Domingo, 22 de março de 2015 - 00h02
O técnico agrícola, Adelino Ângelo Follador, 63 anos de idade, casado, pai de três filhos, avô de três netos, natural de Barão do Cotegipe (RS), é um dos mais importantes desbravadores da região do Vale do Jamari, em Rondônia. Hoje deputado estadual, na segunda legislatura – o mais votado com quase 20 mil votos – Follador que reside no Estado há 38 anos como tantos migrantes dos anos 70, levou “cacaio” nas costas mato adentro, chegando a caminhar 37 quilômetros para chegar à sua propriedade no Projeto Burareiro. Foram tempos duros, contraiu duas malárias e viu tantos pioneiros tombarem pela doença ou em derrubadas na floresta.
Follador, que foi prefeito três vezes do município de Cacaulândia e cumpre seu segundo mandato como deputado estadual, participou da epopeia rondoniense nos idos do Território Federal de Rondônia. Desembarcou em 1977, época da criação dos municípios de Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal , Pimenta Bueno e Vilhena.
Ainda jovem, Follador despontou como líder comunitário, no movimento estudantil no Rio Grande do Sul. Antes de vir para Rondônia, morou na Suíça, onde se aperfeiçoou em máquinas agrícolas. A chegada a Ariquemes tinha como objetivo conseguir acesso à terra.
Ninguém poderia imaginar, que o multifacetado migrante gaúcho, também foi ator de teatro antes de assumir sua condição de produtor rural e de liderança política. Ele participou da criação de pelo menos quatro municípios nos tempos dos Núcleos de Apoio Rural, os Nuars, embriões de municípios. Confira a entrevista com o perfil desta liderança emergente, que está assumindo a Presidência do Diretório Estadual do Democratas.
Diário – Como foi viver os idos do pioneirismo dos migrantes em Rondônia?
Follador – Foram anos difíceis. Muitos pioneiros morreram na selva com malária, em acidentes nas derrubadas da mata. O desmatamento de parte da propriedade era uma exigência do Incra como benfeitoria para o parceleiro ganhar o título definitivo. Fui testemunha daquela realidade. Cheguei a Rondônia em 1977 para desbravar meu lote no Projeto Burareiro (região de Ariquemes). Muitas vezes fiz caminhada com parceleiros de até 37 quilômetros, levando “cacaio” nas costas. Muitos migrantes morreram na busca desta nova vida, de um novo Eldorado, pois o acesso à saúde era muito difícil e a malária ceifava muitas vidas.
Diário - Que região do Estado escolheu para se radicar?
Follador – Sou técnico agrícola, tenho formação em maquinário agrícola, na Suíça, onde fiquei três anos. E meu objetivo em Rondônia era conseguir meu pedaço de terra. Sou filho e neto de agricultores, no Rio Grande do Sul, onde as terras estavam ficando escassas e caras. Escolhi o Projeto Burareiro, desenvolvido pelo Incra em Ariquemes, pela qualidade do solo que é muito fértil e de boa produtividade. Tinha 26 anos na época e sempre gostei da agricultura familiar. Tinha muitos sonhos e muitos consegui realizar ao longo desses anos, acompanhando o crescimento do Território e a transformação em Estado.
Diário - Relate como iniciou sua trajetória política.
Follador – Desde a época que morava no Rio Grande já participava de movimentos sociais e, inclusive, na igreja com as pastorais e eclesiais de base. Quando desembarquei em Ariquemes continuei dando seguimento a essas atividades e também fui ator de teatro. Com isso, aos poucos a coisa foi engrenando e se encaminhando para a política. Tudo começou quando fui eleito vereador em Ariquemes, em 1988, e dali em diante fui prefeito de Cacaulândia, três vezes, depois deputado estadual. Mas a primeira disputa partidária foi em 1982. Lembro que perdi a eleição a vereador por um voto.
Diário – O Sr. participou da criação de alguns municípios no Vale do Jamari. Como foi isso?
Follador – Além de Ariquemes, onde fui pioneiro, tive participação direta na criação de Cacaulândia, cujo nome foi uma dica de uma cunhada que morava nos Estados Unidos. É que já tinha várias cidades com nomes relativos a cacau, e não podia ser repetido, e ela ajudou dando sua opinião. Também participei do início da história de Monte Negro, que no início se chamava Boa Vista; de Rio Crespo (que era Cafelândia) e Alto Paraíso. São cidades que brotaram a partir dos projetos dos Núcleos de Apoio nos anos 70 e 80.
Diário – Fale da sua trajetória política. Esperava ser o deputado mais votado?.
Follador – Esperava ser bem votado, mas não passava pela minha cabeça ser o mais votado de todos. Minha trajetória foi um mandato de vereador, três mandatos de prefeito e agora a reeleição. Entendo que tudo é fruto de um trabalho. Tenho sido firme no combate à corrupção. Não enrolo meus eleitores com promessas e tenho feito uma forte parceria com entidades rurais e comunitárias.
Diário – Quais serão as suas prioridades nesta legislatura?
Follador – Já são 33 anos de vida pública e conheço bem os problemas do Estado. Nesta última eleição tive votos em 46 municípios. Estou atento às causas rondonienses. Serão prioridades, a educação, a saúde, a agricultura, mas meu trabalho também é direcionado ao funcionalismo público, que vive esta situação da promessa não cumprida da transposição. Na região do Vale do Jamari, que é minha base, temos também o problema da segurança pública, que vem se agravando nos últimos anos.
Diário - O senhor tem defendido a Ferrovia Norte e Sul e a reabertura da BR- 319 como fundamentais para a economia rondoniense. Explique os motivos.
Follador – Precisamos garantir a ferrovia, pois teremos frete mais barato e a formação em Porto Velho do sistema intermodal, com os modais fluvial, rodoviário e ferroviário. O projeto foi vetado pelo Governo Federal, mas a classe política precisa se unir nesta bandeira. Sobre a BR-319, falta apenas um trecho para ser concluída, e ela representa muito para Rondônia colocar seus produtos num mercado importante, que é Manaus, uma cidade com mais de 2 milhões de consumidores.
Diário – No campo político, quais são seus objetivos?
Follador – Tenho a honra de receber do ex-governador José Bianco o comando do Democratas. A partir de agora vou trabalhar na reestruturação do partido. Fui chamado também para disputar a prefeitura de Ariquemes. A pressão tem sido grande, mas é um assunto que terei que avaliar com as bases mais adiante.
Diário- Como vê a crise política no Estado com o processo de cassação do governador Confúcio?
Follador – É muito ruim para o Estado, uma situação que causa instabilidade política e social. Creio que a Justiça Eleitoral deveria ter sido mais ágil e resolver as pendências eleitorais antes da posse. No Brasil, as coisas só acontecem depois do Carnaval, e quando o governo estava apenas iniciando a gestão acabou interrompido com este impasse. Como disse, acho que tudo isso poderia ter sido resolvido antes da posse, poupando tantos problemas na gerência do Estado.
Diário – O senhor como ex-prefeito também defende as teses municipalistas?
Follador – Com certeza. Sou um parlamentar municipalista. Tudo começa pelo município e o Pacto Federativo é injusto com os municípios. Faltam recursos suficientes para tocar tanto as áreas essenciais, como a saúde e educação, como desenvolver a infra-estrutura. Os pequenos municípios sofrem ainda mais, pois são muito dependentes do FPM.
Diário – Na sua opinião, quais são os distritos rondonienses em condições de pleitear a autonomia no Estado?
Follador – Temos vários casos que justificam. Alguns são mais antigos, como Tarilândia (em Jaru) e Extrema (Porto Velho), que já estão nesta luta há 30 anos. Mas vejo localidades, como Triunfo (Candeias do Jamari), 5º BEC (Ariquemes), Colina Verde (Jorge Teixeira) e Jacy-Paraná e União Bandeirantes (Porto Velho) numa situação mais avançada. Com mais estrutura para ganhar a autonomia.
Diário – Na sua opinião, qual é o futuro do agronegócio em Rondônia?
Follador – O futuro de nosso Estado está no campo. E o agronegócio é a grande alavanca de nosso PIB. Temos fontes de renda expressivas com a carne e seus derivados; as bacias leiteiras, mais recentemente o advento da soja. O plantio do arroz é crescente e o pescado se transformou numa importante opção de emprego e renda.
Diário – O que o povo de Rondônia pode esperar deste deputado nos próximos três anos?
Follador – Vou continuar trabalhando com seriedade e transparência e dando atenção às principais necessidades do povo rondoniense, dentro das minhas possibilidades me voltando às prioridades que relatei, honrando meu mandato e combatendo à corrupção.(CARLOS SPERANÇA)
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