Sábado, 17 de fevereiro de 2024 - 08h05
Vai, vai, vai, vai, não vou... Mais uma coisa bem
chata para acompanhar esses próximos dias, como se ainda faltasse programação,
além de tictacs, toctocs e a captura de dois fugitivos lá no Rio Grande do
Norte: a listinha de confirmações, os convidados para o palco da festinha
dominical temporã e sem noção programada para causar tumulto na Avenida
Paulista daqui a alguns dias. Quem vai ter coragem de mostrar a carinha?
Não que ainda seja necessário, haja dúvidas, porque a cada
dia estão mais claras e comprovadas quais foram as intenções, os participantes
e simpatizantes da tentativa de golpe e perpetuação no poder do grupo do
ex-presidente Jair Bolsonaro. O que causou as balbúrdias e o vilipêndio dos
símbolos nacionais, os mesmos que novamente querem que sejam usados como
uniforme de identificação. Será a tentativa de defesa do indefensável. Mais uma
aposta na divisão do país que há mais de um ano tenta se reencontrar em paz
novamente. Mas está difícil.
Repito que estamos em busca do tempo perdido, sem a poesia
de Proust. As ervas daninhas continuaram a crescer, e ao que parece cada vez de
forma mais desordenada de todos os lados. Redes sociais agitadas, robôs em ação
espalhando fake news e discursos para confundir aqueles que não sabem de todas
as coisas da política.
Qual desfile veremos na avenida? Que outras cores? Do outro
lado, torcidas organizadas de vários times garantem presença no mesmo dia e
hora, em defesa da democracia atacada. Coisa boa daí não sai.
Enquanto isso o homem que virou xerife, há de ser dito, dá
ordens também estranhas, ultrapassando os limites jurídicos do poder que vem
concentrando em suas mãos e criando, assim, mais uma divisão. Distribui sentenças
de mais de década a uns coitados usados pelos poderosos como linha de frente da
destruição de 8 de janeiro, enquanto os mandantes e influenciadores continuam
por aí atrás, inclusive, de angariar mais incautos que se rebelem por eles.
Tudo fica mantido: o que posa de coitado para se manter em destaque. O que se
destaca para continuar impune. Os que aparecem como salvadores perdendo as
oportunidades com o tempo correndo, quando tudo poderia já estar caminhando
melhor, incluindo aqui as falas e atos do atual presidente.
Vai-Vai é nome de escola de samba, inclusive a que este ano
trouxe uma ala infernal que irritou a polícia ao retratá-la violenta no que é
quando empunha escudos. E a questão diariamente até lá será: quem vai, quem não
vai? Como se comportará a plateia de mais esse show de horror?
Mais dias ainda de o Brasil acompanhar a captura dos dois
fugitivos da prisão de segurança máxima em Mossoró, RN. Não podia acontecer,
mas aconteceu. Parece que esqueceram que preso – em qualquer lugar que seja - só
pensa em fugir, maquinando ou aproveitando qualquer chance ou oportunidade, e
no caso parece que algumas ajudaram - inclusive a inépcia da segurança cheia de
buracos do local, apenas agora identificada, embora realmente seja mesmo
estranho segurança máxima sem muros, só com telas. Se capturados, ouviremos
desculpas e requintadas explicações.
Temos um arrastado ano eleitoral pela frente, onde qualquer
detalhe será usado para se jogar no tabuleiro.
Pior é não faltarem detalhes, porque de sobra há tempo perdido
em todos os setores. Enfrentamos uma epidemia de dengue, sem vacina para todos;
vacina, entre outras, contra Covid, ainda demonizada pela ignorância que não se
satisfez com as milhares de mortes, o que contribui para que a doença ainda
esteja aterrorizando a todos.
O país do Carnaval busca enredos cada dia mais difíceis de
serem compreendidos, e o samba com certeza vai desafinar. Lembro bem - e a
tempo - de um trecho de “O Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinicius de
Moraes:
“... O homem que diz dou (não dá)/ Porque quem dá mesmo
(não diz)/ O homem que diz vou (não vai)/ Porque quando foi Já não quis/ O
homem que diz sou (não é)/ Porque quem é mesmo é (não sou)/ O homem que diz 'tô
(não 'tá)/ Porque ninguém 'tá” Quando quer/ Coitado do homem que cai/ No canto
de Ossanha traidor...
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n