Domingo, 24 de junho de 2012 - 00h21
Na reta final do período reservado para convenções partidárias, a pré-candidata
do PT à prefeitura de Porto Velho, Fátima Cleide, decidiu correr contra o tempo
e intensifica os acordos políticos na busca de seu candidato a vice-prefeito nas
eleições de outubro. “Estamos em conversas com vários partidos políticos, mas
nada fechado. Tudo será consolidado no último dia de prazo”, admite a
ex-senadora.
Natural de Porto Velho, Fátima Cleide, de 49 anos, é casada, tem três filhos e
diz conhecer de forma profunda as principais necessidades da população. Ela teve
seu nome homologado em uma eleição interna realizada pelo PT, na qual conseguiu
derrotar candidatos que receberam apoio do atual prefeito Roberto Sobrinho (PT).
“Tudo isso passou. O momento agora é de pré-campanha e estamos unidos”, garante.
Em entrevista ao Diário, ela fala das metas para as próximas semanas.
Diário - Qual motivo de entrar na disputa da prefeitura de Porto Velho?
Fátima - Executar políticas públicas para melhorar a vida do povo. O governo do
PT, ao longo dos últimos oito anos, fez muito na área social, mas tem muito
ainda por fazer. Não podemos parar e sim avançar. Após a morte do ex-deputado
federal, Eduardo Valverde, é que a questão da prefeitura ficou em evidência. O
Eduardo, pelo acordo, seria o candidato nessas eleições. Com o seu falecimento,
o cenário mudou completamente e apareceram vários candidatos. Disputamos duas
prévias e meu nome foi indicado. O PT governou oito anos a cidade de Porto Velho
e apresentou resultado positivo para a cidade.
Diário - Se fosse eleita hoje quais as prioridades?
Fátima - Geração de emprego e mobilidade urbana. Hoje o trânsito de Porto Velho
se transformou em um verdadeiro caos e o congestionamento invade as ruas. É
inviável o cidadão levar 30 minutos para se locomover da zona Leste até a
avenida 7 de Setembro, no centro.
Diário – Como está o andamento do plano de governo?
Fátima – Estamos em processo de discussão com a população. As ideias vão
surgindo durante nossas andanças e muitas propostas surgem em nível técnico, de
pessoas que conhecem os problemas e soluções. Recentemente tivemos uma plenária
com o PT na zona Sul e a participação da população foi importante. Vamos ampliar
essas discussões na zona Leste, Norte e chegar aos distritos. Estamos correndo
contra o tempo.
Diário – Como estão as alianças do PT com os demais partidos?
Fátima - Ninguém fechou nada. As alianças estão abertas. Estou conversando com o
PMDB, PDT, PMN e PR. Claro que desejo repetir a aliança que foi construída em
2008, o que resultou na vitória de Roberto Sobrinho. No entanto, as conversas
com o PDT e outros partidos estão bem avançadas.
Diário – E as conversas com PSB?
Fátima - A política é dinâmica e admite flexibilidade. O PSB é importante para o
governo da Dilma e para o PT. Ele faz parte do arco de aliança no governo
Federal. Mas em Porto Velho o PSB tem mantido resistência. Basta ele [Mauro
Nazif] querer que estamos de braços abertos para a aliança.
Diário - Na pré-convenção do PT no último sábado, o prefeito Roberto Sobrinho
não compareceu? Existe alguma divergência?
Fátima - O prefeito estava ruim de saúde e mandou avisar que não poderia
comparecer. Mas telefonou ao Cláudio Carvalho [vereador]desejando sucesso na
campanha e aos convencionais.
Diário - E as conversas com o atual prefeito?
Fátima – O prefeito tem contribuído com informações importantes para a produção
do plano de governo.
Diário – A senhora acredita em uma polarização?
Fátima – São várias candidaturas apresentadas no momento. É certeza da eleição
ser decidida no segundo turno.
Diário – E a transposição?
Fátima – O que estava dentro da nossa responsabilidade fizemos no Senado
Federal. Conseguimos aprovar a PEC da Transposição ao longo de 6 anos. Isso é
inédito para o Brasil. Acompanhamos outros enquadramentos e a batalha sempre foi
grande. Sou uma pessoa pé no chão. O direito é garantindo constitucionalmente
aos servidores. O governo Federal tem a obrigação de enquadrar.
Diário - Os adversários dizem que a senhora não tem perfil para ser executiva.
Foi assim no Senado?
Fátima – Quando eu estava no Senado diziam que não tinha esse perfil. Agora
dizem que não tenho perfil para ser prefeita. Vim da luta sindical e conheço os
problemas da administração.
Diário - Como conduzir a vocação econômica para Porto Velho?
Fátima - Não existe planejamento para quem administra uma cidade que vai fazer
100 anos em 2014, e que está se organizando. Mas a prefeitura tem um papel
importante. Temos uma potência mineral e agricultura em franco crescimento. Se
tiver um direcionamento de políticas públicas para beneficiar a maioria da
população, com certeza vamos melhorar a condição de vida das famílias e gerar
vários empregos. Temos uma produção do leite riquíssima e necessitamos sair da
economia do contracheque. A questão do turismo é outro fator que precisa ser
explorado e organizado.
Diário – E a emancipação dos distritos? Como a senhora vê?
Fátima - Porto Velho é uma região grande e maior que alguns Estados. O prefeito
Roberto Sobrinho fez muito em muitos lugares, mas a região é grande. O distrito
de Jacy-Paraná, devido ao crescimento populacional em decorrência da construção
da usina de Jirau, merece ser emancipado. A Ponta do Abunã é outra região grande
e importante e que deve ser emancipada.
Diário – Qual avaliação que a senhora faz da Operação Termópilas, deflagrada
pela Polícia Federal no ano passado?
Fátima – Chegamos a denunciar que em Rondônia existia o crime organizado e que
estava instalado dentro das instituições públicas. Recebemos ameaças de morte e
cobramos providências do Ministério da Justiça. Essas cobranças resultaram em
várias operações, que culminaram com prisões.
Diário – E o governo Confúcio Moura?
Fátima – Vejo que o governo está tomando decisões importantes que vão modificar
a estrutura da saúde no Estado. Temos um Estado quebrado e que agora está se
estruturando. O governo está fazendo sua parte, o que não foi feito no passado.
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