Duas semanas atrás, andei de metrô de superfície entre Novo Hamburgo e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Vagões cheios, pessoas educadas, os idosos sempre dispondo de seus lugares no trem. Repeti três vezes o trecho.
Testei também o confortável ônibus circular da Wendling Transportes, entre Dois Irmãos, na encosta da Serra Gaúcha, e Novo Hamburgo, no Vale do Rio dos Sinos, a menos de R$ 5 a passagem pela viagem de 12 quilômetros.
Não exageraria em repetir a máxima do "transporte de primeiro mundo", porque o metrô é uma "obra sem fim" sempre carente de novos investimentos, como dizia o saudoso senador mineiro Eliseu Resende. Metroviários da Trensurb-RS fixaram cartazes nos vagões, denunciando que o estatal investe em segurança, enquanto privado deixa enferrujar o trem.
Andei num trem que atende a 22 estações, totalizando 43,4 quilômetros de extensão, transportando diariamente 228 mil usuários. De dez em dez minutos o usuário dispõe desse trem.
Hoje de manhã, ao esperar meia hora na Rua Andreia, no Aponiã, pela chegada do ônibus do Guajará, rumo ao meu local de trabalho, transportei-me à realidade da planície porto-velhense. E logo rejeitei pensar naquela novela sem fim do consórcio monopolista.
Não quis comparar metrô com ônibus sucateado, porém, demonstrar o quanto o bom transporte urbano funciona quando dispõe de boa frota, cumpre horários e trata o cidadão com o devido respeito.
Parafraseando a música de Erasmo de Carlos, "vi caminhões e carros apressados – e muitos táxis compartilhados também – a passar por mim", embora recusasse a "ficar sentado à beira de um caminho que não tem mais fim". Ou seja, 2019 terminou, 2020 chegou, e o povo, ah! o povo, este é "apenas um detalhe", conforme a ótica daquela ex-ministra bailante do governo Collor de Mello.
Sonho de consumo: que a Prefeitura, o Governo do Estado e a sua Agência de Regulação tenham pulso em chamar a todas as classes de transportadores ao diálogo, cativando investidores a acreditar em Porto Velho, solucionando de vez essa enorme lacuna. Já caminhamos para os 600 mil habitantes, é hora da consciência se abrir e do juízo funcionar.
Ia falar da essencial nova estação rodoviária, mas travo a língua. Uma coisa de cada vez.
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)