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Jéssica Frocel

Meritocracia às Avessas: Mais Uma História Invertida do Brasil


          A maior parte dos indivíduos que vive no Brasil acredita seriamente num conceito de meritocracia (atingir um nível social por meio do esforço próprio), fato que presencio diariamente em rodas de conversa e gera certa inquietação desesperada, pois, avaliando a situação social-educacional é perceptível que o país não disponibiliza oportunidades iguais para todos, mas faz parecer, como o justo e bom príncipe de Maquiavel.

          Primeiramente, observando os altos índices de analfabetismo do Estado já é possível ter uma visão da realidade, quando gerações e mais gerações assim se fazem trabalhadores braças, não pela escolha, mas pela falta dela, somando-se a historicidade do país, (este público é essencialmente descendente das camadas mais baixas, escravos, índios e trabalhadores rurais).

          Em um segundo momento, um número menor ainda de brasileiros se encontra com o ensino fundamental completo, são estes ainda mais raros conforme sua idade, sendo mais comumente encontrados após os anos 70, e mesmo assim, escassos, pois há uma visível tendencia dos filhos à reprodução dos atos paternos e maternos.

          Já nos anos 2000, é possível encontrar um público relativo que conquistou seu diploma de ensino médio, mas o nível universitário é quase um desconhecido para a população de baixa renda, e é neste ponto que surge a alienação estatal quanto a meritocracia, ao passo em que ano após ano lança seus novos programas de compensação social.

          Cotas pela cor e salário, bolsas de estudo, estas extremamente concorridas enquanto a parte burguesa toma para si as universidades federais, eles, que por toda sua vida estiveram na rede privada, saem de seu universo para se apropriar do de outros, sendo bastante contraditório, se eles possuem condições, por que frequentam o meio público, enquanto aqueles sem condições se transformam em 4 para acessar o ensino superior e ainda se veem bem afortunados por conseguir!?

          Fato é, esta meritocracia é obrigatória, ao passo em que o governo precisa criar esses programas para satisfazer a população pouco favorecida sem desagradar a mais abastada, talvez valha uma frase sobre Getúlio Vargas, o pai dos pobres, mas também a mãe dos ricos, e justiça seja feita, nenhum cuidado é maior sobre o filho do que o de uma boa e dedicada mãe.

        

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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