Sábado, 16 de novembro de 2024 - 08h04
Já não bastasse a semana que já vinha estranha
aqui e no mundo, de repente mais surpresa, boom!, o homem vestido meio que de
coringa se explode, não sem antes explodir e deixar outras bombinhas escondidas
por Brasília. Até na gaveta que sabia que os policiais procurariam, salvos
foram pelo robozinho que a abriu. Fanatismo mata, a gente vem avisando faz
tempo.
Uma tosse horrorosa, constante, seca, daquelas que vai
sugando a energia. Mais uma praga de saúde que está solta pegando muita gente,
e me pegou também. Derrubou. A dor de cabeça estonteante. O cérebro
congestionado. Uma semana assim e agora tentando alinhar que não faltaram
motivos para somatizar mais ainda e a demora para a recuperação. O noticiário.
Daqui, do mundo. A notícia da morte repentina de uma amiga e grande
colaboradora, Laurete Godoy, além de uma mulher maravilhosa, a maior
conhecedora da vida e obra de Santos Dumont, gentileza e espiritualidade
positiva em pessoa. Baque.
Aí, em meio às anunciadas decisões de Trump que já
entorpecem o ano que vem quando tomar posse, o desequilíbrio geral, social e
econômico da nação, no começo de uma noite que tinha tudo para ser ao menos
rotineira, a notícia das explosões em Brasília, o corpo despedaçado diante da
estátua da Justiça, o corre-corre. Talvez vocês não tenham noção de como esses
acontecimentos abalam a nós, jornalistas, mesmo que não estejamos em meio aos
fatos. Por hábito. Deve ser também assim com economistas e os abalos das moedas
e bolsas. Dos engenheiros com os desmoronamentos. Dos cientistas ao saber do
avanço dos negacionistas. Dos pacifistas com mortes diariamente contadas às
dezenas em guerras esquecidas pelos cantos.
Não é de hoje que alertamos que muitas coisas estão fora da
ordem, vindas de todos os lados, e de alguma forma praticamente todas ligadas
ao que se pode chamar de fanatismo, político, religioso, seja lá sua origem. O
exemplo do estranho homem bomba-bombinha, que resolveu deitar o cabelo em uma
delas se imolando depois do show não poderia ser mais significativo. Um show premeditado
por meses, de alguma forma anunciado sem ter sido levado a sério. Passeando
pelos locais mais emblemáticos da Capital Federal com seu chapeuzinho. Tirando
e postando fotos sorridentes, historiando seus planos, finalizados com fogos de
artificio em noite chuvosa. No qual foi ele a maior vítima, desde sempre.
Buscou deixar um papel de figurante, igual à mocinha que participou da cena da
novela por segundos e que viralizou, obrigando que a conhecêssemos.
Agora conhecemos o figurante Francisco Wanderley Luiz, o
que desejava matar ministros, sua vidinha toda escarafunchada, a família
destruída, os amigos pasmos como aquele homem e sua vida comum transformou-se
num terrorista fracassado estendido no chão, símbolo do golpismo, da escalada
de ódio crescente, dos erros de várias partes da História, inclusive dos
poderes e equívocos da Justiça que atacou sem boa pontaria naquele começo de
noite. Era uma noite fria e tempestuosa, diria o Snoopy.
Penso que ele nem se atinou, com seu ato embandeirado em
verde e amarelo - no calendário que planejou - na grande reunião de líderes
mundiais no G20 no Rio de Janeiro, na mesma época. Nem mesmo na data de
Proclamação da República, dois dias depois. Seu pensamento estava apenas ali,
no alvo que desenhou. Deixou o carro explodir no estacionamento do Congresso.
Ponto. Correu para continuar suas traquinagens, gastou seu dinheirinho
construindo bombas, alugando um quartinho, um trailer de onde durante meses
alimentou seu plano. Estava sozinho nessa? Maluco? Extremista? Ou Coringa
tropical? Vamos sabendo mais com o avanço das investigações. O que se tem
certeza: mais um fruto do fanatismo que tanto alertamos, crescente, perigoso, e
que tem aparecido com frequência, mas só quando estoura.
Na tal semana difícil, contudo, ele explodiu junto outros
assuntos importantes como a escala de trabalho que estava sendo discutida,
assim como os cortes nos gastos governamentais, e, por incrível que pareça, a
outra insanidade do assassinato à luz do dia, na frente do maior aeroporto do
país, do delator do PCC, fuzilado, e que acabou fazendo ainda mais uma vítima,
um motorista de aplicativo.
O que estamos virando?
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n