Sábado, 28 de janeiro de 2023 - 10h48
Olha aí. Já chegou. Fevereiro. Quando a gente olha
adiante já sente até o seu calor, e não é só do verão, que tentamos a todo
custo retomar e reviver depois desses anos de pandemia, perdas e horrores. Vai
ter forçação de barra, sim, para que o Carnaval se sobreponha, que a alegria se
espalhe, e por aí vai. Eis o temor.
O Carnaval de 1919 após o fim da pandemia no começo
do século passado entrou para a História. Era a praga da gripe espanhola que
estudiosos calculam ter matado cerca de 35 mil pessoas no Brasil (e 50 milhões
no mundo inteiro). Era, como hoje, um clima de fim do mundo, porque, claro,
ainda havia dúvidas: acabou mesmo? Ainda podemos morrer?
A história e as farsas, bem sabem, se repetem. A
Covid, desde 2020, e em números oficiais, matou até agora - só aqui - quase 700
mil pessoas, cerca de 15 milhões no mundo, onde nos inserimos tão fortemente
logo nessa hora, maldita globalização! E não parou ainda não. A média de mortes
nos últimos sete dias anteriores a agora quando escrevo foi de 131 mortes/dia,
no Brasil. Chamam isso de estabilidade. Tudo bem, tudo bom, que a situação
parece mais controlada, embora ainda haja a burra resistência de alguns milhões
à vacina, incerteza sobre novas cepas e sua capacidade de transmissão.
Mas vamos para a festa, porque precisamos dela. Não
só por conta da doença mais “estável” (vejam bem, estável), mas porque
merecemos alegria - temos vivido meses bastante intranquilos, e em âmbito
nacional e internacional, seja pela política, pela(s) guerra(s), pelas visíveis
alterações climáticas e desequilíbrio da natureza, pelas incertezas econômicas,
que problemas não faltaram. E especialmente porque estamos como náufragos saindo
desses tempos com nossa saúde mental alterada, com os nossos corpos alterados,
assim como muitos costumes. Todos fomos de alguma forma marcados a ferro e fogo
por esse período. E o Carnaval de 2023 deve passar à História, falta saber
como, se será legal, positivo. Ou...
A guerra continua. As cada vez mais fortes e
estranhas transformações ambientais também. Fora, por aqui, as estranhas e
esquisitas manifestações golpistas, uma turma envolvida no verde e amarelo que
acredita só no que quer, parecendo ter sido juntada por disparates, sem ver um
palmo à frente. Ainda incapazes de perceber que quem não é “deles” pode mesmo
não ser do “outro”, esse lado que tanto odeiam, e muitos nem sabem explicar por
causa do quê. Incapazes de reconhecer qualquer realidade, nem mesmo a dos
índios que vemos sucumbir diante de nossos olhos em imagens ao vivo, mas que
juram ainda serem mentira, feitas em outros países. E, vejam, há muitos dessa
turma sendo caçados diariamente pela Polícia Federal depois da invasão em Brasília
no dia 8 de janeiro, e o que vem servindo para atrasar ainda mais o expediente
da volta à alguma normalidade.
Por outro lado, há de se registrar, a bem da
verdade, que o “outro”, o novo Governo, que embora novo já seja também nosso
velho conhecido, está ainda encalacrado demais, patinando e escorregando nesse
primeiro mês, perdendo desnecessárias batalhas de comunicação, com umas bocas
que falam mais do que a língua alcança, infinidade de decretos e muitas ideias
de jerico, que não vão dar em nada, mas causam ruídos e maremotos
consideráveis. Repetindo erros, velhas cantilenas, simulando revanches ao mesmo
tempo que mantém aqui e ali as mesmas discutíveis alianças e métodos de
outrora.
No Carnaval – que aliás já começa a se mostrar que,
convenhamos, só quatro dias é pouco, tem de começar antes - esqueceremos tudo,
aí todo mundo se juntará, pelo menos espero, e que seja em paz.
Fevereiro tem muito a acontecer, além da festa para
Iemanjá, o verdadeiro Dia dos Namorados, tem até Dia do Comediante. Dia 28 é o
Dia da Ressaca, sabia?
Ali já começaremos a sentir até os marcos de março.
É pau, é pedra.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de
comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom
para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na
Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n