Passei boa parte do domingo lendo edições acumuladas nas duas últimas semanas de O Liberal e Diário do Pará. Até poucos anos atrás, era um exercício que me dava prazer.
Lendo do mais recente ao mais antigo exemplar, podia-se ter uma visão remissiva, mais penetrante e correta do cotidiano. Isso, se a fonte de consulta oferecer qualidade na cobertura do dia a dia, registrando os fatos mais importantes, dando continuidade à cobertura enquanto o assunto não se esgotar e mantendo uma pauta de reportagens atualizada.
Ao fim da jornada de leitura deste domingo, a conclusão é frustrante e desanimadora. Eu continuaria atualizado e em dia com os acontecimentos mesmo se não tivesse lido as edições dos dois principais veículos da imprensa do Pará. Eles nada acrescentaram ao que eu já sabia de relevante sobre esse período.
O material é burocrático, extremamente superficial, atado à agenda destilada pelas agências e assessorias de imprensa e relações públicas. A reportagem, em regra, é a notícia mais longa, esticada, rebarbativa.
É me sentindo infeliz que faço essa observação. Desde bem menino, me acostumei e mantive um grande prazer na leitura dos jornais, que comecei a acompanhar ainda na década de 1950, no seu finzinho. Menino, o que mais me atraía na Folha do Norte, líder disparado do mercado, eram as pequenas notícias, destacadas em negrito (ou borradinho, como se dizia na redação) sobre os resultados dos jogos de futebol fora de Belém, sobretudo na capital federal, o Rio de Janeiro. E os suplementos, sobretudo as seções de curiosidades e de conhecimentos enciclopédicos.
Morando no Rio e em São Paulo, lia todos os jornais importantes em cada uma das duas maiores cidades do país. De volta a Belém, ia ao aeroporto aos domingos para pegar os jornais do sul, que recebia nos dias de semana, distribuídos por R. Nazareth para assinantes.
Nos Estados Unidos, as leituras de maior fôlego no domingo exigiam força muscular para carregar as imensas edições desse dia. Ficava lendo, anotando e recortando desde o fim do almoço até a noite avançada. Cansado, mas satisfeito, recompensado.
É tão pobre a leitura de hoje, ilhados que ficamos em relação aos maiores jornais do país, os impressos em papel, que dá vontade de por fim à era de aprendizado e prazer que as folhas impressas nos proporcionavam. Mas ainda insisto. Até quando?
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Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)