Quem diria? O rei da latinha do rádio, Léo Ladeia, era um garoto que amava os Beathes e curtia rock com Raul Seixas. O nome diferente – Eulélio Brito Ladeia - indica que nosso herói é baiano, lá de Itororó, a mesma cidade que deu Juvenal (do Macalé) ao mundo. Nasceu no dia 28 de agosto de 1949 e, de imediato foi morar em em Nanuque, Minas Gerais.
Seu pai era tropeiro e queria mudar de vida. Inscreveu-se num concurso na Bahia para Guarda Rodoviário, passou e voltaram ao solo baiano. "Fui morar numa cidade do recôncavo a 50 km de Salvador. São Sebastião do Passe, que continua do mesmo jeito que começou. Se alguém tomar um laxante tem que ir para Santo Amaro (do Caetano) ou Feira de Santana", afirma.
Em 1964 mudou para Salvador. "Aí fiquei de cara com o mundo e não deixei por menos. Queria tudo de vez e nada tinha para dar em troca. Descobri que mais que TER é preciso SER. Fui para a Aeronáutica tentando ser piloto e vi a face negra do poder em 1968. Adquiri uma deformação de caráter que nunca mais me deixou: o cinismo como arma contra a prepotência e arrogância", confessa.
Nessa época Ladeia se virava com um violão tocando MPB, quando Raulzito lhe apresentou os Beatles. Foi paixão à primeira ouvida. Entre Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Elvis, Noel e Cole Porter, optei por todos pois no fim tudo era baião.
Léo relata que veio do ramo pobre de uma família rica, o trabalho foi o caminho. Deu sorte. Não existia o ECA e os meninos podiam trabalhar. Um dia foi adotado pela Brahma num programa de trainees. "Era tudo que eu queria. Ganhava, estudava, trabalhava e bebia todas. Saí da Brahma, fui para a Sadia e de repente Porto Velho. Por duas vezes tentei ir embora e nada. Fui ficando e não saio mais", lembra.
Há quatro anos, ele pensou que tivesse cometido todos os pecados da juventude, quando o rádio o escolheu. Pelas mãos do Ayres do Amaral foi entregue a Everton Leoni e ganhou um monitor de primeira – Sérgio Lemos. "Três dias depois de começar o Sala Vip, Sérginho me disse com a maior cara de pau que eu estava pronto. Não estava e nem estou, pois cada dia é um dia diferente. Veio daí a necessidade de escrever, e de levar o rádio para a TV com o Câmera 11 junto com o Everton Leoni. Na minha idade, quando subir três degraus é considerado esporte radical, é preciso devolver o que a sociedade me deu de alguma forma. Afinal o tempo urge e a BR é longa", encerra.
Fonte: gentedeopinião
Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)