Sábado, 6 de abril de 2024 - 08h00
Que gracinha... creio, diria muito, irônica,
repetiria muitas e muitas vezes e a toda hora a nossa inesquecível Hebe Camargo
ao saber de cada uma dessas coisinhas que acontecem por aqui e que querem que
aceitemos como naturais e certas. Hebe não está mais entre nós com aquele seu
jeitinho que chegava a ser engraçado de falar engraçado coisas sérias. Mas nós
estamos. Então, “que gracinha!”
Foram me chamar, eu estou aqui, o que que há?
“Que gracinha”, não? Ela diz que vai apoiar a reeleição do
atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, mas jura de pés juntos que não sobe
nem chega perto do palanque onde estiver o ex-presidente Jair Bolsonaro, por
acaso, vejam só, um dos maiores apoiadores de Nunes, que agora segue cercado de
bolsonaristas, e onde quer que este vá, indômito, desafiando até a Justiça,
como fez recentemente para entregar à Dona Michelle Bolsonaro um título de
Cidadã Paulistana (!) usando (e conspurcando) a estrutura do Theatro Municipal
de São Paulo. E tudo fica por isso mesmo.
Quem é essa gracinha? A atual ministra do MDB, Simone
Tebet, do Planejamento e Orçamento do Brasil que há meses faz cara de boa
gente, e ocupa um importante cargo no Governo Lula 3, obviamente o maior
adversário disso tudo. A ponto de Lula ter trançado uns pauzinhos para trazer
de volta ao PT a Marta Suplicy, de forma que essa possa ser candidata a vice na
chapa de Guilherme Boulos, do PSOL.
Tebet acha mesmo que convence? A quem? Que ela olhe bem,
porque no tal palanque vai estar cheio de gente de amarelinho recitando as
barbaridades de costume. E vai encontrar com outro “gracinha”, Tarcísio de
Freitas, o Governador “tô nem aí”, que também se esmera faz tempo andando da
esquerda pra direita. O palco completo.
Que gracinha, cada fala estouvada do presidente Lula, outro
que anda numa corda bamba de dar dó para parecer neutro: hora sai na defesa do
Maduro, o ditador na Venezuela; hora faz alguma criticazinha sem mover uma
palha. Manda beijos e abraços para Putin, e se esquiva como pode de perguntas
sobre essas duvidosas “democracias”. Abaixo de seus pés deixa aliados fervendo
em caldeirões, estimulando brigas e fofocas para poder mudar aqui e ali a
equipe, e tentar ver se melhora um tiquinho a sua aprovação pública que não
anda lá essas coisas.
A gente vai escutando. Aliás, escutando só, não. Que a
turba faz é barulho nas redes sociais, onde quer que a gente tente se informar.
Cada um puxa a corda para um lado, como se houvessem, repito, só dois lados e
uma corda. A nova mania é querer obrigar.
Exemplo? O filhote mais novo de Lula, que também há anos
vive envolto em polêmicas, agora foi denunciado por violência doméstica contra
a sua companheira. Ruim. Péssimo. Mas os bolsonaristas soltam fogos de alegria,
acham lindo ver o circo pegar fogo, como se esse horror justificasse os
conhecidos horrores do pai e dos Filhos do Capitão, 01, 02, 03,04.
O que me irritou mesmo foi a provocação “nhem nhem nhem”:
onde estão as feministas agora?”
Oiê! Estamos aqui. Bem atentas.
Foram nos chamar, estamos aqui, e em defesa de todas as
mulheres que forem vítimas de violência, de ataques, sejam elas quem forem. O
feminismo é um movimento histórico, importante, sério, de luta e libertação, e
acima dessas picuinhas que, em geral, claro, são criadas por homens. Você pode
ser feminista, e deveria, em todas as instituições a qual pertencer, sociais,
políticas ou religiosas. Não se calar é a palavra de ordem.
Dito isso, aliás, o caso do filhote de Lula está sendo
tratado na Justiça, que já concedeu medidas protetivas à ex-mulher e outras
ordens. Leiam os jornais sérios. Está tudo lá, e se quiser um pouco de fofoca,
tem também, nos portais, entrevista da vítima contando detalhes da barafunda.
Para terminar, mais um “que gracinha”! Um caso tumultuado.
O riquinho motorista da Porsche assassina, que jura que não tinha bebido antes
de pegar a direção e se envolver no acidente que matou um motorista de
aplicativo e feriu gravemente o seu próprio amigo também. Tirado do local pela
mamãe, só apareceu na delegacia com cara de nada dias depois. E dias depois, todos
os dias, aparecem testemunhas contando dos bons drinques que ele teria
ingerido. Tudo muito mal explicado. Enganam quem? Sempre para confundir, essas
gracinhas.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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