Sábado, 3 de setembro de 2022 - 06h05
200 anos de Independência do Brasil. Do Brasil. Mas e a dos
brasileiros? Mais do que uma pendência, ou várias nesse sentido, ano após ano,
nossa dependência aumenta, e de todas, várias formas, muito além da política,
de gritos, da alternativa Independência ou Morte!
Lá vem mais uma vez um 7 de Setembro, só que de novo ao
invés de podermos pensar em comemorações, conhecimento da história do país,
festejos da data redonda e até na reabertura do Museu do Ipiranga, ainda também
teremos de nos preocupar com os ataques à democracia vindos de uma parcela que
parece tomou conta, se apossou, do verde e amarelo. Ele se preparam para levar
às ruas seu ódio, fanatismo, ameaças, além de fumacentos desfiles militares,
intermináveis continências. Que tédio.
Sem sossego, e esse é só mais um momento. Estamos sempre
na dependência do que vai ou poderá acontecer, seja nessa data, ou em outras
significativas, como as eleições, primeiro, segundo turno. Dias tensos,
atentos.
O pior é que delas, das datas, sejam cívicas ou religiosas,
sempre resta algum traço de necessidade. Visitando a história nacional, então,
pior, sentimos que tudo pode acontecer e a qualquer momento, como inclusive já
ocorreu em diversos períodos. E esse medo nos torna ainda mais dependentes do
que já o somos.
Dependentes de atos e programas de governo, cada vez mais
de auxílios econômicos, fixos ou emergenciais, das decisões sobre programas
sociais, sua manutenção, até do controle de preços e da proteção aos direitos
duramente conquistados, de tanta coisa vinda de cima, quem realmente pode
pensar livremente?
Quantos e quem são os “livres”, que não devem nem
precisam de nada, nem devem obediência, sujeição ou subordinação? Não dependem
de nada? Não precisam de ter ao menos algum medo, algum temor? De serem julgados
sem Justiça, de perder trabalho, casa, família, amigos, condições mínimas,
liberdades, possibilidades?
Quantos podem realmente se dar ao luxo do total livre
pensar? Melhor, livre dizer, que agora até a liberdade de expressão anda
virando falácia?
Pensar até pode. Que por enquanto isso ainda está livre,
gracias. Mas quantas vezes ao dia me pego, por exemplo, no que chamo “pensando
pra dentro”? Não comentando, dizendo exatamente o que penso, acho, sobre alguma
conversa ou fato? Difícil admitir, mas é verdade, e boa precaução, saudável,
inclusive em um momento tão polarizado de todas as formas e que ainda não
conseguimos localizar claramente quem realmente são os inimigos, quais serão as
consequências dessas batalhas.
A tal dependência de muitos, no caso atual de algum mito,
insisto, seja lá de qual lado/direção for, tem tornado difíceis conversas
sinceras até sobre assuntos antes triviais, banais e comuns, tantos atarracados
nessas idolatrias, que parecem vir acompanhadas de fechados manuais de
instrução. Como drogados, dependentes – não das informações reais – mas do que
ouviu falar por aí, e que saem repetindo tais como papagaios. Em vários
instantes, creio, melhor não polemizar. Mais uma vez, vai saber onde uma discussão
boba pode levar. Como aprendi, e que um amigo sempre lembra ter lido em um
coletivo em Israel: qual vantagem conversar com o motorista?
Já vivi bastante para ver. Vários momentos nessas últimas
décadas. Na maturidade, sei bem o quanto me custou buscar ser livre, agir, e
ter pensamento original, e o quanto isso já provocou reações e insídias dos que
não conseguem aceitar, experimentar ou conhecer o minimamente diferente.
Não é medo, que para chegar ao hoje, enfrentando de um
tudo, muitos tiveram de superar e o fazem todos os dias. Chama cautela e
cuidado com a saúde mental. Inclusive porque a paciência, essa sim, está bem
esgotada, e o tempo urge para ser perdido com o que/quem não preza a real
independência, um valioso bem para o qual todos deveriam estar voltados em suas
buscas. Livres, de verdade, sem ter ou causar problemas a não ser a nós mesmos.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n