Sábado, 28 de setembro de 2024 - 08h00
Se é para falar em emergências, temos tantas que
perdemos a conta. As climáticas estão na Ordem do Dia. Mas é preciso cavar
espaço – e agora, daqui a poucos dias, é a eleição mais importante para isso –
para as que estão ao nosso redor, em nossas cidades, as emergências urbanas,
por menor que sejam, em capitais ou interior. Todas são urgentes, muito
urgentes. E até mais fáceis de resolver. Zeladoria, já!
É hora de dar um basta à enrolação municipal. Ficar ouvindo
a propaganda política chega a dar nos nossos nervos. Aqui em São Paulo, e creio
que não deve ser lá muito diferente em outros lugares, a campanha de candidatos
a vereadores chega a ser engraçada, com um misto de gente variadíssima gritando
números e pedindo votos por motivos que mostram que realmente não têm qualquer
noção do que é vereança, do que é a Câmara Municipal, e ninguém sabe como e de
onde apareceram. Pensam que é ganhar dinheiro e dar nome de ruas. Um quer ser o
Bolsonaro, que aliás aparece de vez em quando e parece pedir voto nele próprio
para vereador. Tem uma cubana, umas que se dizem ou ameaçadas por Lula, ou que
praticamente existem para lutar conta ele. Oi?
Muitos pastores, pastoras, citações bíblicas; outros
novamente usando tragédias pessoais, como a mãe da Isabela Nardoni. Os animais,
pets, realmente estarão na Câmara sentadinhos se pelos menos uns dois ou três
das dezenas que os “defendem” conseguirem entrar. Tem os que dizem que fizeram
tanta coisa que, puxa, podiam se candidatar até para prefeito – seriam melhores
que o estouvado moleque absurdo do boné. E os que anexam aos seus nomes umas
coisinhas esquisitas? - como o do Bar, do Açougue, da pia da cozinha, doutor
isso, pastor aquilo. Os que aparecem com padrinhos, e a maior parte padrinhos
bem pouco recomendáveis que a gente já conhece bem o que não fizeram quando
eleitos.
A cidade de São Paulo há alguns meses parece estar em
obras, e claro que antecedendo a eleição de forma que a gente note e ache que
trabalharam assim o tempo inteiro. Até atrapalham para serem vistos fazendo
buracos, asfaltando, pintando e bordando. Remendando, na verdade. Na realidade,
a zeladoria urbana está um desastre e não é de hoje.
Tá bem, que a população também não ajuda. Mas falta
incentivo. Se tudo estivesse cuidado, limpo como vemos (e suspiramos) em
imagens de outros países, sem um papelzinho no chão, quem sabe? Mas o lixo se
espalha nas ruas, e se há latas de lixo, acredite, todas transbordam de boca
cheia, inclusive em importantes áreas turísticas. Vergonha.
Ah, as calçadas! Saquinhos de lixo com cocô de cachorros
recolhidos podem ser encontrados nos pés das árvores (insisto:
#ÁrvoreNãoÉLixeira), no meio fio, poucos no lixo onde deveriam estar, se
catados realmente o fossem com civilidade. Claro, isso quando catado, não é
mesmo? Se pisar em cocô desse sorte estaríamos feitos. Buracos! Pedras soltas!
Catapimba. Tente andar sem olhar para baixo nas ruas dessa cidade.
O trânsito por aqui está uma espécie de Índia. Querem
acabar com os radares, mas andam pondo alguns em lugares que ninguém precisa, a
não ser que você pense que eles estão mesmo cuidando de sua segurança.
Cidade. Atenção ao que acontece. É seu condomínio. A de São
Paulo é grande o suficiente para a gente não conseguir ver tudo e acabar até
caindo na arapuca de acreditar em muita coisa que dizem que fizeram lá longe.
Uma só, para dar exemplo, e com informação vinda de quem mais precisa: alguém
da imprensa foi lá dar uma olhada no tal transporte hidroviário que o prefeito
se gaba de ter feito na Represa Billings? Realmente fez. Eles diz que em 17
minutos a população atravessa, o que antes levava mais de hora para transpor.
Só que ninguém está contando a fila de horas que os passageiros levam só para
entrar na balsinha cambaleante, onde cabem poucos por vez, e que me descrevem
como bastante insegura.Nas emergências urbanas, a lista é bem maior, poluição
do ar, sonora, visual são a moldura do quadro de inúmeras situações de risco a
que estamos expostos.
Por favor, pensem bem nessas emergências antes de votar.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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