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Marli Gonçalves

Hábitos & Manias


Hábitos & Manias - Gente de Opinião

Hábitos, manias, vontades que até bate pé para conseguir, porque senão se inquieta. Você tem, eu tenho, nós temos. Somos doidos? Até, talvez. Mas é legal saber que há uma boa distância entre ter hábitos arraigados, quase ou tipo manias, se bem que uma coisa é bem perto de outra, e ser considerado maníaco ou com transtorno obsessivo-compulsivo.

Vai que pode até ser um charme ter uma maniazinha qualquer para chamar de sua, um “it”, uma marca de personalidade. Se até o Rei Charles III, entre outras, não dorme sem o seu ursinho de pelúcia, porque é que nós, pobres plebeus e mortais, não podemos ter uma listinha nossa? Tudo bem que a gente não pode fazer igual a ele, dar nem motorista nem babá para os nossos fofinhos, mas cá entre nós: você tem uma dessas adoráveis pelúcias por aí, não? Talvez não durma com ele, ou o leve para viajar, mas que algum brinquedo deve acompanhar sua vida, não duvido.

Já que estou nesse assunto, vou listar mais umas manias dele, do rei do Reino Unido, para você também se sentir melhor e mais normal (funcionou para mim): pijamas e cadarços passados diariamente; O rei não viaja sem seus móveis, Charles costuma enviar sua cama, alguns de seus móveis, fotos e enfeites para onde ficará hospedado, assim como vaso sanitário e o papel higiênico da marca que usa; seus camareiros devem deixar na escova precisos 2,5 cm de pasta de dente, de forma centralizada e simétrica poucos minutos antes que ele vá usar; muda de roupa ao menos cinco vezes ao dia. Não, não sei quantos banhos toma, se toma. Se descobrir, depois conto, que esses detalhes acima foram contados à boca pequena por quem já trabalhou no Palácio. Também vou tentar descobrir se já há relatos ou fofocas das manias da nova rainha consorte, com muita sorte, Camilla Parker. Deve ter alguma.

Mas o ponto central é que tive curiosidade de saber quais são algumas das manias de meus leitores. Vou declarar duas das minhas, para a conversa fluir, que considero coisas até vindas da infância. Uma delas é minha indefectível caneca de sopinha de café com leite ou chocolate quente antes de dormir, para a barriguinha ficar quente. Sopinha, porque mergulho três ou quatro biscoitos cream cracker. É hábito. É mania? São muito próximas as duas coisas. Outra é dormir com alguns travesseiros ou almofadas, não só para a cabeça, mas me aconchegando, ao redor, como se fosse um ninho. Fica um ninho de mafagafos, mas a mafagafinha sou eu mesma. A minha gatinha também se acomoda por ali e às vezes até demoro a encontrá-la no meio de tudo, branquinha que é.

Conheço hábitos e manias de muita gente, mas vou ter de declinar alguns porque certamente eles se reconheceriam e poderiam não gostar da revelação. Tem cada um! Mas já namorei um que não dormia de jeito nenhum se o lençol não estivesse bem preso no pé da cama, e ficava irritado se se soltasse. Outro que, incrível, não se mexia durante todo o sono, de barriga para cima, dali saindo impecável quando acordava. Tem um maluco por perto que é capaz de voltar para casa imediatamente, por exemplo, se esqueceu de por seus anéis – já voltou até da estrada por conta disso.

A mania/ hábito de limpeza também necessariamente não é nenhum tipo sério de Toc. Uma grande amiga vai rir quando ler que lembro bem: esterilizava a banheira da casa de praia esfregando fortemente com álcool na dúvida se alguém estranho tivesse passado por lá. Tudo bem que de vez em quando a gente lavava a Banzai, nossa vira latinha, ali, confesso, e ela ficava doida. Também nunca deixava de ter uma caixa de fósforo por perto no banheiro, acho que até hoje, que nunca mais perguntei, sabe como é? Neutralizar cheiros. Nessa linha, eu de novo, lembrei: não sei tomar banho sem lavar os cabelos.

Enfim, entre manias e hábitos achamos superstições, encanações, viajamos numas coisas bem esquisitas, mas daqui de meu “consultório” diagnostico que nada é mesmo grave. É coisa particular de cada um que vem de infância, traz sensação de segurança, faz parte da nossa personalidade e, fundamental, não faz mal a ninguém. É coisa boba, normal, porque a gente apenas gosta daquilo, e também não vai morrer se vez ou outra falhar.

Me conta qual é a sua? Que rei é você?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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