Sábado, 29 de outubro de 2022 - 07h05
No que você aposta? A gente passa a vida apostando em algo, pode até
ser com a gente mesmo, com o tal íntimo. Entre uma coisa e outra. Um caminho ou
outro. Em alguém. Se vai conseguir ou não. Ganhar ou perder, eis a emocionante questão.
Não é por menos que nos últimos tempos têm proliferado,
inclusive por aqui- e já era mania no exterior – esses sites e aplicativos de
apostas, que ainda não consegui ter certeza se são bancos, se são sérios, se
logo saberemos seus intentos. Por enquanto, ao menos que eu saiba, ainda só na
área de futebol, mas não vai demorar muito para oficializarem apostas como esta
que estamos fazendo agora em nosso futuro, quem vai levar o Brasil. Tudo
virando um imenso sim ou não. Roleta russa, quase. Muita coisa em jogo.
O problema, e grande possibilidade, é que acabemos nos
tornando completamente viciados nessas divisões, no país fragmentado de agora,
aconteça o que acontecer. Já pensaram se a moda pega? Tudo dá aposta. Vermelho
ou verde e amarelo? Já não é mais final de novela, ficção, o “quem matou Odete
Roitman”? Tem reality pra dar e vender, e a cada dia sendo criadas novas formas
de influenciar resultados.
Não vai demorar para que cheguem aqui as tais milionárias
bolsas de apostas, aliás que por aí já devem estar bombando para a Copa do
Mundo. Detalhada, não só para quem vai ganhar ou não. Quantas vezes Neymar vai
cair em campo gritando e se contorcendo todo a qualquer esbarrão? O mais novo
escândalo da FIFA (ou CBF)? Alemanha? Argentina? Brasil? A Copa no Catar, com
todas as idiossincrasias da região, vai dar certo? Mil possibilidades de
apostas.
Fico imaginando também o número de apostas que vêm sendo feitas nos cantinhos, esquinas e mesas de bar sobre esse segundo turno presidencial, e acho até que não é por menos que a disseminação de fake news e tentativas de intimidação estão bombando, recordes. Obviamente que ninguém quer perder. E se for aposta a dinheiro, e quase todas as emocionantes o são, então, aí a coisa vai mais longe. Imaginem esses seres que apostaram milhões (contribuições eleitorais não deixam de ser apostas) nos candidatos, especialmente nesse aí que adoraria nos infernizar por mais quatro anos. Se ganharem, quem apostou espera ganhar muito – inclusive dentro do governo e se fazendo lembrar logo na hora seguinte. Ou acaso vocês pensam que essa loucura que vivemos é apenas ideológica? Aposte que não.
Apostar vicia. Perdendo, aposta-se até ganhar. Ganhando, se
testa até onde vai a sorte. O Brasil tem amplo potencial apostador. Apostamos há
décadas que um dia o país vai tomar jeito! Imagine se não. Aliás, aposta aqui é
truco certo.
Conheço quem tenha muitas vitórias e acertos, mas eu nunca
fui premiada em nada, pelo menos que me lembre. Ainda acho estranho passar na
frente das lotéricas e ver aquelas filas enormes principalmente em dias que o
prêmio acumulou. Gente que muitas vezes deixa de comer para apostar. A parte
mais legal é quando essas pessoas são entrevistadas e começam a listar o que
vão fazer com o prêmio. Ali, todo mundo é bonzinho e vai ajudar a família, os
amigos. Deus tá vendo! Sonhar é bom, apostar nem tanto. “Não trabalha não pra
ver”, cansei de ouvir de meu pai. Mais jovem, ele gostava de apostar em jogos
de cartas. Um dia parou, completamente, creio que deve ter perdido ali algo
pesado. Nunca soube o que houve. Mas deve ter sido sério.
Em geral apostas podem não ser nada saudáveis, inclusive
para as famílias – muitas veem tudo ser perdido do dia para a noite em bancas.
Melhor mesmo ficar só com as apostas bobinhas, que não fazem mal a ninguém,
muito menos a nós mesmos. Melhor desafiar-se a si mesmo.
Pensando bem, nesse momento, e a esta altura do jogo,
jamais apostaria de verdade em um ou outro, embora, claro, tenho minha
preferência. Acredito que não peguei esse hábito – pelo menos não a dinheiro, e
menos ainda com outras pessoas – por causa da ansiedade que me abala muito,
sempre, até que algo se decida. Detesto perder. Já gostei muito mais de torcer
pela vitória de uma coisa ou outra, mas na maturidade, e dependendo do tema, já
vivi bastante para saber exatamente que nada – muito menos a política - vale a
pena sofrimento, aposta radical, sacrifício, queimar meus lindos dedinhos no
fogo.
E você, anda apostando muito? Par ou ímpar? #EleSim ou
#EleNão? Vai ou racha?
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MARLI GONÇALVES – Oposição ao que é ruim, seja de que lado
for. Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de
Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora
Contexto. (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
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Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n