Sábado, 6 de agosto de 2022 - 16h53
Agosto é
sempre mês difícil, longo, chato, a gente já invoca com ele até por tradição,
para não perder o hábito, embora estejamos cobertos de razões - históricas -
para desejar que ele passe logo. Mas agora, olha só, não é que o Brasil está
acordando, despertando sua sociedade civil? Fique atento, tem Carta importante
chegando para você, para nós, brasileiras e brasileiros na luta pela democracia.
Este agosto já começou meio esquisito, embora na verdade as
coisas aqui já andem bem esquisitas faz tempo, notadamente nos dias e meses dos
últimos quatro anos. Mas no próximo dia 11 fica esperto, que o tradicional Dia
do Pendura pode começar a despendurar a gente dessa situação esdrúxula que
vivemos. Será o dia da leitura da nova Carta aos Brasileiros, que já conta com
quase um milhão de assinaturas, em Ato Público na Faculdade de Direito do Largo
São Francisco, em São Paulo, 45 anos depois daquela que marcou, em agosto de
1977, o início da luta conta a ditadura. Saiba, conheça, participe, assine
também, registre que recebeu e apoia essa correspondência. E o bom é que até já
há outras cartas parecidas saindo do forno de importantes entidades, inclusive
empresariais. Receba!
Dia 11 de agosto é o Dia do Estudante. E o Dia do Advogado,
quando a gente costumava ouvir falar dos estudantes de Direito que se juntavam,
iam aos restaurantes, comiam, bebiam, e na saída apenas deixavam ao garçom um
bilhete, que cantarolavam, em verso: “Garçom, tira a conta da mesa e ponha um
sorriso no rosto. Seria muita avareza cobrar no dia 11 de agosto”. Era o Dia do
Pendura.
O esperado terror dos donos de bares e restaurantes, e uma
tradição que foi acabando, até que não faz muito tempo, e porque já são tantos
os cursos de Direito, mais de 1500, que o prejuízo começou a ser mesmo
gigantesco, e o “pendura” bastante questionado. Aliás, até por ser crime comer
e sair sem pagar a conta – o que pega bem mal em tempos politicamente corretos,
e embora esta tenha sido sempre uma brincadeira tradicional, secular.
Mas voltando ao mês do desgosto, que agora até já nos levou
uma pessoa marcante como o Jô Soares, e onde continuamos sabendo da morte
diária de centenas de brasileiros vitimados pela Covid, quando nos apavoramos
com o surto de uma doença antiga como a varíola – mais uma que precisará, se
descontrolada, que nos afastemos da proximidade uns dos outros quando mais dela
necessitamos. Estamos sempre em alerta, das coisas daqui, das coisas do mundo,
das repetitivas ameaças.
Olha só. Há 12 anos publiquei uma crônica “O gosto de
agosto”, em vários lugares, e que agora revisitei. Me causou grande surpresa
com as coisas que então enumerei sobre esse sabor amargo: ... “Aqui tivemos
presidente que renunciou, presidente que se matou. Já aconteceram muitas coisas
estranhas em agosto, o que nos faz mesmo ficar com o rabo e a barba de
molho”... – um dos trechos.
Na crônica de, veja bem, mais de uma década atrás, eu dizia
que adoraria poder prever um pouco o futuro. E não é que no fundo, vejam só, de
novo estamos quase que exatamente assim:
...“Este ano não será diferente. Só pior. Tem eleições
indefinidas. Tem Seleção indefinida. Tem situação mundial esquisita, lá longe e
aqui perto. E como agosto se alastrou de vez, tem óleo na praia, fora acidentes
bem fatais, muitos crimes passionais e tragédias climáticas. Fora doenças
esquisitas e metamorfoses ambulantes. E eles, todos, os líderes, sem soluções,
só com promessas. Têm, inclusive, entre eles, uns meio malucos aparecendo, e se
criando, já ano após ano. Coisas que já vimos acontecer e que não dá certo;
perigosas, justamente porque movimentam as massas”...
Portanto, saindo para comprar um turbante, lustrando a bola
de cristal, concentração: lá vai minha mais nova previsão!
Unidos, conseguiremos sair desse agosto de 2022 pelo menos
com mais esperança. Alguma esperança.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n