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Gente de Opinião

Leo Ladeia

POLÍTICA & MURUPI 15/10/08


 

Frase do dia:

“Foi um equívoco. Enfiaram o pé na jaca“ – Senadora Ideli Salvatti sobre o programa da Marta Suplicy que insinua que o adversário Kassab seja homossexual

 

 

01- Animal de estimação

Neoliberalismo, que nada. No meio da quebradeira, o mundo acabou por descobrir que cada país trata o seu sistema financeiro como um bicho de estimação. A rigor um banco toma dinheiro emprestado de quem tem e empresta a quem não tem, inclusive governo, cobrando taxas, juros e penduricalhos legais ou não. Seu produto “é invisível aos olhos”, mas nos seus balanços espetaculares se escondem as mágicas financeiras. Tudo existe na base da confiança e foi pela falta dela que surgiu a crise. Agora o “cão danado” está solto sem coleira e mordendo todo mundo e cada país usa o tranqüilizante que o bicho gosta, injetando dinheiro no corpo doente para acalmá-lo, enquanto os mordidos cuidam das suas feridas. O mundo pode até mudar, mas os cães continuarão sendo cães.     

 

02- Ética relativa

Depois de assistir o festival de grossuras, mentiras e baixarias nos debates do Rio e São Paulo, percebo que salvo três momentos da campanha – a viagem, o troca-troca e uma publicação apócrifa – Porto Velho avançou muito no quesito da ética na política, se considerarmos que já tivemos casos até de assassinatos. Mas a ética continua relativa e às vezes circunscrita ao período eleitoral em função da lei. As fraudes, maracatuais, etc. continuarão existindo mesmo com a disposição do eleitor em fazer uma faxina a cada 4 anos. A renovação da Câmara de Vereadores é só o prenúncio do que irá acontecer na Assembléia. É do Silvio Persivo a frase: “Na vida o que não tem solução vira processo”.

 

03- Algumas coisas

Uma reunião travestida de audiência pública vai acontecer em Porto Velho para alguma coisa tipo informar alguma coisa sobre alguma coisa que aconteceu, está acontecendo e/ou vai acontecer com a obra, licença, processo ou alguma outra coisa da Usina de Jirau. O que se sabe é que alguma coisa ocorreu na semana que antecedeu o leilão e alguma coisa me diz que é alguma coisa estranha, já que o que o edital com os marcos virou pó, estudos idem, as audiências públicas, ibidem, tudo corroborado pelo silêncio sepulcral e obsequioso de ONGs, movimentos sociais, ANEEL, etc., e pelo clima de antecipação de licença já anunciado aos quatro ventos. Desconfio de tudo o que precisa de mais de 30 segundos para ser explicado e a reunião deverá ser longa. Sei não...Alguma coisa está fora da ordem. Vamos ouvir então   

 

04- Outras coisas

Claro que deve ser a minha velha paranóia de volta. Só pode ser ela, pondo minhoca na minha cabeça e me levando a um sonho recorrente: estou na praia e de repente o mar se transforma em óleo. Deve ser em função dessa avalanche de recém descobertas de petróleo. Por qualquer “dá cá uma palha”, e pinta o anúncio de uma nova descoberta, de petróleo, do qual aliás, não se viu ainda nem um barril. Crise financeira? Salta um Tupi! Falta de alimentos? Iara na veia. Para acalmar a Bolsa de Valores? Um Tubarão. Não duvido que todo esse óleo exista. O diabo é essa velha paranóia que chega sem avisar... Acho que vou tomar mais uns comprimidos. Não sei... Pensando bem... Será que esse remédio falso? Pior! Não estará em curso uma conspiração dos laboratórios? Vou ler essa bula de trás pra frente mesmo ASSIM, toda suja de óleo. É isso! 

 

05- Remendar ou resolver

O pedido de intervenção no estado em função do Urso Branco, promete uma senhora dor de cabeça para todos, vez que na prática, a teoria é bem diferente. Sem a solução definitiva, a torcida quer um remendo para durar sabe-se lá até quando e haja discurso contra a intervenção. Mas, o que poderia o governo federal fazer para solucionar o imbróglio? Transferir presos, soltá-los, construir mais celas ou em conjunto administrar o inadministrável? No passado a intervenção federal no Beron deu com os burros n’água e ficamos com a dívida espetada e em valores bem acima do que devíamos à época. O problema exige uma resposta e que não sairá com torcida. É aí que a porca torce o rabo 

 

06- Mateus, primeiro os teus

A Mesa Diretora do Senado decidiu dar um novo prazo para a demissão de parentes na Casa. Claro. Nada de afogadilho. Além de dar mais oito dias para que os parlamentares realizem as demissões, a Mesa decidiu que parentes contratados antes da posse dos senhores, não irão perder o emprego. Não sei muito bem o que o STF irá fazer, mas a corda está esticada e os bravos senadores irão lutar até o fim pela manutenção da boquinha familiar. Afinal, onde estamos? Que raio de autoridade é essa que deve ter um senador, se nem pode empregar alguém da família em lugar do “zé ninguém” que mal conhece. Pelo andar da carruagem logo vão querer acabar com os cargos em comissão. E aí convenhamos, é demais. Assim nem vale a pena ser autoridade no Brasil.

 

07- Relatório grampeado

Fedeu carbureto. Aílton Carvalho de Queiroz,chefe da Seção de Operações Especiais da Segurança do STF, disse à CPI dos Grampos que a própria presidência do tribunal pode ter vazado o relatório sigiloso que apontava provável escuta em uma sala utilizada pelo presidente Gilmar Mendes. Questionado sobre o vazamento e que foi publicado por Veja, Queiroz afirmou que o conteúdo era sigiloso e deixou escapar a suspeita: “Imagino que foi a própria presidência. Eu faço o relatório em duas vias e ele é entregue ao chefe de gabinete da presidência." Como um dia desses o “ínclito” delegado Protógenes disse que a Operação Satiagraha foi gestada no Planalto para ferrar o Daniel Dantas e a casa não caiu, é de se supor que agora vá acontecer a mesma coisa, ou seja, nadica de nada

 

08- Diploma para jornalistas

A votação está apontando para uma decisão que vai deixar muita gente irada. A briga, que segundo gente da cepa de um José Neumane Pinto tem caráter corporativista, deve deixar tudo como está. Cá pra nós, a competência de muita gente que atua na área não é avaliada pelo fato de possuir ou não o diploma de curso superior. Textos, reportagens e matérias brilhantes são produzidos diariamente por diplomados e provisionados, assim como as barbáries e agressões ao vernáculo. Empresas e o público se encarregam de avaliar e decidir quem é e quem não é jornalista, pela credibilidade que constroem, e não pelo volume de publicações de “rilisis” sequer lidos ou dos “ctrlC+ctrlV”. Pelo sim, pelo não, que tal encarar a facu e ler mais? Afinal, “quod abundat no nocet”.  

 

09- Na alça de mira

O deputado Tiziu fez que foi, mas não foi. É do PMDB – partido de oposição ao Cassol – mas virou líder governista, enfim voava dum lado e pro outro, e sempre com aquele seu jeito de passarinho ia se dando bem, até que foi cantar noutro terreiro e desceu bicada num galo bom de briga. Moral da história: a traição pode ser relevada e perdoada, mas a afronta é para ser encarada. E foi o que fez o senador Raupp, que entre cortar suas asas ou abatê-lo em pleno vôo, optou por esta. Na mira da baladeira, Tiziu pode perder o mandato, o partido e conhecer o outro lado da traição. “Passarinho que muito canta, faz cocô no ninho”, diz o passarinheiro Zé de Nana. É... cada um responde por seu CPF.

 

10- Congresso Nacional – um poço sem fundo

Com sua credibilidade arranhada e com um caminhão de assuntos a resolver, o Senado começa a dar sinais de reação e se afunda mais. Num projeto, prevê a obrigatoriedade do uso de protetor solar para quem trabalha no sol, noutro a extinção dos TCEs e do TCU para combater os desvios de função e noutro, oficializa o contrabando (!!!) como atividade econômico-produtiva, ao regulamentar a profissão de sacoleiro. A piada seria boa se fosse piada, mas é sério. Em lugar de combater o contrabando, o governo faz o caminho inverso, na espera de arrecadar tributos pela atividade ilícita. Pelo andar da carruagem, dia desses será a vez dos bicheiros, prostitutas e traficantes. Assim não dá.   

leoladeia@hotmail.com

 

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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