Domingo, 19 de abril de 2015 - 10h03
Bóia fria na colheita de algodão na região de Mandaguaçu (PR), onde nasceu, na década de 60, pedreiro em São Paulo no inicio dos anos 80, o agricultor Lázaro Aparecido Dobri, popularmente conhecido como Lazinho da Fetagro, 55 anos de idade, casado com Roseli da Cunha Souza Dobri, pai de três filhos e avô de quatro netos, migrou para Rondônia em busca de um pedaço de terra. Lá se vão 30 anos da sua trajetória onde militou nas eclesiais de base na igreja católica, em entidades sindicais ligadas a agricultura e até se eleger colecionou algumas derrotas a vereador e a deputado, antes da votação consagradora em 2014.
Lazinho da Fetagro é ligado à agricultura familiar e não gostava da política. Com o tempo, participando de movimentos sociais tomou gosto pela coisa. De origem humilde, trocou o Paraná por Rondônia por falta de espaço para crescer. “Lá o agronegócio expulsou os pequenos agricultores com o advento da soja minando as oportunidades.”
É filiado ao PT desde 86, mas foi em 92 que sua militância foi fortalecida. Garante que não pretende disputar a prefeitura de Jaru no ano que vem e destaca o grande trabalho dos governos Lula e Dilma na Eletrificação Rural no estado. Segundo ele, nos últimos anos, o estado de Rondônia foi o maior beneficiado pelo programa Luz Para Todos, atingindo 90 por cento da população. “Hoje menos de 20 mil famílias não são atendidas, mas o programa esta voltando para assistir os colonos que faltaram”, explica.
Lazinho critica a falta de planejamento do estado, defende a descentralização da saúde e projetos regionais de crescimento de acordo com a vocação dos pólos regionais.
Eleito com apoio dos pequenos agricultores, o parlamentar se volta atender outras categorias. Em Porto Velho, depois de uma visita ao lixão, mostrou-se sensível a causa dos catadores nos lixões. “Estou representando a categoria na ALE. È um povo sofrido e sem apoio”. Confira sua entrevista.
Diário – Relate como foi sua chegada em Rondônia...
Lazinho – Ocorreu nos anos 80. Era pequeno agricultor no Paraná e sonhava com um pedaço de terra para cultivar com a família. Mas antes de desembarcar em Jaru, morei três anos em São Paulo, onde fui pedreiro e conheci a militância sindical no ABC paulista. Vim buscando espaço para trabalhar e já estou completando 31 anos de Rondônia.
Diário – E sua trajetória até se eleger deputado?
Lazinho – Foi uma longa trajetória, pois tudo começou como coordenador de comunidades de base da igreja católica. Também fui secretário municipal de obras, coordenador de base sindical, secretário municipal de obras e eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaru. Depois tive a eleição à presidência da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia – Fetagro e também fui coordenador da Contag na região Norte. Tudo influenciou na minha caminhada e na eleição no ano passado.
Diário – Como ingressou na política?
Lazinho – O início da militância sindical aconteceu ainda em São Paulo com participação nas greves do ABC paulista. Na verdade, nunca quis ser político as coisas foram acontecendo. Minha ligação coma a igreja e a agricultura familiar foi decisiva. Minha filiação ao PT aconteceu em 86 e a militância mais efetiva a partir da segunda filiação ao partido em 1992. Com isto fui candidato a vereador duas vezes ficando na primeira suplência. Na minha primeira disputa a Assembléia também fiquei na suplência, mas com uma boa votação.
Diário – Em sua opinião quais são os maiores problemas do estado?
Lazinho – Ainda temos muitos problemas para resolver, mesmo assim o estado tem evoluído bastante. O maior problema é a falta de planejamento, não temos ainda políticas de estado definidas. Veja na educação, falta um plano efetivo de educação neste estado. Na saúde, mesmo com algumas regionais funcionando é preciso adotar uma política de descentralização. Precisamos instalar hospitais regionais nos principais pólos de Rondônia para ganhar eficiência e evitar o corredor de ambulâncias na BR.
Diário – Quais foram os avanços na infra-estrutura no estado com apoio da União?
Lazinho – Na infra-estrutura podemos destacar o crescimento extraordinário na eletrificação rural. Nos últimos 12 anos de governo petista, com Lula e Dilma, Rondônia foi o estado mais beneficiado com o programa Energia Para Todos. Hoje 90 por cento da população rural é atendida pela eletrificação. Mesmo assim ainda faltam 20 mil famílias para receber esta assistência e é neste sentido que estamos trabalhando
Diário- E quanto à pavimentação das estradas?
Lazinho – Temos muito asfalto, mas falta base, qualidade. Só se tem pensado na política e muita coisa é feita na pressa. Precisamos também duplicar com urgência a BR-364 que se transformou num corredor de ambulâncias, numa rodovia extremamente perigosa, com tantos acidentes. É preciso mais atenção com as estradas vicinais também porque foram seriamente atingidas na estação das chuvas prejudicando o escoamento do leite e da produção agrícola
Diário – Cite algumas prioridades no seu mandato...
Lazinho – Temos muitas prioridades. Fui o primeiro deputado eleito pela agricultura familiar e represento os pequenos agricultores no Poder Legislativo. Mas meus horizontes foram ampliados, pois outras categorias nos tem procurado para buscar representação, cito o caso dos urbanitários. Também fomos convocados para representar a categoria dos catadores e recicladores que começa a se organizar em vários municípios. É um povo muito sofrido, sem apoio do poder público. Vivem uma situação precária, como constatei nas últimas visitas.
Diário – O Sr. representa a região da bacia leiteira no Parlamento estadual. O que representa esta cadeira produtiva para Rondônia?
Lazinho – A cadeia do leite tem alto significado econômico para Rondônia. O leite e seus derivados representam muito para agricultura familiar. Hoje o estado tem quase 100 mil produtores. Mas é um povo que também necessita de mais apoio para melhorar a genética e de recursos para a recuperação das pastagens. É importante que o segmento seja bem sucedido porque também segura o problema do êxodo rural inchando as periferias das cidades pólos.
Diário – O Sr. pretende disputar a prefeitura de Jaru no ano que vem?
Lazinho –Não pretendo entrar na disputa. Meu objetivo é cumprir um bom mandato no Poder Legislativo e depois tratar da reeleição. Tenho forte compromisso com a agricultura familiar e nossa gente precisa desta representação.
Diário – Quais são as chances dos petistas nas eleições 2016 em Rondônia?
Lazinho – O partido precisa se reciclar depois de tudo que aconteceu, mas mesmo assim temos condições de manter um bom numero de prefeituras e eleger prefeitos em outras cidades e até aumentar o numero de vereadores no estado. Mesmo com a crise instalada no pais e divisões internas podemos avançar. Vamos entrar com os pés no chão, retomar nossas bandeiras de lutas, punir quem deve ser punido para resgatar nossa credibilidade.
Diário – Como vê a crise política financeira instalada no País?
Lazinho – A crise brasileira é o resultado de uma crise internacional que vem desde 2010. O equivoco foi deixar de tomar as medidas necessárias de ajuste. Tentou se evitar os ajustes para não penalizar os trabalhadores, mas com isto a solução dos problemas foi adiada e as medidas impopulares acabaram sendo tomadas agora em forma de ajuste.
Diário – E a questão da corrupção?
Lazinho- Desde os primórdios da colonização brasileira vivemos o problema da corrupção. A crise da corrupção vem de longe e foi explodir agora com todas as conseqüências que estamos acompanhando pela mídia.
Diário – Comente a mobilização nas ruas.
Lazinho – É importante para o Brasil corrigir seus rumos. Mas é preciso reconhecer também os avanços que o País teve com Lula e Dilma. Não acredito em impeachment da presidenta, não existe motivação para isto e nem a oposição tem mostrado interesse em assumir, por uma questão de estratégia política.
Diário – É possível resgatar a imagem do Poder Legislativo?
Lazinho – Certamente. A atual legislatura já esta trabalhando neste sentido. Veja o caso da eleição da mesa diretora, o processo foi feito de forma transparente. Acredito que a renovação de mais de 50 por cento dos quadros da casa de leis também influenciou na retomada da credibilidade do Legislativo. Precisamos nos manter íntegros nestes quatro anos, dando uma outra visão da classe política para a sociedade.
Diário – O que a Rondônia pode esperar da sua atuação nos próximos anos?
Lazinho – Do Lazinho a população pode esperar muita responsabilidade, aplicação na fiscalização do Poder Executivo. Honestidade é obrigação. Serei um aliado do governo do estado onde for preciso. Espero também ser um instrumento da população no parlamento estadual encaminhando e assumindo as principais bandeiras do estado.
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