Quarta-feira, 21 de julho de 2010 - 05h08
Não é típico...
Já notaram? Não houve baixarias ainda na campanha 2010 em Rondônia, o que realmente é uma grande surpresa. Não estamos livres, no entanto: como os candidatos Expedito Junior, Confúcio Moura e o governador João Cahulla já andam quase na mesma toada, mais a frente à coisa vai ficar acirrada e aí, então, o pau pode comer solto.
As reviravoltas
O que torna as eleições em Rondônia mais interessantes são as reviravoltas. Impulsionado pelo eleitorado rural e pelo apoio do ex-governador Ivo Cassol, o inicialmente desacreditado João Cahulla, o patinho feio dos candidatos, já ameaça ao candidato do PSDB Expedito Junior. Falo na ameaça ao tucano porque a cada ponto que Cahulla cresce, menos um para Expedito. É a mesma faixa de votos em disputa.
Trombando nas ruas
Os governadoraveis elegeram Porto Velho, com seus quase 300 mil eleitores, como o colégio eleitoral decisivo para alçar uma vaga ao segundo turno, caso aconteça. Ontem, todos os candidatos acamparam por aqui, desenvolvendo caminhadas, reuniões políticas etc. A coisa esta assim: o candidato vai a Guajará ou Vilhena, mas volta correndo para cá para não perder terreno.
Caça aos foragidos
É tanta a criminalidade em Porto Velho – segundo levantamento deste Diário foram 112 mortes só neste ano – que faz lembrar a necessidade de uma “Operação Jagunço”, nos moldes do que foi feito na era Teixeirão, sob a chefia do delegado João Lucena Leal. Na época foram capturados foragidos de outros estados condenados até 200 anos de cadeia.
Muitos foragidos
A grande verdade é que atraídos pelo grande momento econômico de Rondônia, além dos operários, profissionais liberais e trabalhadores em geral que desembarcaram na capital rondoniense, também vieram bandidos da pior espécie. E desde que Rondônia começou a abrigar criminosos de outros estados por aqui em nossos presídios, vieram com eles de brinde, um ramal do Comando Vermelho. Vai daí...
Marketing político
Os tucanos, provavelmente orientados pelos seus marqueteiros, resolveram acirrar a campanha com os petistas na briga pelo Palácio do Planalto. O que se vê é José Serra descendo a lenha nos petistas e a medida visa à polarização desde já, além da busca imediata do voto útil (dos votos da outra oposicionista, a verdinha Marina) desde o primeiro turno.
Nossa Cicciolina
Nos grandes centros as mulheres frutas – Pera, Mamão, Maça etc – com seus enormes bumbuns entram na peleja por vagas à Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. Aqui em Rondônia, nossa Cicciolina – aquela que fazia campanha nos anos 90 com seios a mostra – disputa uma vaga a Câmara Federal, mas hoje, extremamente pudica.
Folclore político
Nos anos 80, no auge do garimpo, milhares de prostitutas infestavam a capital rondoniense. Eram tantas que dava para eleger deputado. Assim pensando, Jaimar Saraiva – hoje radialista em Manaus – se lançou como o “candidato das prostitutas”. E teve apoio maciço da categoria durante a campanha, só que na apuração dos votos a coisa se revelou um desastre. Ocorre que a grande maioria delas era de outros estados e não tinham mudado o domicílio eleitoral...
No Shopping Cidadão
Perdi meu título no final de semana nas bandas do Ulysses e fui testar os novos serviços do posto eleitoral do TRE montando no Shopping Cidadão ontem pela manhã. Em menos de meia hora consegui a segunda via - e olha que a fila para pegar a senha estava enorme. Valeu, TRE.
Do Cotidiano
Mais uma conquista
Muito melhor que uma Copa do Mundo de posse transitória foi a grande conquista deste 2010: a Conferência Nacional de Educação (Conae) aprovou a ampliação de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do País destinado à educação ao ano, de forma que se atinja o patamar de 7% do PIB em 2011 e 10% em 2014.
Se não dermos atenção a duas pulgas, uma atrás de cada orelha, podemos acionar as vuvuzelas e comemorar.
A primeira pulga está na data “tabu” em que se deu a aprovação da proposta: 1º de abril deste ano, data que lembra mentira e ditadura. A segunda, no fato de que os mais luminosos discursos e as mais maravilhosas decisões oficiais neste País raramente correspondem à prática ou se concretizam.
Se seguirmos os passos da Justiça, que pôs uma pedra definitiva sobre as torturas e assassinatos dos Anos de Chumbo, poderemos considerar tais mazelas coisas de um passado que não volta mais. Assim resolvido, caberia dar um crédito de confiança no mínimo à nossa própria capacidade de cobrar o cabal cumprimento da medida e festejar essa disposição como uma conquista mil vezes mais valiosa que qualquer Copa.
A proposta foi incluída pelo MEC no novo Plano Nacional de Educação (PNE), previsto para vigorar de 2011 a 2020, desde que devidamente aprovado pelo Congresso Nacional. Oficialmente, o Brasil investe 5,1% de seu PIB na educação, embora alguns provavelmente maus patriotas e catastrofistas acreditem que se apurar bem não passará muito de 4%.
Se mais uma vez afastarmos da mente viciada em passado e memória a teimosa presença do 1º de abril, acreditaremos piamente que, nos moldes do que foi decidido pelo Conae, a educação básica em tempo integral será uma realidade em todo o País até 2014, haverá garantia de oportunidades igualitárias para jovens deficientes, a valorização de profissionais e aumentos de salários. Além disso, outros pontos não menos sugestivos, como um aumento significativo da oferta de vagas nas creches e a democratização do ensino superior.
Como era coisa de 1º de abril, ninguém na conferência disse de onde iria sair o dinheiro. Mas, afinal, para que elegemos congressistas? Eles que descasquem o abacaxi.
Mas descasquem bem, com muito cuidado, para não atirar fora as partes suculentas da polpa juntamente com o descarte das cascas, uma vez que estamos diante de um desafio digno do famoso carcará da poesia, do qual não se pode fugir, desde que se fugir o bicho pega, se ficar o bicho come: não acertar desde logo a estrutura da educação vai significar para o Brasil uma humilhante reprovação na escola do desenvolvimento.
Via Direta
*** Os governadoráveis de Rondônia optaram pelo contato direto com o eleitor, no olho no olho*** No interior a grande opção dos candidatos é passear nas feiras agropecuárias, beijando criancinhas, e afagando os velhinhos *** O papo nos bastidores é que em apenas ano foram alistados mais de 50 mil eleitores na capital...
Fonte: Carlos Sperança - csperanca@enter-net.com.br
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