Domingo, 18 de novembro de 2007 - 10h27
MONTEZUMA CRUZ – Medida fortalece o extrativismo e permite a valorização dos produtores de áreas do Baixo Madeira. O açaí, fruto originário da Amazônia, terá certificado de qualidade, anunciou o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que atua em seis estados. A safra rondoniense está estimada em cerca de 40 toneladas por ano. Segundo o coordenador da Associação de Desenvolvimento da Agroecologia e Economia Solidária (Ada Açaí), Silvano Matias Gomes, a certificação permitirá a agregação de valor ao produto do agricultor familiar. “O consumidor passa a ter a garantia dessa qualidade, já que muita gente consome açaí e não sabe como ele é produzido”, comenta Sérgio Cunha, da organização não-governamental Rio Terra.
Os açaizeiros da região do Baixo Madeira, Cuniã, São Carlos, Cuniã e Cujubim Grande foram contemplados com uma certificação socioparticipativa, anunciou o GTA durante um seminário promovido na semana passada, no auditório da Emater em Porto Velho.
Presente no encontro, o agricultor Elias de Souza Batista, de Nova Mamoré (na rodovia Porto Velho-Guajará Mirim) lembrou que cerca de trezentas famílias dependem do extrativismo. “Esse selo vai abrir muitas oportunidades para nós todos”, ele disse. Já na região do Baixo Madeira, 600 famílias dependem da atividade. O Seminário de Certificação Socioparticipativa decidiu que o GTA vai acompanhar o sistema produtivo em Rondônia, orientando os agricultores naquilo que necessitarem. Esta é a melhor notícia dada pela Secretaria da Agricultura de Rondônia, depois das denúncias de casos de contaminação do fruto pelo barbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas.Nos casos comprovados, o inseto fora triturado junto com o fruto.
Cientista do Acre recomenda cuidados
RIO BRANCO – O cientista Evandro Ferreira, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) no Acre, mestre em botânica no Lehman College, de Nova Iorque, recomenda cuidados. As informações a seguir estão em seu blog Ambiente Acreano.
■ No Acre ocorrem três espécies nativas e uma é cultivada, o açaí-de-touceira (Euterpe oleraceae). As espécies nativas são o açaí solteiro (Euterpe precatoria), o açaizinho da Serra do Divisor (Euterpe longivaginata), e o açaí das campinas da BR-307 (Euterpe catinga), nas cercanias de Cruzeiro do Sul.
■ O açaí que a maioria das pessoas consome no Acre é feito a partir de frutos do açaí solteiro. Particularmente acho o seu sabor muito superior ao do açaí elaborado com os frutos do açaí-de-touceira, nativo da Amazônia Central e Oriental.
■ O botânico alemão Martius, quando batizou de 'Euterpe' o gênero que engloba todas as espécies de açaí, se inspirou na cultura grega. Escolheu o nome de uma das nove musas de Apolo. 'Euterpe', que pode ser traduzido como "eu dou prazer", é a musa da música e da poesia lírica, e também a musa do prazer e da felicidade. Com certeza, Martius teve a oportunidade de provar o açaí quando passou por Belém nos idos de 1820.
■ É preciso cuidado na hora de comprar o "vinho" de açaí. Entendo e conheço da cadeia produtiva do açaí e recomendo o seguinte: 1. Sempre procurar comprar açaí de marca comercial conhecida e que na embalagem apresente data de validade e esteja sujeito à inspeção sanitária durante a sua elaboração; 2. Evite comprar açaí com prazo de validade superior a três dias e também não compre quando ele está no seu limite de validade; 3. Sempre compre açaí em locais onde o fruto é armazenado em condições adequadas, ou seja, em balcões refrigerados. Prefira os supermercados ou lojas especializadas em polpa congelada; 4. Acima de tudo, evite comprar açaí feito na hora, nesses lugares na beira da rua ou mesmo no mercado.
■ Embora proibida em Rio Branco, a venda e comercialização do açaí feito na hora é regularmente praticada de forma explícita no Mercado do Bosque. Evite aquele lugar, prefira o pessoal do mercado Elias Mansour, que vende o produto processado em ambientes (teoricamente) mais higiênicos. No blog, o cientista também faz considerações a respeito da água mineral. Seu veredito: ela não garante açaí livre de contaminação.
Tem poderes anticancerígenos
SÃO PAULO – Mais uma indicação do potencial anticancerígeno do açaí acaba de ser anunciada. Um grupo norte-americano publicou artigo no Journal of Agricultural and Food Chemistry em que descreve como os antioxidantes contidos no açaí conseguiram destruir células cancerosas.O estudo mostra que os extratos do açaí foram capazes de estimular a destruição de até 86% das células de leucemia testadas.
“O açaí é considerado uma das mais ricas fontes de antioxidantes e esse estudo representa um importante passo no sentido de entender os possíveis ganhos com o uso de bebidas, suplementos dietéticos e outros produtos feitos com o fruto”, disse Stephen Talcott, professor do Instituto de Ciências Alimentícias e Agrícolas da Universidade na Flórida, em comunicado da instituição.
O pesquisador ressalta que os resultados não significam que o fruto possa prevenir leucemia em humanos. “Nós trabalhamos com um modelo de cultura celular e não queremos dar falsas esperanças a ninguém. Mas os resultados encontrados até o momento são encorajadores, pois compostos que mostram boas atividades contra células cancerosas em modelos em laboratório têm potencial para oferecer efeitos benéficos no organismo humano”, disse.
Talcott lembra também que estudos anteriores indicaram a capacidade de destruir células cancerosas de antioxidantes contidos em outros frutos, como uvas, goiabas e mangas. Segundo o pesquisador, ainda não se sabe muito bem quais são os efeitos dos antioxidantes em tais células no organismo humano, uma vez que fatores diversos como absorção de nutrientes, metabolismo e outros processos bioquímicos podem influenciar a atividade dessas substâncias.
Fonte: Montezuma Cruz - montezuma@agenciaamazonica.com.br - Agenciaamazonia é parceira do Gentedeopinião
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