Sábado, 31 de dezembro de 2022 - 11h50
Tenho pensado – e, mais do que
pensado, a tenho mesmo evocado - na fênix, essa bela ave mitológica cheia de
mistérios, de penas vermelhas e outras de vários tons, douradas a sua longa e
bela cauda e garras. Símbolo da vida, da morte, e dos inúmeros ciclos pelos
quais sobrevoamos. Representa a esperança, e especialmente o fato de que é
necessário dar a volta por cima nas situações adversas, e renascer. Nem que
seja das próprias cinzas.
Conta-se que as lágrimas da
fênix podem curar qualquer doença, ao contrário das nossas que às vezes apenas
vertem sem parar, e já nem sabemos porque tão incontroláveis, se escoam para
algum rio mágico que carrega nossas mágoas, os desconsolos. Cantada em verso e
prosa desde a Antiguidade, desenhada pelos artistas mais requintados, imaginada
com toda a sua mágica, a fênix traz em si o sonho da imortalidade, mas também
as mudanças que passamos no decorrer dos anos. Nos lembra a vida marcada por
queimaduras, os momentos que morremos internamente, e dali, assim como ela,
saímos. Nós mesmos saímos daquele ninho em combustão. Ninguém mais. Todos somos
fênix.
Ainda era muito menina quando
soube dela, a vi em ilustrações e histórias dos livros de fábulas e mitos que
acabaram por me ensinar muito da vida, e me encantei. Aliás, sempre me encantei
por seres mitológicos, as sereias, as ninfas, Pégaso, os centauros, e até com
as malvadas hidras e suas cabeças que renascem assim que cortadas. Gosto de
pensar que há um mundo mágico onde as coisas funcionam diferente deste,
terreno, trágico.
Tentei até contar quantas
vezes até hoje eu mesma abriguei em mim uma fênix. Mas perdi a conta; foram
muitas. Mesmo. Perdas, rompimentos, travessias, desilusões, cortes, saúde,
amores, para em seguida ressurgir, mesmo que trazendo em minhas penas as marcas,
até cicatrizes. Igual a ela, há o momento que paramos o canto feliz e
entendemos a melodia triste que antecede o fogaréu. Como disse, as fábulas
muito me ensinaram, de fé, dos fatos, da vida, dos humanos, da moral da
história. Das raposas, do coelho, da tartaruga, da coruja, dos sapos, do
jacaré; da meninice da garota do leite às atitudes da gente simples capaz de
carregar um cavalo nas costas.
Portanto, nada melhor do que a
imagem da fênix para uma reflexão de fim de ano, de futuro, de ciclos,
especialmente não só desse que estou particularmente passando, mas do que todos
nós, enfim, estamos passando, finalizando, enfrentando adversidades nunca
vividas, como a pandemia, morte de ídolos que considerávamos realmente
imortais, tais os feitos, as marcas e o sucesso de suas vidas, reis e rainhas,
com ou sem trono.
Falo ainda do ciclo tenebroso
que se fecha com o fim do governo infernal, assombroso e cinzento que termina
junto com este ano, deixando, inclusive, atrás de si, cinzas e muita
destruição, ódio e divisões. E governo esse que curiosamente será sucedido por
uma fênix – um líder político renascendo de sua própria destruição e que
precisará contar com esse aprendizado e com as forças do Universo para se
recompor completamente e virar reconstrução, renascimento e a esperança de toda
uma nação.
2023 chegando, e ao pensar
numa mensagem positiva, me ocorreu apenas esta: que todos consigamos seguir
como o fazem as fênix. Nesse eterno recomeçar, dando a volta por cima, voltando
sempre a cantar bonito e a voar para o horizonte, lá onde o Sol nasce e morre
todos os dias.
Feliz Ano Novo! Que,
calorosos, sigamos juntos e misturados, em busca de nos eternizar, na fantasia
e na realidade.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista,
consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no
Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na
Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
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Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n