Sábado, 15 de fevereiro de 2025 - 08h00
Bermudas. Repara só. É recente, pelo menos aqui
na engravatada São Paulo, ver tantas pernas desnudas, a invasão das bermudas
que, com o calor absurdo que vem sendo registrado, parecem , enfim, ter
libertado os homens. Não era assim. Brinque de contar quantas vê, quando sair:
estão em todos os lugares.
Cambitos à mostra, todas as cores, pernas musculosas ou
não, com sapatos, tênis ou chinelos, todas as ocasiões. Os mais jovens vão
deixando elas caírem da cintura, mostrando dispensáveis “cofrinhos” e cuecas,
algumas que deveriam até já ter sido alçadas a pano de chão, mas tudo bem,
vamos indo, que nem tudo é mesmo belo. O importante é registrar a mudança de
comportamento da última década, com mais gente aderindo, e o que em São Paulo
realmente é novidade, desengessando um pouco a caretice reinante.
Aliás, as mulheres também estão aproveitando bastante essa
libertação, e nas ruas desfilam garbosas não só com bermudas, mas com shorts
que aparecem até na versão “terninho”, além dos mais justos e despojados. Quem
diria que veríamos as blusas curtíssimas, os croppeds, a parte de cima dos
biquinis combinadas. Umbigos à mostra, e em todos os corpos e idades – a
libertação dos padrões antes impostos, sinalizada.
A moda realmente acompanha as mudanças de comportamento, as
necessidades econômicas e agora até o calor quase aflitivo que não há como
negar bate à nossa porta. Ainda há muitos grupos a serem alforriados,
necessário notar os tantos coitados de dar dó ainda obrigados a usar uniformes
pesados, de tecidos grossos, escuros. A hora deles precisa chegar.
Enquanto isso assistimos a um verdadeiro show de corpos nas
ruas, completado pelas transparências e outras novidades em vestidos longos e
coloridos de muitas Marias, arrastadas pelo chão, aquelas camadas, babados, que
dão movimento ao andar. As mulheres parecem mais fresquinhas e ventiladas,
confortáveis. Mas também outras resolveram radicalizar, e saias mais do que
mini, micros, estão aí para quem quiser ver, ou tentar, até porque são
adaptadas de alguma forma para, embora pareça, não mostrar nada, algumas
acopladas aos tais shorts, menores. Há alguns anos causariam escândalo na
sociedade machista que embora ainda persista sua opinião cada vez tem menos
valor.
Normalmente a expressão “pegos com calças curtas” queria
apenas dizer pegos desprevenidos; não mais. A bermuda, fui ver, surgiu no final
do século XIX, quando os soldados britânicos cortavam as próprias calças para
se adaptar ao calor em campos de batalha. O nome vem do arquipélago das
Bermudas, onde a peça primeiro se popularizou. Grande parte das bermudas que
vemos por aí já foram calças que, aproveitadas, ajudam a economia em momentos
difíceis. Mas claro que há de se notar ainda o uso dos jeans furados/rasgados
como se seus donos e donas tivessem sido atacados por cães ferozes se
popularizaram, inclusive com alguns jeans zero quilômetro, descascados,
vendidos a preços irreais nas lojas de marcas. Não deixam todos de ser também
uma forma de ventilação do vestuário. Uma outra informação é que chama jorts
aquelas bermudas mais compridas, que passam a linha dos joelhos, também mais
largas, quase saias. Aliás, as saias também andam por aí liberadas aos homens,
tentando se infiltrar, mas ainda de forma contida.
As notícias a cada dia mais esquisitas e os fatos cruéis na
realidade nos pegam ainda de calças curtas diariamente, até cansa escrever
sobre elas; daí ter escolhido tema mais arejado. Torcendo para que não nos
peguem mesmo é com as calças arriadas. Precisamos ter tempo para correr. E não
tropeçar.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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