Segunda-feira, 12 de setembro de 2016 - 05h17
A escravidão, um tema atemporal, principalmente quando se trata do modelo econômico capitalista predatório que comanda coercitivamente a sociedade, e que ainda hoje se vê, é apenas mais um “Leviatã”. Mas do que ou de quem o homem é escravo? Do trabalho, de si mesmo, do meio que lhe circunda.
Quando se diz respeito a servidão há duas vertentes: a escravidão de fato e a social.
1. Escravidão de Fato.
Surge da necessidade de dominar e possuir (desejos naturais do indivíduo que, posteriormente, serão “amenizados”, escoados no ato de comprar), e seja qual for o custo, econômico ou humano.
É importante ressaltar que, embora o trabalho escravo tenha sido proibido séculos atrás com a assinatura da Lei Aurea, deixou-nos seu legado, marcando a consciência dos indivíduos, fazendo vigente a ideia de superioridade, ou ainda como queria Montesquieu: “A ambição na ociosidade”.
Desta forma, é possível compreender a premissa de que “o homem é o lobo do homem” do filósofo Thomas Hobbes: explorador, maquiavélico (no sentido literário do termo), ou seja, dominador. Por este pressuposto somos levados a pensar que talvez todos tenham em seu registro a moría[1] como sobrenome.
Na modernidade, o regime de servidão tem características bastante próximas das vistas no passado, constituindo-se na fraqueza (econômica de essência) de um povo em relação a outro (como visto na Grécia antiga, territórios conquistados), ou mesmo de camadas privilegiadas sobre desprivilegiadas de uma mesma nação: interior do nordeste brasileiro e indústrias chinesas.
2. Escravidão Social.
É verificável que o ambiente dita o comportamento, visivelmente na figura dos contratos sociais, em que as ações são elementos da convenção. No entanto, no âmbito da modernidade, convenção e contrato são metamorfoseados, não perdem sua essência, mas dão origem a algo novo, fincado no consumo e no que é, dever-ser, comum a todos os indivíduos e para todos eles.
Há então o nascimento da escravidão social.
Esta forma de servidão ao sistema, comumente encontrada no mundo contemporâneo, e embora menos excruciante, não pode ser vista com menos importância.
Sua alma se encontra dentro do psicológico humano, sendo uma “volável” expressão do que é ser e existir, ou melhor, coexistir e resistir ao meio social e suas tácitas regras, imposições dispostas nas mais variadas formas:
“Por conseguinte, a obediência às ordens e a conformidade à regra, a admissão da posição atribuída e sua aceitação como indiscutível, a tolerância a trabalhos perpetuamente pesados e a aceitação resignada da ética do trabalho (significando, em resumo o consentimento em trabalhar por amor ao trabalho, fosse ele importante ou não) [...]” (Bauman, Zygmunt. 2008, pg. 72).
Em suma, compreende a idealização do indivíduo, em todos os aspectos que o constituem, tornando-o um objeto que como todos os seus semelhantes não passa de uma mercadoria.
BIBLIOGRAFIA
Bauman Zygmunt, “Vida Para Consumo - A Transformação das Pessoas em Mercadoria”, 2008.
Hobbes, Thomas, “Leviatã - Ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil”, 1983.
Montesquieu, Charles de Secondat, Baron de, “Do Espírito da Leis”, 2010.
[1] Loucura. Faz-se referência ao “Elogia da Loucura”, de Erasmo Rotterdam, na dedicatória à Thomas Morus.
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