ji-Paraná pela segunda vez, o governador só deve anunciar sua decisão de disputar as eleições de 2010, depois de março. Até lá, tudo continua uma incógnita. A impressão que ele tem passado à militância é que só entra na peleia, na boa. Trocando em miúdos: se Cahulla e Expedito forem inviabilizados, ele pode virar opção da base aliada.
EXPEDITO JÚNIOR (PSDB) – O parlamentar cassado sofre o assédio do governador Ivo Cassol para uma dobradinha ao Senado na eleição de outubro. Trata-se de uma possibilidade que não pode ser descartada pelo tucano. Com Cahulla escapando da cassacão, ele assumirá o Palácio Presidente Vargas em abril, no lugar de Ivo, que se desincompatibiliza, e com isso será o postulante natural da base aliada. Mas a disputa ao Senado para o tucano é uma opção quase remota, já que ele só aceitaria esta acomodação partidária, como última alternativa face a boa performance nas pesquisas ao governo realizadas no ano passado.
Fonte: Carlos Sperança - csperanca@enter-net.com.br
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