Sábado, 2 de dezembro de 2023 - 07h05
Azáfama, não é linda a palavra? Sonora? Você ouve
e logo até já se põe em movimento. Lembro muito dela aos finais de ano, quando
a humanidade parece entrar no estágio do “corre”, para fazer tudo o que não fez
os outros meses.
Tudo vira urgência, afinal agora faltam poucos dias para
virar o ano, todo mundo já de cabeça virada pensando em Natal, Ano Novo,
viagens, verão, férias, essas coisas, que inclusive diminuem os dias, digamos,
úteis, deste mês de dezembro. Parece que alguém lá de cima estalou o dedo e as
pessoas imediatamente se põem a pensar, correr, e daí vem um estresse danado.
Como se não bastasse o normal do dia a dia, as coisas se aceleram, atropelam.
São atropeladas.
A lista é grande, em geral de coisas que lá no começo do
ano a gente se prometeu fazer e se dá conta só agora que não fez, não realizou,
ou até esqueceu, mas acaba lembrando e isso é bem chato. Mais chato ainda é
quando ainda por cima se é a vítima da azáfama dos outros, que viram suas
baterias contra nós exigindo que façamos em azáfama o que poderia ter sido
feito muito tranquilamente antes - e isso é bem comum, jogar a lista para a
frente. Se prepara! Dezembro chegou, e passou tudo tão rápido que vai ter quem
repare que o ano praticamente já acabou só a partir de hoje, de agora, da
chegada do mês que já vem sendo anunciado por enfeites, luzinhas espalhadas em
janelas, árvores de Natal, 25 de Março em polvorosa, ou melhor, na azáfama. Tô
falando: tem palavra melhor para definir essa época?
O sentido dela pode ser bom ou mau, dependendo de como
levamos a vida; tem o lado da pressa, afobação, confusão, imprudência,
açodamento que pode trazer problemas inclusive para os próximos tempos se não
ficarmos atentos. O lado bom? Ao menos começar a caminhar na direção sonhada,
mesmo que atrasado alguns meses.
Andei pensando que coincidentemente quase todas as vezes
que me mudei de um lugar para outro foi em dezembro. Essa coisa de começar o
ano com vida nova que a gente aprende desde que, inclusive, se entende por gente,
vai sendo renovado pelas tradições. Todos os anos pensamos e passamos pela
mesma coisa: que à zero hora do dia 1º do ano que chega tudo vai mudar,
inclusive nosso próprio comportamento. Aí fazemos as tais promessas, planos,
epifanias. Pior, logo descobrimos que em geral o que mudou mesmo foram só os
números. Do ano, do mês, e sempre ganharemos – e se tudo correr bem, Oxalá! –
inclusive mais um ano de vida. Ah, os números também mexem com as contas que
sempre aumentam.
Mas, bem, você há de pensar, e eu vou concordar, que a
azáfama tem vivido entre nós o tempo inteiro, não só agora. A de viver,
sobreviver, e também a de aparecer, especialmente essa, tem tornado a vida uma
aventura e tanto para um número cada vez maior de pessoas em busca de virar
rico, celebridade, influencer ou se contentando até em ser sub tudo isso. Toda
hora sabemos de alguém que despencou de um penhasco tirando uma selfie ou se
estatelou num poste gravando algum vídeo. Uma loucura essa azáfama de se dar
bem com pouco esforço que anda bem na moda.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br
/ marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n