Quarta-feira, 22 de outubro de 2008 - 12h29
Frase do dia:
“Com ou sem diploma é uma lástima" – Prof. Sílvio Persivo em sofrida reflexão sobre o jornalismo. Leitura para quem é e quem não é jornalista. www.gentedeopiniao.com.br.
01- Governo fiscal multa governo que desmata
O Ministério do Meio Ambiente confirmou as autuações contra assentamentos do Incra, um dos cem maiores desmatadores da Amazônia. A revisão das multas foi pedida ao Ibama pelo ministro Minc, após o presidente do Incra questionar a validade. “Segundo a auditoria do Ibama, mesmo no caso dos desmatamentos mais antigos, as multas aplicadas são procedentes, já que havia uma ordem para que as áreas em questão, onde não havia reserva legal demarcada, fossem mantidas desocupadas para permitir a regeneração da floresta; o que não ocorreu”, diz trecho do documento. Traduzindo: o governo cobra e o governo paga. Sai dum bolso e entra no outro. Piada bem brasileira.
02- Governo devedor paga governo cobrador
As multas ambientais dos assentamentos do Incra – R$ 265 milhões – serão pagas com terras para corredores florestais. Ibama e Incra irão recuperar as áreas degradadas nos assentamentos e criar formas de renda sustentáveis para os já assentados. Saca só o “papo cabeça”: “Há consenso de que é preciso um modelo de reforma agrária em que a reserva legal seja demarcada para todo o assentamento, em forma de corredor florestal, e não para cada assentado e mais: que tenham qualificação para manejo florestal e uso de óleos, frutos e fibras, sem destruir as florestas”. Tradução: o governo vai dar terra do governo ao governo que distribuirá depois não para A ou B e sim para o alfabeto todo.
03- Tartaruga eleitoral
Se fosse uma fábula começaria assim: “Corria o ano de 2000 e uma eleição estava em marcha”. Infelizmente não é historinha. Oito anos depois da acusação, a justiça eleitoral conclui que não há provas suficientes para a condenação do então candidato a prefeito de Presidente Médici, atual Deputado Estadual e em futuro bem próximo, o Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Francisco Carvalho da Silva, o “Chico Paraíba”. Juro que não tenho a intenção de conhecer nada do processo e dou-me satisfeito apenas por saber que foi julgado, o que já é um feito. Oito anos após e tudo como dantes. No pleito de 2008, de novo a compra de votos. Eu sei, você sabe e a justiça eleitoral sabe. Alguns foram pegos, outros não mas, só teremos certeza depois do prazo regimental. 8 anos!
04- FeBeACon
Pra variar, começo assim: com tanta coisa grande e o Congresso se apequena. “As empresas oferecem promoções de tarifa zero para ligações feitas para a mesma operadora, mas, muitas vezes, a gente liga pensando se tratar da mesma empresa e não é. Então, a gente acaba pagando a tarifa, acreditando se tratar de uma ligação feita dentro do plano promocional”. A pérola do raciocínio lógico de marketing é da lavra do desenvolto e “ínclito” senador Geraldo Mesquita do Acre, que acrescenta que a medida pode beneficiar milhões de pessoas. A sugestão segundo o próprio, lhe foi repassada por e-mail e foi repassada por um cidadão. Quanto aos milhões de beneficiários, creio que é fruto de um mesquitiano estudo. Como diz o Zé de Nana, “É osso barão. É osso”.
05- Contrato de risco
O presidente do Senado, Garibaldi Alves, anunciou ontem a exoneração do advogado Alberto Cascais. Cascais não é parente de senador mas caiu em função do nepotismo. É dele uma pérola de humor jurídico-escafedante. Se o parente já estava pendurado antes da posse do senador, não poderia ser demitido. Garibaldi foi na dele e caiu do cavalo, derrubado pelo procurador-geral Dr. Antonio Fernando. No mato sem cachorro, Garibaldi montou uma comissão para apurar o nepotismo na Casa e prometeu adequar as medidas contra o emprego de parentes às contestações feitas pelo procurador. “Afastei o advogado das suas funções porque ele não se mostrou à altura do desafio porque, elaborou o enunciado alvo dos questionamentos do procurador”, disse Garibaldi. Nas entrelinhas ouço o papo garibaldiano: “Ajeita Cascais, ou cai fora”. Não ajeitou e ouviu o berro: “Pode sair “seo” 02!” Já pensou? Parente com prazo de validade.
06- Meirelles, o poderoso chefão
Se existe alguém que não pode se queixar da crise é o Meirelles do BC, que a cada dia vai enfeixando mais poder nas mãos. Trabalhando de forma independente e de olho no furacão, Meirelles ora avança, ora recua, sem maiores explicações.Ontem o presidente do BC recebeu mais corda. Uma MP dá ao Banco do Brasil e à CEF poder para comprar diretamente, ou por subsidiárias, participações em instituições financeiras com sede no país, incluindo empresas de seguro, previdência e capitalização, ou seja, O BC pode comprar bancos em dificuldades e poderá também fazer operações de swap de moedas com outros BCs. Meirelles está com a bola e tem gente no governo morrendo de raiva.
07- O Teatro Invisível
O dinheiro, dizem, está na conta. O terreno, dizem, foi regularizado. As fundações estão lá enterradas e com os ferrinhos apontando pro céu mas, a expectativa acabou. 2008 se vai e Porto Velho continuará sem o Teatro Estadual. Tudo bem. Já temos o teatro Um do Sesc, o Municipal, já em fase final e o Teatro dos Vampiros já está em processo de mudança. Não de local ou de forma. Dele já quase nem se fala, quase nem mais se vê e um dia, se tornará invisível. Será o primeiro teatro invisível do mundo. Daí para a outra etapa é um passo. Será transformado em monumento ao descaso com a cultura e, por via transversa, cumprirá seu papel encenando a peça da sua não existência. Bravo!!!
08- Inferno astral
Garibaldi Alves, presidente do Senado, vive seu inferno particular. Leniente com o caso do nepotismo, foi obrigado por uma ação da Procuradoria Geral da República, a baixar o trem de pouso e refazer o plano de vôo, na contramão do “spirit de corps”, uma entidade que baixou e saravou no Senado e não sai nem com exorcismo ou descarrego. Ontem Garibaldi “pegou ar e queimou na parada”. Meireles e Mantega foram à Câmara dos Deputados falaram por horas a fio e cancelaram a visita ao Senado. Babando Garibaldi subiu nas tamanca e bradou: “Se não aceitarem o convite, vou convocar”. Enquanto o Senado vive em clima da nova Mesa, Garibaldi vê seu prestígio menor que o do Renan.
09- O PMDB e os gatos num só saco
Cá pra nós, o PMDB poderia estar numa situação mais confortável, mas paga por uma decisão do passado. Ao passar a mão na cabeça de Renan Calheiros, acreditou que o caso estava resolvido. Renan foi à luta, fez um grande número de prefeitos em Alagoas e cacifou-se no Senado outra vez. Magoado com o Senador Tião Viana, seu sucessor na interinidade, despeja agora seu veto e articula pesado contra o petista para a eleição à presidência da Casa. O acirramento prejudica a composição de uma chapa no Senado e pode melar a eleição de Michel Temer na Câmara. A solução via Renan joga mais uma vez o nome do Sarney como solução da crise. É tudo com que o Renan sonha.
10- Abacaxis na prisão
O governador Ivo Cassol terá um encontro hoje com o Ministro Tarso Genro para falar sobre a crise no sistema prisional de Rondônia. Na pasta Cassol leva dois abacaxis que só podem ser descascados a quatro mãos. O primeiro é a possibilidade de intervenção federal em Rondônia, por conta do imbróglio Urso Branco e cuja solução para sim ou para não, passa pelas mãos do ministro Genro, a quem não interessa a intervenção. O outro abacaxi é o presídio federal de segurança máxima já inaugurado, mas sem presos até hoje. Para Cassol, o ideal é que o governo passe o presídio para a administração estadual, esvaziando um pouco o Urso Branco. Tarso Genro nem cogita falar sobre isso. Mas os abacaxis precisam ser descascados e serão. Mais cedo ou mais tarde.
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