Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013 - 05h40
Em clima de aparente tranqüilidade nos bastidores entre os parlamentares, a Assembléia Legislativa realiza hoje sessão especial para o ato de posse do deputado Hermínio Coelho (PSD-Porto Velho) no comando da Mesa Diretora. Ele assume mandato para o biênio 2013/2015. No mesmo ato, acontece a eleição para os cargos de vice-presidente, 2 vice-presidente, 1º, 2º, 3º e 4º secretários. O parlamentar, que anteriormente ocupava o cargo de vice-presidente, foi ungido a função de presidente após a cassação, em maio de 2012, do mandato do ex-presidente Valter Araújo (hoje foragido da justiça).
Ao assumir a presidência da Casa, o parlamentar determinou a imediata instauração de uma Comissão Especial para analisar a conduta de outros sete colegas de parlamentos denunciados na “Operação Termópilas”, deflagrada em 2011 pela Polícia Federal. Hermínio foi autor das denúncias contra um esquema de corrupção que resultou no afastamento do ex-prefeito Roberto Sobrinho e prisão de vários secretários. Também fiscalizou o Poder Executivo com rigor, o que determinou muitas mudanças nas esferas governamentais. “Quando fiz as denúncias, na época chegaram a me chamar de louco. O tempo mostrou que tudo foi feito com critérios, que tudo era fundamentado ”, recorda.
No ano passado, Hermínio conduziu um ato inédito que culminou com a lavagem da entrada principal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Porto Velho, ao pedir punição aos advogados denunciados no esquema de precatórios dos trabalhadores da educação. Ele também foi responsável por denunciar irregularidades praticadas por ex-secretários do governador Confúcio Moura (PMDB) e que culminaram em mudanças na estrutura do governo.
Com visão de futuro, o parlamentar trabalha atualmente na construção da nova sede do Poder Legislativo. É uma obra concebida por arquitetos e engenheiros locais, dotada de duas torres de 16 pavimentos mais o plenário, inspirada no Congresso Nacional, numa verdadeira homenagem ao mago da arquitetura mundial, Oscar Neimeyer, falecido recentemente. “Estamos reverenciando o arquiteto do século”, explica.
Diário – O senhor foi o protagonista da política rondoniense em 2012, seja pela ascensão ao cargo de presidente da ALE, pelas denúncias contundentes que resultaram no afastamento do ex-prefeito Roberto Sobrinho da prefeitura e na prisão de vários secretários. No âmbito estadual, forçou mudanças no alto escalão do governo. De lá pra cá o que mudou?
Hermínio Coelho – Mudou muita coisa, mas é preciso mudar ainda mais. Quando fiz essas denúncias, me chamaram de louco e perseguidor. Rondônia só vai melhorar quando mudar a nossa classe política. Isso que aconteceu na prefeitura de Porto Velho é apenas o começo. Ainda tem mais coisa grossa pra acontecer. Essa operação da PF atingiu apenas a ponta do iceberg que foi o esquema de limpeza de igarapés e horas máquinas. Tem o caso ainda das obras dos viadutos e as investigações sobre o governo prosseguem.
Diário – Ao iniciar um novo mandato presidindo a Mesa Diretora, quais são seus planos para o próximo biênio?
Hermínio - A Assembléia vai continuar fazendo seu papel que é de fiscalizar o Executivo. Infelizmente, parece que o Executivo não quer mudar. A partir desse ano, vamos ter uma participação maior nessas discussões. O momento era pra estarmos discutindo projetos de interesse do Estado, mas infelizmente os políticos não dão um bom exemplo. Vamos continuar fiscalizando e cobrando e apoiando políticas boas, sempre que for positivo, vamos apoiar. Mesmo fazendo o trabalho de cobrança, contra o governo, tudo que ele (governo) precisou a Assembléia aprovou sem precisar embaralhar.
Diário – O que deve ser priorizado em Rondônia?
Hermínio - Estaremos intensificando o trabalho de interiorização nos municípios e debatendo ações para o Estado. Não podemos aceitar um Estado tão maravilhoso como Rondônia ter os mesmos problemas. Estaremos defendendo um novo projeto para Rondônia. Vamos propor isso na área da agricultura. Rondônia é para ser um celeiro de alimentos, mas nossos políticos não estão sabendo aproveitar essa vocação.
Diário – Quais são as possibilidades da base aliada do Governo tentar bloquear sua posse?
Hermínio – Apesar de existir um consenso, nas últimas semanas, vi comentários da união de PT e PMDB para tentar me tirar do cargo de presidente, mas parece que não deu certo essa articulação. A eleição para os demais cargos está muito tranqüila. Minha eleição foi legal e obedeceu o regimento interno do Congresso Nacional. Serei empossado para mais um mandato na Mesa Diretora juntamente com o deputado Maurão de Carvalho, vice-presidente. Os demais cargos vagos deverão ser preenchidos. Existe a possibilidade do deputado Edson Martins assumir algum cargo na Mesa. O nome do deputado Lebrão é cotado para a função de secretário geral e tem apoio da maioria. Existe forte tendência de a atual Mesa Diretora ser reconduzida.
Diário - Na sua opinião, quais são os principais problemas do Estado atualmente?
Hermínio - O Estado está quebrado e passa por um momento difícil. Tudo isso por conta de um governo sem planejamento. Outro problema e falta de compromisso com o Estado e isso é culpa da classe política. Isso não é de hoje. O nosso Estado só não quebrou porque é forte. O que está faltando é um planejamento. É preciso organizar o Estado. Não podemos mais ficar dependendo só do contracheque. O setor produtivo precisa de mais incentivo. O Governo, ao enviar projeto para Assembléia Legislativa, superestimou o orçamento de 2013 e hoje não consegue arrecadar o que foi planejado. A Procuradoria do Estado, que seria outro órgão importante para impulsionar e ajudar o governo, faz o contrário. É um entrave na vida do governo.
Diário – O que a Assembléia tem apoiado o governo do Estado?
Hermínio – Todos os pedidos de empréstimo que o governo tem feito junto a BNDES a Assembléia tem discutido com a sociedade e aprovado. Aprovamos ano passado quase R$ 1 bilhão de empréstimo. Apoiamos agora a rota alternativa para o Pacífico, passando por Costa Marques, na fronteira com a Bolívia. . A Assembléia vai apoiar essa bandeira. Mas insisto que está faltando um projeto sério para Rondônia.
Diário – É a construção da nova sede do Poder Legislativo como anda?
Hermínio - Mostramos que é possível fazer um prédio da Assembléia no tempo certo. A previsão é entregar a obra em agosto de 2014. Ajustamos o projeto, que foi inspirado no Congresso Nacional, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Teremos duas torres de seis pavimentos e amplo estacionamento com mais de 700 vagas, auditório amplo. No entorno do prédio será tudo bem arborizada. Na frente vai ter um espaço para colocar a bandeira de para cada município. É uma forma de aumentar a autoestima de Rondônia. A obra recebeu um reforço de mais de 100 trabalhadores. O prédio será moderno e a geração de energia será por meio solar, enfim um novo cartão postal de Rondônia.
Diário – O que é necessário para Rondônia avançar em 2013?
Hermínio - Não acredito que esse ano será o ano da mudança, da prosperidade, como estão falando por ai. Talvez aconteçam outros escândalos até. A grande alternativa do estado é investir na agricultura. Se pegar R$ 1 bilhão e investir na agricultura o estado bombava. O governo precisa dar incentivos para a agricultura. Falta apoio do Estado. Podemos fazer muito mais, recuperar o meio ambiente e plantar grãos. A saída para driblar a crise é agricultura organizada, investir em tecnologia e pecuária. As hidrelétricas não trazem riquezas. As obras acabam e depois vêm os problemas, um rastro de problemas sociais. É preciso investir no pequeno agricultor, onde o dinheiro circula nos municípios.
Diário – Quanto ao municipalismo, o que fazer para ajudar os municípios tão carentes?
Hermínio – Vamos continuar sendo parceiro dos municípios. O governo precisa de ajudar, os municípios estão em crise. O governo federal só vem sangrando os municípios. O Estado, que deveria ajudar, faz o contrário. O Fitha (programa estadual) não funciona. Empresas prestam serviço ao governo e não recebem. Não tem dinheiro. Eu acredito que esses financiamentos junto ao BNDES serão para fazer esquema dentro do governo. Vou acompanhar de perto. Por outro lado, tem mais coisa que pode acontecer no âmbito da Prefeitura de Porto Velho. Hoje a população me elogia pelas denúncias que fiz contra a gestão Roberto Sobrinho. O resultado dessas denúncias foi à prisão de vários secretários e afastamento de Roberto Sobrinho. Não exagerei quando fiz essas denúncias.
Diário – No que tange as eleições de 2014, como o senhor vê o impedimento de tantas lideranças barradas pela Ficha Limpa e seu nome sendo cogitado para disputar o governo do Estado?
Hermínio - Sou um cidadão comum e temos, toda a classe política, a obrigação de dar bom exemplo. Tudo que fiz, ao denunciar esses desmandos no governo e na Prefeitura, é pouco. É preciso construir um grupo de bem e tirar os parasitas do Estado. Temos um projeto para Rondônia. A Lei do Ficha Limpa foi um projeto importante, mas ela precisa ser aperfeiçoado. Quem ganhou muito dinheiro com essa lei foram os advogados. A lei foi um avanço, mas precisa melhorar. Muitas das vezes, a punição ao político é branda.
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