Sábado, 24 de junho de 2023 - 10h18
Saiu, não, na verdade, que ainda está saindo, e não é coisa boa. A gente agora vê uma parte bem legal, o povo nas ruas, feliz, voltando às festas, sorrisos à mostra sem máscaras, corpos juntos, aglomerados, coloridos e diversos, o fim de tantos bloqueios da danada da pandemia. Legal. Mas, e sempre tem o "mas", lembram que achávamos que sairíamos dessa muito melhores?
Não diria que sinto decepção,
porque sempre fui bastante cética a respeito desse assunto, talvez por perceber
quase desde sempre a natureza humana, suas idiossincrasias, observando
bastante, me preparando, até para evitar sofrer tanto.
Tudo bem que nem adianta, porque
a cada baque apenas aprendemos como tudo pode ir infinitamente bem mais fundo,
vide agora o submarino e os tripulantes lá no fundo do mar fazendo companhia
aos restos do Titanic. Alguns milhões de dólares gastos numa aventura por
algumas horas para milionários. Mais uma. Só que essa, ao contrário dos
passeios espaciais de minutos, aquela olhadinha do lado de fora da Terra, não
deu certo. Não é como o padre sonhador voando com seus balões mágicos.
O que chama a atenção é a busca
contínua e insana por feitos e coisas exclusivas, muito além de bolsas e roupas
de grife; cada vez mais e mais, de forma a reafirmar o poderio econômico nesse
mundo tão cheio de disparidades. Muito além dos esportes de aventura que
desafiam o corpo humano, mas que servem à Ciência, testando os limites
possíveis. Muito além, inclusive do que esses dólares poderiam fazer se
aplicados aos estudos que pudessem evitar a eclosão de novas pandemias, novas
interrupções de tantas vidas, sonhos, futuros – outra tenebrosa e possível
pausa obrigatória. A luta contra vírus, bactérias, insetos, muito do invisível
e do visível.
Não se preocupem que não vou - e
nem saberia como fazer isso com precisão - calcular quantas casas populares,
pratos de comida, etceteras poderiam ter utilizado essa grana toda dos passeios
dos ricos em prol de ao menos mais pessoas, um teco da humanidade. Aponto
apenas como mais um fato de como, mesmo depois da mortandade que assistimos e
sentimos, o egoísmo prevalece. Isso sem contar alguns outros bons dinheiros
gastos nas tentativas de salvar essas pessoas de suas próprias maluquices.
Assim também de alguma forma é a
guerra mais visível do momento, ultrapassando quase um ano e meio. Os
milionários aventureiros mortos, que eu saiba, não eram das indústrias de
guerra, que estes se mantém ocultos, quietinhos, apenas contando ganhos com
balas para lá e para cá, tanques, mísseis, seus brinquedinhos mortais que
alimentam o ódio, o horror. Uma guerra que a poderosa Rússia começou em plena
pandemia, e que acabou chamando o mundo todo para dançar com ela, de um lado ou
outro. Os senhores da guerra e seus investidores agradecem passando a mão em
suas generosas barrigas, juntos, fumando charutos em algum lugar bem protegido.
O desperdício – a palavra-chave -
de dinheiro, de energia, de alimentos, de atenção com as necessidades reais,
retratado em discursos emocionantes, superados por outros dias após dias, ainda
é a marca do que está saindo disso tudo.
Não sei se exatamente por medo,
por perceber a fragilidade e as surpresas da vida, por oportunismo ou
insensibilidade, se pelo imediatismo, parece que todas as promessas de que
seríamos melhores foram mesmo esquecidas em algum canto por aí. No espaço.
Afundadas no oceano. Explodidas no ar ou atingidas por disparos.
A esperança? Ah, essa foi vista
batendo a cabeça por aí.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista,
consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no
Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na
Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
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