Sábado, 11 de maio de 2024 - 08h00
Chove lá fora, e chove de um tudo, muito além da
água que inunda um Estado inteiro. Nossos olhos chovem incontroláveis vendo as
cenas da tragédia no Sul. Mas chove também preconceito, tirania, violência,
mentiras e incompreensão.
Uma chuva para a qual não adianta abrir guarda-chuvas,
porque não existe nenhum tão grande e forte que nos resguarde de tantos
acontecimentos que, pasmos, assistimos nos últimos tempos molhados e escaldados
pós-pandemia, aquela que acreditamos severamente que mudaria o mundo para melhor.
Piorou. E parece que muito.
Guerras se multiplicam e permanecem, e os que as promovem
mantêm seus ouvidos moucos a qualquer apelo de cessar fogo, acordos, tentativas
de mediação de nações e organismos internacionais cada vez mais fracos. Vencem
os senhores da guerra, os donos das armas.
Não são os alquimistas que estão voltando. São os
moralistas e hipócritas haja visto a impressionante avalanche deles que, por
exemplo, sucedeu o show de Madonna, inundando, sim, todas as redes sociais, e
com comentários inacreditáveis em pleno 2024. Pior, os chatos foram quem
botaram galochas para fazê-los, alguns muitos anônimos; outros, infelizmente,
entre nossos próprios grupos e amigos, o que foi mais terrível constatar,
apareceram mostrando a verdadeira cara. Há muito não lia tanta hipocrisia,
moralismo barato, desconhecimento, maldade, absurdos e bobagens como nessa
semana, ultrapassando qualquer limite. Nunca tinham visto, talvez, um
espetáculo livre de amarras, curtido um rock, ido a um teatro, lido um texto
forte de tantos autores que temos, e não é de hoje, odeiam a arte. Ah, também
não fazem sexo; Oh! – mas o que é isto? Não têm prazer, nem admitem que exista,
que há quem goste, que a diversidade abriu as portas, escancarou as janelas.
Até parece. Santos do pau muito oco. São os mesmos que
alimentam a audiência absurda de sites e perfis pornô, e nem se fala mais no
escurinho do cinema. Ficaram mais incomodados ainda porque o espetáculo passou
também na tevê, além daquele um milhão e meio de pessoas registrado nas areias
de Copacabana, e que tudo correu em paz, ao contrário do que eles previam e até
apostavam contra. Aliás, eles também assistiram, alguns até pessoalmente, como
a turma da extrema direita captada mexendo os pezinhos com a música e que
depois correram para se explicar para seu grupo maldito. Um deles ousou dizer
que foi ao show de Madonna porque ela é “amiga de Israel”.
Chove ignorância. Chove preconceito, e no caso também mais
uma mostra do etarismo que condena as mulheres – Madonna, 65 anos, quase 66!
Nem viram nada quando ela chegar aos 80 rebolando mais que Mick Jagger quase
com 81, ambos leoninos da gema.
Chove, acima de tudo, negacionistas, uma enchente.
Negacionistas, não só de mudanças climáticas, embora já claramente as estejamos
vivendo. Negam tudo que não seja para eles. Gostariam que o mundo regredisse ao
estágio que sonham ainda poderiam controlar, e que nos tiraria os direitos tão
duramente conquistados. Se aproveitam inclusive da liberdade, que conquistamos,
pela qual tantos morreram, para espalhar sem limites as mentiras, o ódio e a
tirania, as malditas divisões que promovem.
Essa chuva de horror tem de parar, para evitar novas
tragédias que nos enlameiem ainda mais enquanto sociedade civilizada.
___________________________
MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
___________________________
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo
Os nossos patetas e trapalhões não são em nada divertidos como o trio e o quarteto de outrora que tanto nos alegravam. Embora possamos rir desses ta
O coringa bomba e a semana difícil
Já não bastasse a semana que já vinha estranha aqui e no mundo, de repente mais surpresa, boom!, o homem vestido meio que de coringa se explode, não
Pode apostar que tem alguém apostando alguma coisa perto de você. Ou em alguma coisa. Ou até em você. Nesse mundo em que tudo virou isso ou aquilo,
Línguas. Línguas soltas por aí
Impressionante o estrago que uma língua solta batendo nos dentes, consciente ou distraída, malvada ou engraçadinha, pode fazer. Em épocas eleitorais