Sexta-feira, 4 de maio de 2018 - 12h10
No centro da Praça Rondon, em Porto Velho, o historiador Marco Teixeira, da Universidade Federal de Rondônia (Unir) alerta: “Mesmo esquecido, ele interessa à ciência porque coletou uma variedade de folhas, minerais e animais desta parte da Amazônia”.
É o Dia Nacional das Comunicações. Dia de lembrar Cândido Mariano da Silva nascido há 153 anos, no dia 5 de maio de 1865 em Campos de Mimoso, Mato Grosso.
Entre o quiosque, a banca de revistas e o chafariz seco surge uma gari varrendo o chão e retirando sacos de lixo. E tem muito a fazer, porque a lateral da praça em frente à Avenida 7 de Setembro agora é ponto de ônibus.
Rondônia é o único estado brasileiro que homenageia esse personagem da história.
Caminhando pelo antigo palco de encontros familiares, cultos, celebrações e comemorações diversas, o professor Teixeira propõe o resgate do acervo rondoniano e a confecção de réplicas. “A maioria das peças levadas de Rondônia está eternizada nos Museus Nacional, do Índio, na Biblioteca Nacional e no Exército, no Rio de Janeiro, e no Instituto Histórico de Mato Grosso”, justifica.
O busto do marechal, no meio do chafariz, tem algum significado para Porto Velho e Rondônia. “Vive, porém, ultrajado, desprezado; ainda bem que as garis limpam a sujeira no entorno”.
Mas o Estado, de acordo com o historiador também deve ser constituído por monumentos para que as pessoas tenham referência de sua história e de seus heróis. “Estátuas não engrandecem governantes, mas orgulham o povo” – diz.
O próprio etnólogo e escritor Roquette Pinto merece uma, sugere. “No seu livro com o mesmo nome, esse homem anunciou Rondônia, 40 anos antes do território, porque aqui esteve estudando populações indígenas, linguística e botânica muito antes das primeiras migrações”.
Mencionou exemplos de locais para sua exposição em prédios devidamente recuperados: o antigo Porto Velho Hotel, Palácio das Secretarias e hoje sede administrativa da Unir; Prédio do Relógio [antiga sede da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, Fórum da Comarca e Banco do Estado], Catedral do Sagrado Coração de Jesus, Palácio Presidente Vargas [hoje Museu da Memória], Colégio Dom Bosco, estação ferroviária e armazéns-padrão.
NADA A VER
Por conhecidos desvios, descasos e ingerências populares, esse espaço ganhou apelidos ao logo do tempo: tornou-se conhecido por “praça do Resky” [alusão ao antigo cinema, hoje igreja evangélica] e descambou para a ridícula “praça do baú” [nome de loja comercial já extinta].
Nada a ver mesmo com o homem positivista cujos feitos não se limitam à construção de linhas telegráficas, mas à sua notável coleta de plantas, minerais e restos animais para os quais abriu os olhos a Real Sociedade de Londres. No início do século passado, no posto de coronel, ele comandou as Linhas Estratégicas e Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas.
Em inglês, The Royal Society of London for Improving Natural Knowledge] a Real Sociedade é uma instituição destinada à promoção do conhecimento científico.
TUDO A VER
“O memorial [na estrada de Santo Antônio nº 4863] está bem cuidado e tem condições de ser museu”, acredita o historiador.
“Poderíamos recolher restos de armas, postes telegráficos e outros materiais que apodrecem e enferrujam ao longo de trilhos e da rodovia BR-364”, sugere.
Lembra que o sítio onde se situa o memorial tanto interessa a arqueólogos, antropólogos e botânicos, quanto a físicos, historiadores e naturalistas. Ou seja, um grande espaço de uso cotidiano. A cada mês, pelo menos dois mil pessoas brasileiras e estrangeiras o visitam.
“Poderíamos”. Para se concretizar esse resgate e a subida de mais um degrau para o justo reconhecimento de Rondon, a iniciativa do professor implica recursos. “Quem sabe, uma bancada federal mais atuante possa obtê-los”, aponta.
Para Teixeira, as peças demonstrariam como era a região naquele início de século e melhorariam o leque de ofertas para as salas que guardam o acervo. “É possível incrementar cenas de barcos e acampamentos”, opina.
ZOOLOGIA, MINERALOGIA E MAPOTECA
O historiador acredita que o memorial atualmente com quatrocentas peças, administrado pela 17ª Brigada de Infantaria de Selva, tem condições de recompor parte da futura coleta de peças e de empalhar animais atropelados em Porto Velho. Obviamente, considera-se nesse aspecto a falta de originais. “A réplica é o caminho único e indispensável para o êxito desse trabalho”, assinala.
“Contemplaríamos as áreas de zoologia, mineralogia e a mapoteca, um impressionante conjunto de riquezas”, diz.
Rondon é patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro. Nesse aspecto seu pioneirismo na floresta foi reconhecido: em 2016, no quartel da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, a tropa do 17º Pelotão de Comunicações de Selva perfilou em frente ao busto a estação terrestre Fly-away, conhecida por ETT-FA, um terminal de velocidade média tático integrada que pode ser transportado por avião, helicóptero, jipes ou caminhonetes.
ROQUETTE PINTO E ÁUREO MELLO
Em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia, por sugestão do médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta Edgar Roquette Pinto.
Pinto, membro do Museu Nacional do Rio de Janeiro, participou em 1915 de uma viagem de pesquisas à Serra dos Parecis. Ele denominou o local etnográfico entre as regiões do Juruena e do Madeira [cortado pela linha telegráfica conhecida por Estrada Rondon] de “terras de Rondon”.
O senador Áureo Mello, que nasceu em Santo Antônio do Rio Madeira e viveu em Manaus (AM), foi o autor da Lei Complementar nº 2.521/1956, dando o nome de Rondon a Rondônia.
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