Terça-feira, 15 de janeiro de 2008 - 17h24
MONTEZUMA CRUZ (BR-317, AMAZONAS) – Domingo, 14h30: cargas de gêneros alimentícios, medicamentos e passageiros dos ônibus da empresa Real Norte estão parados no Km 80. Em fila, motoristas e caminhoneiros olham para o barro, para o céu e para a floresta. Alguns blasfemam, outros se queixam de fome e sede. Sem qualquer socorro, os usuários da BR-317 param entre os dois lados da Reserva Indígena dos Apurinãs, entregues à própria sorte no Sudoeste Amazônico. As propriedades rurais ficam distantes dali.
Chove regularmente e os atoleiros vão se multiplicando na rodovia federal de 208 quilômetros que liga Rio Branco, capital acreana, ao município de Boca do Acre, na Região do Purus. Três caminhões da Distribuidora Coimbra com cerca de 60 toneladas de cargas impedem a passagem de outros veículos. Os condutores se embrenham, buscando contornar os trechos precários. Nem todos conseguem êxito na manobra e voltam ao atoleiro.
Em 48 horas, o taxista Delcides Dantas de Paiva, 34 anos, vive mais uma experiência nos seus 12 anos de profissão. "Ontem (sábado), vi crianças e mulheres famintas aqui nesse trecho", relata. O taxista transporta semanalmente pessoas doentes para os hospitais e Rio Branco. A única ambulância de Boca do Acre também utiliza a estrada.
Neste começo do inverno amazônico, a estrada fica novamente intransitável. Não há um só trator, nem patrulheiros rodoviários nos trechos enlameados. Por isso, ninguém sabe a que horas prosseguirá viagem. "A gente conta que a situação é essa, mas eles não acreditam", lamenta o motorista José Rios, 37. Segundo ele, os patrões ignoram seus relatos e desabafos.
A partir da divisa entre os dois estados, a situação muda. A viagem é tranqüila numa das rodovias mais modernas da Amazônia.
Cidade-entreposto depende da estrada
Araújo: região do Purus depende do Acre /M.CRUZ
BOCA DO ACRE (AM) – O abastecimento de Boca do Acre, 38 mil habitantes, depende dessa estrada. A cidade banhada pelo Rio Purus situa-se a 1.280 quilômetros de Manaus, quase seis vezes mais distante do que Rio Branco. Funciona como entreposto de todo o Sudoeste Amazônico. Alimentos e combustíveis são também transportados por embarcações, pelo Rio Acre, em viagens que às vezes demoram mais de dez horas.
"Nada mais justo que asfaltar logo o trecho da BR-317 no Amazonas", cobra o empresário Sebastião Araújo 65, um dos diretores do Varejão Araújo. "Nossa cidade é totalmente dependente de Rio Branco; se hoje for feito um plebiscito aqui, o povo vai preferir pertencer ao Acre", ele opina. No mês passado, o Governo do Acre inaugurou 90 quilômetros de asfalto da rodovia.
Faltam 110 quilômetros para completar a pavimentação. Um pequeno trecho já está pronto, perto de Boca do Acre. No lado amazônico, a sucessão de buracos e atoleiros contrasta com os trechos em boas condições de tráfego. O gado magro dos índios Apurinã do Km 45 está solto nas margens da BR-317. A cerca de dez quilômetros do maior atoleiro, uma voçoroca medindo dez metros e largura por dez metros de profundidade ameaça o leito da rodovia. Começou há quatro anos e, conforme conta Delclides Paiva, já serviu para a desova de dois corpos de ladrões de fazenda, mortos a tiros em 2007.
Delclides transporta doentes para os hospitais de Rio Branco /M.CRUZ |
Sede e fome às margens da Reserva dos Apurinãs /M.CRUZ |
Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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